O Planeta acordou mais pobre, muito mais pobre, neste 21 de abril de 2025. Mais pobre e triste. O Papa Francisco se eternizou, para desesperança dos que ainda acreditavam que o Sumo Pontífice podia, como por milagre, interceder sobre os instintos assassinos de facínoras como Trump, Netanyahu e fantoches pelo mundo afora…

Papa Francisco (Vatican Media)
Não foram poucos os seus sinceros intentos de pôr fim à tragédia humana nos continentes, vítimas da voracidade e ‘superioridade’ das potências mundiais. Ao lado de líderes religiosos e dirigentes políticos estigmatizados, levou mensagem de Esperança e Concórdia a todos os povos. Não se furtou a conversar com os que sempre usaram da intolerância como instrumento de mobilização, como as suas explícitas advertências aos pretensos ‘donos do mundo’ não foram poucas.
Chamou o povo palestino pelo nome e sobrenome. Apertou a mão de dirigentes do Irã, Rússia, Cuba e tantos outros países recriminados por não se submeterem à lógica perversa do colonialismo do século XXI. Alertou para o genocídio em continentes diversos, em especial na África, América e parte da Ásia, em suas diferentes formas e táticas. Até porque o ‘democretinismo’ praticado cínica e hipocritamente pelo ocidente é também uma forma de opressão, apagamento e deslegitimação de povos e de seus direitos.
Em 1962, auge da Guerra Fria, e em 1978, tempos da ‘détente’ entre as duas superpotências, a humanidade viveu esta mesma frustração. Não com o Papa de então — Papa João XXIII e Papa João Paulo I –, mas frustração pela sina de um mundo marcado pela trágica hegemonia dos abutres travestidos de gente, que teimam em levar o caos, a miséria, a opressão e a morte, porque vivem exatamente disso.
Ao escolher o nome de Francisco para seu Pontificado, o então Cardeal Jorge Bergoglio, ao lado do saudoso Dom Cláudio Hummes, deu passo explícito pelos pobres, como bem lhe havia recomendado o ex-candidato a Papa Hummes, derrotado pela ala conservadora, que apoiara o Cardeal Joseph Ratzinger na sucessão do Papa João Paulo II, em 2005. Por razões que a História revelará no devido momento, Ratzinger renunciou ao Pontificado de Bento XVI em 2013.
Neste momento de profunda consternação não só para a população católica, mas para todas as pessoas sinceramente comprometidas ou preocupadas com o futuro da humanidade, é urgente, mais que reconhecer o gigantesco legado do Papa Francisco em seu Pontificado de Luz e Concórdia — a despeito do desvario e da perversidade das poderosas das bestas humanas que levam a morte e a opressão à imensa maioria da espécie humana e todas as espécies viventes –, é preciso que se faça uma inadiável reflexão sincera de nosso rol e de nossa capacidade para cumprirmos uma agenda propositiva e humanista, a fim de darmos uma invertida nesse ciclo vicioso que ameaça desabar sobre o Planeta.
Indiscutivelmente, a eternização do Papa Francisco frustra, por sua partida extemporânea, os amantes da paz, da concórdia, do bem-comum, da justiça social e do amor pelo próximo. Mas o legado, consistente e sábio, desse jovem octogenário de sorriso cativante persistirá em nossas mentes e corações séculos e séculos, como João XXIII e João Paulo I, também.
Até sempre, Papa Francisco, e obrigado por ter existido e resistido num tempo de desamor, cobiça aguçada, intolerância cínica e ódio, muito ódio, na face da Terra! Seu exemplo vive e viverá em nós!
*Ahmad Schabib Hany