Produtores de seringueiras em Aparecida do Taboado recebem assistência técnica do Senar/MS

A atividade rural denominada Heveicultura ainda está em desenvolvimento no Estado, mas, já apresenta resultados expressivos, como uma produção de 30 toneladas mensais. – Foto: Divulgação

A atividade rural denominada Heveicultura ainda está em desenvolvimento no Estado, mas, já apresenta resultados expressivos, como uma produção de 30 toneladas mensais. – Foto: Divulgação

Há quase duas décadas, produtores rurais que se dedicam à atividade de Heveicultura em Mato Grosso do Sul estão investindo no cultivo de seringueiras que possibilitarão, nos próximos anos, destaque para o setor na extração de borracha. Pioneiro na produção de látex mundial, o Brasil perdeu a colocação para países como Malásia, Tailândia e Indonésia, registrando atualmente uma produção anual de 1.539 toneladas, de acordo com o levantamento da Produção Agrícola Municipal do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, em 2014.

No dia 3 de março se comemora o dia nacional do Seringueiro e o trabalho iniciado por um grupo de produtores rurais no município de Aparecida do Taboado avança com o plantio de 1,5 milhão de plantas, sendo que 400 mil já começaram a entrar em produção no ano passado. Com intuito de fomentar a profissionalização no setor, o Senar/MS – Serviço Nacional de Aprendizado Rural implantou no mesmo período o programa de ATeG – Assistência Técnica e Gerencial voltado a cultura da Seringueira com a participação de 12 produtores.

O técnico de campo responsável pelo atendimento é Ramiro Juliano da Silva, profissional com mais de 30 anos de experiência e que também é responsável pelas capacitações direcionadas a Implantação e Manejo de Seringal, Produção de Mudas e Sangria de Seringueiras, do Senar/MS. Ele relata alguns períodos importantes na evolução do plantio na região Leste do Estado. “A primeira propriedade a investir no plantio de seringueira em Aparecida foi a fazenda Alvorada, com 150 hectares plantados e com produção ativa até hoje. Se somarmos com a produção de Cassilândia e Paranaíba, atualmente são colhidas 30 toneladas de borracha mensalmente e a tendência é aumentar ainda mais”, destaca.

Silva revela que a assistência técnica estimulou os produtores a criarem uma entidade para o fortalecimento do setor, que é a Aprobat – Associação dos Produtores de Borracha de Aparecida do Taboado e Região. “O trabalho do ATeG foi fundamental para estimular a mão de obra qualificada e o investimento em Heveicultura. Tanto que os produtores resolveram criar uma associação que atualmente congrega 17 associados”, complementa.

Apoio do Sindicato Rural – O presidente, Eduardo Sanches é produtor rural com atividades em pecuária e cana-de-açúcar e observou na heveicultura uma possibilidade de diversificar a atividade agrícola. Ele explica que solicitou apoio junto ao Sistema Famasul – Federação da Agricultura e Pecuária de MS para criar a associação, por acreditar que, nos próximos cinco anos, Aparecida do Taboado terá no cultivo de seringueira a sua segunda principal atividade. “Estamos satisfeitos com o trabalho do Senar/MS aqui na região, tanto na aplicação dos cursos quanto na assistência técnica, que era nossa principal dificuldade. Os resultados já começaram a aparecer e teremos mão de obra qualificada para atender a demanda de produção das seringueiras”, argumenta.

Na avaliação de Sanches, a organização da Aprobat concretizou a união dos produtores de seringueira existentes nas regiões vizinhas e atraiu novos investidores. “Desde que nos reunimos e formalizamos a atividade comprovamos que mais pessoas se animaram em investir. A região conta com várias facilidades para quem se interessa: clima e solo favoráveis, uma associação atuante e uma localização privilegiada, já que temos fronteira com estados de São Paulo, Goiás e Minas Gerais”, concluiu o produtor que acumula o cargo de presidente da associação de seringueiros.

Reivindicações do setor – o produtor paulista Claudemir Mairena Ramirez decidiu investir no plantio de seringueiras há quatro anos e possui uma área de 300 hectares. Ele detalha que a sua produção deve começar até 2018 e acredita no potencial produtivo da borracha no país, mas com algumas ressalvas. “Atualmente, o preço pago ao produtor é de R$ 2 pelo quilo da borracha e esse valor não cobre os custos com a produção. A minha propriedade é um exemplo, investi no plantio, pago assistência técnica e só começarei a ver retorno daqui dois anos. Necessitamos de maior incentivo do poder público, principalmente no que se refere a incentivos para exportação”, revela.

Ramirez salienta que o trabalho de qualificação e orientação técnica, oferecido pelo Senar/MS é fundamental para o fortalecimento do setor. “Os cursos de Heveicultura suprem uma demanda de profissionalização na atividade, que ainda é feita manualmente. Já os produtores familiares necessitam de assistência técnica para produzirem com qualidade e com a menor perda possível. Os dois fatores aliados com a localização de Aparecida Taboado devem impulsionar a produção e contribuir para modificar a condição atual do país, que é de importador de borracha”, conclui.

Fases do seringal – O técnico de campo do Senar/MS aponta que a seringueira possui três fases importantes e que impactarão na saúde da árvore e volume da produção. “O período de germinação da seringueira é muito rápido, no máximo 10 dias, por isso, é preciso agir com rapidez e atenção. Na sequência, é feito o processo de enxertia, no qual a muda é introduzida em uma árvore adulta, acelerando o processo produtivo de látex. A última etapa é a sangria da seiva que necessita de manejo eficiente para conseguir o melhor aproveitamento possível”, esclarece.

Silva menciona que muitos produtores têm receio de investir na Heveicultura, por acharem que é demorado para que a seringueira entre em produção. “Muitas pessoas não investem na produção de borracha por achar que é um investimento de médio a longo prazo, já que inicia a partir de oito anos. No entanto, demonstramos no ATeG que com adubação, controle de pragas e manejo correto é possível diminuir esse período para até cinco anos”, argumenta.

A fase de sangria é considerada uma das mais importantes, segundo a avaliação do técnico, e ele explica o porquê: “Para que a árvore entre em produção é necessário que tenha no mínimo 1,30 metros e cerca de 50 centímetros de circunferência. A espessura da casca que é cortada também define o fluxo de seiva, que permitirá uma produção contínua por até 40 anos”, finaliza.

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