O presidente dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump, sugeriu nesta segunda-feira (14) que poderia isentar temporariamente de tarifas as importações de produtos da indústria automotiva estrangeira – sobretaxados em 25% no dia 27 de março – para dar às montadoras tempo para ajustar suas cadeias de suprimentos.

Donald Trump (Foto: Divulgação)
“Estou buscando algo para ajudar algumas montadoras com isso”, disse Trump a repórteres reunidos no Salão Oval. O republicano disse ainda que as montadoras americanas precisam de tempo para realocar a produção do Canadá, México e outros lugares. “E elas precisam de um tempinho porque vão fabricá-los aqui”, complementou.
A declaração sugere mais um recuo no tarifaço de Trump, tão criticado por especialistas dentro dos EUA e que provocou pânico nos mercados financeiros na semana passada, com tombo nas bolsas e economistas de Wall Street falando em recessão.
Na última sexta-feira (12), o governo americano anunciou a exclusão de diversos eletrônicos como smartphones e laptops das chamadas ‘tarifas recíprocas’. O intuito foi ajudar a manter os preços de produtos populares, como iPhones, mais baixos, especialmente aqueles que não são fabricados no país.
A decisão beneficia diretamente grandes empresas de tecnologia, como Apple e Samsung, além de fabricantes de semicondutores como a Nvidia. Cerca de 90% dos iPhones são produzidos e montados na China. De acordo com o Departamento de Alfândega e Proteção de Fronteiras dos EUA, produtos como celulares, notebooks, discos rígidos, monitores de tela plana e determinados chips eletrônicos poderão ser isentos da tarifa. Máquinas usadas na fabricação de semicondutores também foram incluídas na lista de exceções.
Para o Ministério do Comércio, Trump deu um “um pequeno passo” atrás para corrigir sua ação “ilícita” chamada de tarifa recíproca. O recuo americano veio após a China anunciar, no mesmo dia, um aumento de 125% para produtos americanos.
Ao mesmo tempo em que fala em suspender tarifa para o setor automotivo, Trump mantém impostos de importação da China na ordem de 145%, isentando, temporariamente, os eletrônicos, que terão tarifa de 20%. “Não mudo de ideia, mas sou flexível”, disse Trump na segunda.
Mercado financeiro reage
A “flexibilidade” de Trump trouxe certo alívio para empresas de tecnologia, como a s papéis da Apple, a Alphabet (dona do Google), a Nvidia e a Microsoft, que viram suas ações subirem no pregão de hoje, puxando os índices das bolsas em Nova York para o positivo. O índice Dow Jones fechou o dia em alta de 0,78%, enquanto o S&P 500 ganhou 0,80%. O Nasdaq teve alta de 0,64%.
Por outro lado, esse vai e vem nas decisões de Trump sobre seu tarifaço também alimenta uma sensação confusão sobre suas intenções e objetivos finais. O índice S&P 500 ainda acumula queda de quase 9% neste ano e as taxas de juros dos títulos do Tesouro americano de 10 anos subiram mais de 4%.
No Brasil, Ibovespa – índice da bolsa de valores B3 – fechou em alta de 1,39%, aos 129.454 pontos, e o dólar caiu 0,34%, e vale R$ 5,85.