Energia elétrica impacta na inflação de abril da capital

Apesar do aumento do grupo Habitação, índice geral da inflação teve queda em abril, segundo o Núcleo de Pesquisas Econômicas da Uniderp.

A inflação de abril da capital, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor de Campo Grande (IPC/CG), ficou em 0,52%, segundo o Núcleo de Pesquisas Econômicas (Nepes) da Uniderp. O indicador é o menor registrado em 2016 e está abaixo do índice constatado no mesmo período do ano passado (1,12%).

O coordenador do Nepes da Uniderp, Celso Correia de Souza, explica que o resultado demonstra a quarta queda consecutiva de 2016, sinalizando que a inflação acumulada neste ano pode ser bem menor do que a registrada em 2015, quando chegou a 11,41%. “O índice de abril foi influenciado, principalmente, pelo grupo Habitação, que registrou 0,81% e contribuição de 0,26%. O comportamento é explicado pelo aumento de 7,19% da energia elétrica no estado e, levando-se em conta que a bandeira tarifária passou para verde neste mesmo período, restou um resíduo de aumento de 2,64% no preço da energia elétrica”, argumenta o pesquisador.

Além da Habitação, tiveram os maiores percentuais de contribuição para a inflação os grupos: Despesas Pessoais, com 1,23% de variação e Vestuário, com 1,11%. “Já o grupo de Alimentação, que na maioria das vezes é o principal responsável pela inflação do mês, apresentou-se mais conservador, fechando em 0,32%”, complementa o professor.

Inflação acumulada

A inflação acumulada nos últimos doze meses, em Campo Grande, recuou para 9,30%, mas ainda está acima do teto da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), de 6,5% e do centro da meta, de 4,5%. Neste período, as maiores inflações acumuladas ocorrem com os grupos Alimentação, que aumentou 18,21%, Educação, que subiu 11,75% e Despesas Pessoais, com alta de 10,03%.

“A melhoria no clima, esperado a partir de abril, deverá impactar positivamente na produção de hortifrutícolas e carnes. A inflação pode continuar em baixa na cidade de Campo Grande. Certamente, a exportação da carne bovina continuará penalizando a inflação do produto. Deve-se considerar que os preços dos medicamentos poderão impactar a inflação a partir do mês de maio quando as novas tabelas chegarem nas farmácias”, contextualiza o pesquisador.

Nos três primeiros meses do ano, a inflação acumulada de Campo Grande foi de 3,65%. Os maiores índices, por grupo, foram: Educação, com 10% e Alimentação 6,03%.

Maiores e menores contribuições em fevereiro

Os dez “vilões” da inflação, em abril, foram:

  • Energia elétrica, com alta de 2,64% e contribuição de 0,12%;
  • Batata, com elevação de 15,36% e colaboração de 0,10%;
  • Cabelereiro (corte e tintura) com aumento de 3,57% e participação de 0,05%;
  • Leite pasteurizado, com variação de 3,25% e colaboração de 0,04%;
  • Tênis, com acréscimo de 3,79% e contribuição de 0,03%;
  • Calça comprida feminina, com aumento de2,65% e participação de 0,03%;
  • Televisor, com variação de 6,20% e colaboração de 0,03%;
  • Papel higiênico, com acréscimo de 5,80% e contribuição de 0,03%;
  • Hidratante, com reajuste de5,14% e participação de 0,02%;
  • Aparelho de som, com elevação de4,13% e colaboração de 0,02%.

Já os 10 itens que ajudaram a reter a inflação no período, com contribuições negativas, foram:

  • Acém, com queda de -1,69% e contribuição de -0,01%;
  • Exame de laboratório, com redução de -1,67% e colaboração de -0,01%;
  • Arroz, com diminuição de -0,76% e participação de -0,01%;
  • Tomate, com decréscimo de -3,09%e contribuição de -0,01%;
  • Pescado fresco, com baixa de -0,96% e colaboração de -0,01%;
  • Ônibus interestadual, com diminuição de -2,72 % e participação de 0%
  • Doces em calda, com redução de -6,33% e contribuição de 0%;
  • Detergente, com decréscimo de -1,74 e colaboração de 0%;
  • Ônibus intermunicipal, com queda -2,68% e participação de 0%;
  • Patinho, com baixa -1,09% e contribuição de 0%.

