Confinar 2016: Castrado ou inteiro. Produtor rural tem dúvidas na hora de escolher melhor opção

Foto: Divulgação

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Quando o assunto é qualidade da carne bovina, qual é a melhor opção? O boi castrado ou boi inteiro? E quando está em jogo a melhor remuneração? Qual sistema de produção adotar? A indecisão sobre este tema é algo que realmente preocupa o criador de gado sul-mato-grossense e, por isso mesmo, temas como este serão debatidos na 5ª edição do Confinar – evento que trata de pecuária intensiva em busca de rentabilidade.

Para o supervisor técnico Novilho Precoce MS, Klauss Machareth, no boi inteiro existe a dificuldade de colocar capa de gordura que protege a carne na câmara fria. “Para que a qualidade da matéria-prima não seja afetada, o boi precisa sair do frigorífico a uma temperatura de 4º C”, ressalta. Já o boi castrado tem um menor rendimento de carne e um custo maior de produção.

A grande dificuldade, na avaliação do especialista, é colocar acabamento no boi inteiro, principalmente por causa do efeito da testosterona nesse tipo de animal. “Já o boi castrado é mais calmo, com isso é mais tranquila a reposição de gordura”. Para a Klauss, o efeito deste acabamento resulta na boa procedência da carne. “O frigorífico até paga um bônus de R$ 5 por arroba em animais que atendem este padrão de qualidade, no quesito acabamento”.  Segundo o especialista, um animal, para que atenda a exigência de mercado, com um bom acabamento, tem que apresentar seis milímetros de gordura.

A pergunta é: será que esse bônus compensa? Não é o que os números mostram considerando que, enquanto o castrado registra um bom acabamento e o produtor consegue uma remuneração melhor, o boi inteiro tem um desempenho superior e rende mais 10% de volume de carne, isso sem contar o custo que o produtor tem para castrar. “Enquanto que o animal castrado é abatido com 18 arrobas de carne, o inteiro pode atingir 19,5 arrobas”, explica o especialista no novilho precoce.

Para ser ter uma ideia do que isso representa em termos de receita, se contabilizarmos que a arroba está cotada a R$ 135, o boi inteiro vai atingir R$ 2.592 a unidade, enquanto que o castrado a R$ 2.430 a unidade. A conta é grosseira, mas comprova que o bônus ainda precisa aumentar para compensar no bolso do criador.

Ainda assim, Klauss reforça a importância de que o produtor analise o setor. “O desafio é adequar o produto ao mercado, que está cada vez mais exigente no quesito qualidade. Mas este desafio é de todos os elos da cadeia produtiva e não só do produtor que, para investir, precisa de melhor remuneração”. A pergunta de Klaus é incisiva e merece reflexão: “Você tem que entender o seu sistema de produção? Você vai abater um animal que não atende à demanda?”

Já na opinião do zootecnista e supervisor técnico da Beef Tec, Rafael Camargo, há soluções para quem optar pelo boi inteiro e a saída está no manejo nutricional. “Por exemplo, no confinamento, a opção é aumentar a carga energética da dieta e, com isso conseguir um melhor acabamento de carcaça”.

Para Camargo, não há também como definir o melhor negócio ao produtor, sem considerar as variantes da escolha. “O pensamento é que quando o animal inteiro é a pasto, onde a densidade energética da dieta é menor, existe dificuldade em das acabamento na carcaça. O produtor precisa entender, em qualquer que seja a sua escolha, que existem nichos de mercado a serem explorados”.

A conclusão de Camargo é que é possível produzir carne de boi inteiro com relativa qualidade, abatendo os animais com precocidade, adequado manejo alimentar, entre outros fatores.

Por último, entre castrar ou não castrar, o produtor deve analisar o seu negócio em todos os sentidos, se a sua propriedade comporta um investimento e a espera por um produto que em médio prazo terá reconhecimento do mercado ou se é melhor manter a produção e investir na alimentação.

Sobre o evento – O simpósio será realizado nos dias 31 de maio e 1º de junho, no Centro de Convenções Rubens Gil de Camillo, em Campo Grande/MS. Em sua quinta edição, o Confinar já consta na lista dos principais eventos sobre pecuária do Brasil. O objetivo principal é fornecer ao pecuarista uma série de novas informações por intermédio das opiniões dos melhores analistas e dos dados dos principais pesquisadores do setor para aumentar a rentabilidade do negócio.

O Confinar é uma realização da Beef Tec e é organizado pela Company Eventos. Para o diretor da Beef Tec o simpósio permite ao produtor acesso a informações de qualidade que visam otimizar o desempenho ‘dentro da porteira’. “Esse evento foi concebido pela necessidade de levar informação ao produtor e assim fazer com que ele melhore o uso da tecnologia na propriedade dele”.

Em 2015, o evento contou com a participação de mais de mil pessoas, provenientes de onze Estados. Além disso, estiveram no Confinar produtores rurais vindos da Bolívia, Argentina e Paraguai. O evento teve mais de dez apresentações com temas que abordaram desde a legislação, custo e oportunidades à importância da profissionalização no agronegócio.

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