Quando uma pessoa tem alguma dor de cabeça, resfriado ou dor no estômago, por exemplo, a primeira coisa que ela faz é procurar um remédio para acabar de vez com o incômodo. Na maioria das vezes tem algum medicamento estocado em casa, ou corre para uma farmácia. Agora surge a dúvida, será que isso é correto?
“Para se ter uma ideia até mesmo uma simples vitamina C, pode causar problemas no organismo, caso não seja utilizada da forma certa. O excesso dessa vitamina pode causar cálculo renal ou até mesmo interferir no nível de hormônio do anticoncepcional”, ressalta o diretor do CRF/MS (Conselho Regional de Farmácia de MS), o farmacêutico Alexandre Corrêa. “O medicamento, ao invés de benéfico, pode ser fatal para uma pessoa caso utilizado de forma errada”, complementa o diretor.
Para alertar a população sobre esses riscos é que no dia 5 de maio é celebrado o Dia Nacional do Uso Racional de Medicamentos. Para chamar a atenção sobre o assunto o CRF/MS fará uma ação de conscientização no canteiro da Avenida Afonso Pena, esquina com a Rua 14 de julho, nesta quinta-feira (5), das 8h às 12h. Na ocasião será feita uma blitz denominada “Ação Saúde”. Haverá a distribuição de folders, orientação para a população, recolhimento de medicamento vencido e ainda terão farmacêuticos aferindo pressão e fazendo teste de glicemia.
O Conselho alerta ainda para que as pessoas sempre procurem um farmacêutico para tirar todas as dúvidas sobre o medicamento. “O farmacêutico é o profissional preparado para instruir as pessoas sobre a medicação. Muitas pessoas pedem orientações para amigos e familiares sobre algum remédio, mas é importante lembrar que cada organismo reage de uma forma, então o que foi eficaz para um, pode não servir para outro. Por isso, é preciso que a população saia da farmácia sem dúvidas quanto ao medicamento”, esclarece Alexandre.
Dados sobre automedicação
Os medicamentos são o principal agente causador de intoxicação em seres humanos no Brasil desde 1994, segundo dados do Sistema Nacional de Informações Toxico-Farmacológicas.
Uma pesquisa do ICTQ (instituto de pós-graduação para farmacêuticos), divulgada em 2014, revelou que 76,4% dos brasileiros praticam a automedicação, e destes, 32% aumentam a dosagem do remédio por conta própria, sem orientação do médico ou do farmacêutico.
De acordo com o Ministério da Saúde, foram registrados quase 60 mil casos de internações por automedicação no Brasil nos últimos cinco anos.
Conheça interações perigosas entre remédios
Interações com antibiótico
Apesar de ser necessário ter receita para comprar antibiótico, as interações entre o remédio e outras substâncias geram dúvidas. Por isso, vamos esclarecer que o leite reduz o efeito de antibióticos ampicilina e tetraciclina. Com o álcool, o remédio pode levar ao acúmulo de uma substância tóxica chamada antabuse que causa efeitos como vômitos, palpitação e dor de cabeça. É possível ter ainda hipotensão (pressão baixa), dificuldade respiratória e até morte. Antibióticos que podem causar esse efeito se misturados ao álcool: metronidazol; trimetoprim-sulfametoxazol, tinidazole e griseofulvin. Outros antibióticos como cetoconazol, nitrofurantoína, eritromicina, rifampicina e isoniazida também não devem ser tomados com álcool pelo perigo de inibição do efeito e potencialização de toxicidade hepática.
Anticoncepcional: O anticoncepcional interage com anti-inflamatórios e antibióticos diminuindo a eficácia da pílula. Se ingerido com vitamina C pode aumentar os níveis de hormônio na corrente sanguínea.
Ácido acetilsalicílico: O ácido acetilsalicílico interage como anticoagulantes, aumentando o risco de sangramento. Pode provocar hemorragias se misturado a analgésicos e alguns anti-inflamatórios. Se for ingerido com bebida alcoólica pode causar dano à mucosa gastrintestinal.
Anti-inflamatórios: Se tomado junto com álcool pode aumentar o risco de úlcera gástrica e sangramentos.
Paracetamol: Aumenta o risco de hepatite medicamentosa quando ingerido junto ao álcool.
Dipirona: Tomar dipirona e beber álcool é uma má ideia. O efeito do álcool pode ser potencializado.
Maracujá: Calmantes à base de maracujá podem potencializar o efeito de antidepressivos, causando sonolência excessiva.