Segmentos

Em abril, o grupo Habitação apresentou alta de 0,81%,que foi motivada, principalmente, pelo aumento de energia elétrica de 2,64% devido à composição da mudança de bandeira tarifária para a cor verde e um aumento autorizado de 7,19%.

Diferente de março, quando apresentou alta expressiva (3,20%), desta vez o grupo Alimentação ficou em 0,32%. O movimento foi de alta expressiva, 3,20%, um índice que desperta preocupação para coordenador do NEPES. “Esperava-se que os preços da carne bovina começassem a ceder, o que não aconteceu devido ao aumento de 30% nas exportações desse produto neste mês de março”, esclarece.

Os maiores aumentos foram constatados com: batata (15,36%), limão (5,06%), melão (4,93%), ovos (4,67%), entre outros. Fortes quedas de preços ocorreram com: doces em calda (-6,33%), manteiga (-5,97%), abobrinha (-5,37%), entre outros com menores quedas.

“A oscilação de preços de verduras, frutas e legumes é comum, pois são produtos que sofrem a influência de fatores climáticos e a sazonalidade de produção. Alguns alimentos aumentam de preços ao término das safras, outros diminuem de valor quando entram nas safras. Quando o clima é desfavorável há aumento nos preços e, quando é favorável, ocorre o feito inverso”, comenta Celso Correia de Souza.

Dos 15 cortes de carnes bovina pesquisados pelo Nepes da Uniderp, nove deles sofreram aumentos de preços. Foram eles: picanha (5,23%), músculo (5,04%), cupim (4,89%), costela (4,45%), filé mignon (3,87%), vísceras de boi (2,52%), paleta (2 ,29%), contrafilé (2,23%) e lagarto (2 ,17%). Quedas de preços ocorreram com: coxão mole (-4,19%), acém (-3,80%),patinho (-1,92%), fígado (-1,53%), alcatra (-1,16%), ponta de peito (-0,07%).

Segundo análise do coordenador do Nepes da Uniderp, “apesar do alto preço da carne bovina no mercado varejista de Campo Grande, a demanda pelo produto ainda é grande, de modo que justifique esses aumentos na maioria dos cortes. Também pode estar ocorrendo uma diminuição da oferta já que a exportação do produto continua muito intensa, principalmente, devido ao valor alto do dólar em relação ao real”, diz Celso.

Já no quesito aves, houve aumento de 0,18% nos miúdos de frango e de 0,05% no frango congelado. Na carne suína, todos os cortes pesquisados tiveram alta: costeleta suína, com 3,13%, pernil, com 1,20% e bisteca suína, com 0,91%.

Já nos grupos Transportes e Educação o índice registrado foi 0%.

Segundo grupo com maior elevação, Despesas Pessoais fechou abril com de 1,23%. Alguns produtos/serviços deste grupo que tiveram aumentos de preços foram: papel higiênico (5,80%), hidratante (5,14%), serviços de cartório (4,03%), entre outros. Quedas de preços ocorreram com: fio dental (-1,48%), produto para limpeza de pele (-0,81%) e sabonete (-0,65%).

O grupo Saúde apresentou deflação uma pequena deflação em seu índice, de -0,12%. “Em abril foi autorizado o aumento de 12,5% nos medicamentos, os impactos poderão aparecer na próxima pesquisa”, explica Celso. Ainda assim, o Nepes registrou elevação de preço com analgésico e antitérmico (0,34%) e queda no preço de exame de laboratório (-1,67%).

Em abril, grupo Vestuário registou aumento de 1,11%. As principais altas de preços ocorreram com: tênis (3,79%), sandália/chinelo feminino (3,16%), vestido (2,71%), entre outros. Quedas de preços ocorreram com: bermuda e short feminino (-1,23%), lingerie (-0,65%) e camisa masculina (-0,26%).

IPC/CG

O Índice de Preços ao Consumidor de Campo Grande (IPC/CG) é um indicador da evolução do custo de vida das famílias dentro do padrão de vida e do comportamento racional de consumo. O IPC busca medir o nível de variação dos preços mensais do consumo de bens e serviços, a partir da comparação da situação de consumo do mês atual em relação ao mês anterior, de famílias com renda mensal de 1 a 40 salários mínimos. A Uniderp divulga mensalmente o IPC/CG.

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