Mulheres da TI buscam se destacar em um mercado ainda dominado por homens

Com o Dia Internacional das Jovens Mulheres nas Tecnologias de Informação e Comunicação, comemorado em 28 de abril, agência da ONU busca diminuir a desigualdade entre homens e mulheres nos estudos e nas carreiras em tecnologia.

Dia Internacional das Jovens Mulheres nas TI e Comunicação – Foto: DígithoBrasil

Dia Internacional das Jovens Mulheres nas TI e Comunicação – Foto: DígithoBrasil

Ainda durante a faculdade de Ciências Econômicas, Claudinéia dos Santos Fortes, hoje com 33 anos, descobriu que não se identificava com a Economia. Depois de graduada, foi na área de Tecnologia da Informação (TI) que ela se realizou profissionalmente. Trabalhando atualmente como Analista de Negócios em uma empresa de desenvolvimento de softwares, ela ainda enxerga uma realidade preocupante: a baixa participação feminina no mundo da tecnologia.

Mesmo nos ambientes corporativos mais avançados do mundo, o número de mulheres ainda é muito inferior ao de homens. Conforme levantamento da revista Época Negócios, nas gigantes Google, Facebook, Apple e Twitter, por exemplo, elas não passam da casa dos 30% da força de trabalho. Olhando o contexto brasileiro, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do IBGE, apontou que, mesmo com mais formação do que os homens, na média, as profissionais de tecnologia ganham cerca de 30% menos do que eles.

Na tentativa de transformar esse cenário, a União Internacional de Telecomunicações (ITU), agência da ONU especializada em tecnologias de informação e comunicação, criou o Dia Internacional das Jovens Mulheres nas Tecnologias de Informação e Comunicação, que em 2016 será comemorado em 28 de abril. Trata-se de um esforço global para aumentar a sensibilização para capacitar e incentivar as jovens e mulheres a considerar estudos e carreiras nessas áreas.

Desde 2011, quando foi lançada, a iniciativa já foi celebrada em cerca de 150 países ao redor do mundo com mais de 5,3 mil eventos e participação de quase 200 mil meninas e mulheres. Embora tenha foco nas jovens mulheres, o órgão da ONU busca incentivar o uso das tecnologias por meninas e meninos, na tentativa de resolver questões ligadas ao desenvolvimento tecnológico e definir padrões globais nesses setores.

‘Brinquedo de meninos’

Para Claudinéia, o baixo número de mulheres nas carreiras tecnológicas é reflexo da visível falta de interesse das próprias mulheres em cursos nas ciências exatas, devido sobretudo à falta de incentivo da sociedade. “Na turma de graduação em Computação do meu esposo, por exemplo, havia uma mulher entre 60 alunos”, conta. A afirmação é reforçada pelo Ministério da Educação (MEC), segundo o qual, nas universidades brasileiras, a presença feminina em cursos como Engenharia e Ciências da Computação ainda fica em torno de 10%.

Conforme especialistas do setor, a formação, a capacidade e a qualidade do trabalho das mulheres nas tecnologias é a mesma dos homens, mas o problema é cultural e começa na infância, período em que o computador é geralmente tratado como ‘brinquedo de meninos’. Essa lógica costuma avançar sobre as faculdades e o mercado de trabalho, resultando em uma sociedade que relaciona o interesse e o sucesso com computadores a meninos e a homens.

Mudança de cenário

Em alguns ambientes, no entanto, essa realidade começa a mudar. Um exemplo é a DígithoBrasil, empresa de desenvolvimento de softwares de Campo Grande onde Claudinéia trabalha e cujos principais cargos de direção são ocupados por mulheres. “Embora a área de desenvolvimento ainda seja dominada por homens, a empresa em que trabalho prova que há muito espaço para as mulheres na tecnologia, mas é preciso despertar o interesse nas mulheres para explorar esse mercado imenso e que vai crescer cada vez mais”, observa.

Este é o caso da Publicitária Barbara Oliveira, 25 anos, que trabalha na mesma empresa como Designer de Interfaces e explica que escolheu a tecnologia da informação porque gosta de ver os produtos que desenha fazendo parte do dia a dia das pessoas. “Quando comecei, era a primeira mulher numa equipe com mais sete homens. No começo foi um pouco difícil, mas depois as pessoas percebem que o gênero não é determinante no resultado dos produtos e serviços entregues e começamos a nos destacar”, aponta.

Aos 19 anos, Evelyn Dias Chiavagatti ainda está cursando a faculdade de Análise e Desenvolvimento de Sistemas, mas já se diz muito realizada atuando como Analista de Suporte na empresa. Para ela, a predominância masculina torna a carreira bem mais desafiadora para as mulheres, que precisam se qualificar ainda mais. “O fato de ainda haver poucas mulheres no meio inibe outras mulheres. Mas com disposição e preparo constante é possível vencer esse círculo e ainda se destacar na empresa e no mercado em geral”, diz.

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