O dicionário Aurélio Buarque de Holanda define a Zootecnia como o estudo científico da criação e aperfeiçoamento dos animais domésticos. Mas, você sabe qual a contribuição desse profissional para o setor produtivo? No dia 13 de maio, data em que se comemora o Dia Nacional do Zootecnista, o Sistema Famasul – Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul e o Senar/MS – Serviço Nacional de Aprendizagem Rural parabenizam esses especialistas das Ciências Agrárias que contribuem para a melhoria do setor nos últimos 50 anos.
Uma das mais importantes publicações brasileiras denominada “Zootecnia Brasileira, Quarenta anos de História e Reflexões”, formulada por um grupo de pesquisadores brasileiros em 2005 http://bit.ly/1WtRNTq ressalta pontos importantes da profissão, como as atribuições que vão de planejamento, pesquisa, supervisão técnica ao fomento à produção de animais de diversas espécies e raças. Além disso, é preciso acrescentar que o trabalho dos zootecnistas está presente em todas as cadeias produtivas do setor agropecuário.
Atualmente, o quadro de colaboradores do Senar/MS conta com 12 zootecnistas que atuam como técnicos de campo no programa de ATeG – Assistência Técnica e Gerencial que objetiva promover e tecnificar os setores produtivos, com foco no extensão rural. O atendimento é feito com produtores que se dedicam à atividade de pecuária, produção leiteira e piscicultura em várias regiões do Estado.
Humanização no atendimento – Um desses profissionais é o Fábio Biberg, graduado há 11 anos pela UFMS – Universidade Federal de MS, com mestrado focado na Recuperação de Pastagens Degradadas, Implantação de Sistemas Integrados (lavoura-pecuária-floresta), nutrição e produção de ruminantes. Desde 2014 atua como técnico de campo no programa Mais Inovação (Recuperação de Pastagens) atendendo 33 produtores. Ele reforça que o trabalho na assistência técnica vai muito além da parte técnica. “O mais gratificante na nossa profissão é devolver ao produtor a dignidade e a autoestima. E isso acontece conforme percebe a melhoria da atividade, influenciando na sua percepção do mundo e no seu relacionamento familiar. Participar de tudo isso vale muito mais do que qualquer remuneração financeira”, argumenta.
Biberg ressalta que a profissão vem se desenvolvendo com relativa rapidez em Mato grosso do Sul, no entanto, as vagas de emprego ainda não suprem o número de profissionais. “A concorrência é grande e o mercado exige cada vez mais profissionalização. O profissional de zootecnia tem que estar preparado para isso, pois atua diretamente na cadeia produtiva de alimentos”, acrescenta.
O supervisor do programa Mais Leite, Juliano Bergler, é formado há oito anos pela UCDB – Universidade Católica Dom Bosco e começou o trabalho no Senar/MS como técnico de campo em 2011. Atualmente coordena uma das equipes de assistência e gerencia 310 propriedades que se dedicam a produção leiteira. Na avaliação do zootecnista, a metodologia de ATeG é inovadora por oferecer ao produtor condições para que possa transformar a propriedade em uma empresa rural. “Demonstramos aos nossos assistidos cada passo para se gerenciar uma propriedade e quais as melhores ações de manejo para aumentar a lucratividade. Costumo dizer que é preciso ‘pensar antes de agir’ para minimizar as chances de erro, por isso o planejamento é fundamental”, observa.
Questionado sobre situações marcantes com os produtores que já atendeu, Bergler relata que uma das situações mais desafiadoras aconteceu no assentamento Jiboia, em Sidrolândia. “Em 2014 conheci o senhor Liberato Cardoso e quando expliquei a metodologia de trabalho do Mais Leite ele aceitou na hora participar do programa e se dedicou bastante. Quando terminamos o trabalho ele me pediu para conversar com o filho, que também era produtor de leite, pois queria que aumentasse a produção e aprendesse as técnicas corretas. Quando falei com o Ademar ele me deu uma negativa na hora, mas, insisti e pedi que nos desse uma oportunidade para mostrar o que sabíamos. Ele acabou aceitando e agora, toda vez que faço as visitas de supervisão me leva orgulhoso para ver suas plantações de Mombaça, Cana e Piatã”, comenta.
A assistência técnica e gerencial do Senar/MS abrange, ainda, a atividade de piscicultura e o técnico de campo Frederico Vasconcelos é responsável por atender produtores em Campo Grande e Jaraguari. Formado pela UFMS, o zootecnista atua há três anos no segmento, com experiência em agroindústria e assistência técnica para piscicultores. Ele relata que o interesse por essa criação começou ainda na infância, quando acompanhava a família em pescarias. “Sempre gostei de lidar com peixes e aprendi rápido os hábitos alimentares e a morfologia das espécies. Quando cheguei na universidade pude aprofundar meus conhecimentos e percebi que era um nicho profissional pouco explorado aqui no Estado”, considera.
De acordo com Vasconcelos, o cenário profissional para os zootecnistas tem melhorado com novas oportunidades de atuação no mercado. “Existe um grande leque de atividades no qual o profissional de zootecnia pode atuar, e a piscicultura é um dos segmentos, já que abrange uma série de atribuições, como: controle geral da atividade, manejo alimentar, analise e correção dos índices de qualidade da água e bem estar animal, por exemplo”, detalha.
Informações adicionais – Segundo informações do CRMV/MS – Conselho Regional de Medicina Veterinária em Mato Grosso do Sul, atualmente 546 profissionais de zootecnia possuem registros ativos na entidade.