Com o objetivo de contribuir para a formação continuada de docentes, estudantes, pesquisadores, profissionais de áreas ligadas à educação e demais interessados, a Legião da Boa Vontade (LBV) realizou a 16ª edição de seu Congresso Internacional de Educação na capital paulista, nos dias 29 e 30 de junho, e 1º de julho, em São Paulo/SP.
Sob o tema “Socialização do saber na aprendizagem coletiva: uma visão além do intelecto”, o evento contou com palestras e oficinas pedagógicas. A conferência inaugural foi feita pelo professor José Pacheco, mestre em Ciências da Educação pela Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto, Portugal, especialista em leitura e escrita. O educador ressaltou a importância de compartilhar o saber, explicando que a aprendizagem deve ser entendida como um processo plural, em que o conhecimento precisa ser socializado. Ainda exaltou a relevância dos valores no processo educacional. “O professor não ensina aquilo que diz, mas sim, aquilo que é. (…) Quando a escola está vazia de amor, nada mais existe. Escolas são pessoas, não são edifícios. (…) E as pessoas são os seus valores; implícita ou explicitamente, eu manifesto valores no meu dia a dia”, ressaltou.
A pós-doutorada, doutora e mestre em Psicologia pela Universidade de São Paulo, autora de livros e de artigos nas áreas de alfabetização e avaliação, Alessandra Gotuzo Seabra, na abordagem do tema “Neuropsicologia cognitiva e Educação: intercâmbio possível”, defendeu a necessidade de se entender as operações mentais para prevenir transtornos, facilitar e ajudar o indivíduo no processo de aprendizagem. Para ela, é importante realizar a prevenção da dislexia, a começar por brincadeiras linguísticas com crianças a partir de 6 anos. “O professor, estimulando [as habilidades cognitivas e neurológicas corretas], pode ajudar a criança. Existem formas e metodologias para isso”, destacou.
O economista Jamil Albuquerque, pós-graduado em Marketing, teólogo com ênfase em Filosofia, escritor e conferencista, trouxe à discussão a temática “Compartilhar o conhecimento: uma nova geração de pensadores”. Ele fez um breve panorama sobre os filósofos e escolas do pensamento que construíram a ideia do ensino ao longo da história e apresentou a educação como um processo libertador, que emancipa o indivíduo, expandindo sua visão de futuro e preparando-o para saber conduzir bem sua própria vida; chamou atenção para a linha educacional criada pelo diretor-presidente da Legião da Boa Vontade, formada pela Pedagogia do Afeto e pela Pedagogia do Cidadão Ecumênico: “Paiva Netto não é só um revolucionário, ele é um evolucionário, porque conseguiu entender que tudo aquilo poderia ser redirecionado, essa proposta da reeducação no planeta. É maravilhoso o que esse pensador tem construído. O futuro vai se encarregar de olhar para Paiva Netto como um dos grandes pensadores educacionais deste tempo, deste século e deste início de século 21. E essa proposta é uma proposta linda, maravilhosa, e o que é mais importante, é exercível. Porque, quando uma teoria não é possível de ser colocada em prática, ela é estéril. (…) E isso está sendo colocado em prática de forma tão bonita, de forma tão prática, de forma tão simples, mas não simplista nem simplória. Simples, porque todas as verdades são simples”.
Outra contribuição importante para o evento foi a do professor Gustavo Moretto, mestrando em Educação pela Universidade Del Salvador, na Argentina, com pós-graduações em Educação Cooperativa, em Programas de Qualidade Total e em Educação Ecológica. No assunto abordado por ele, “Gestão Escolar: criando equipes de alto desempenho na organização educacional”, explicou que a equipe multidisciplinar deve organizar seus planos pedagógicos com base em estratégias e ferramentas que tornem o processo de aprendizagem mais eficaz. Para que isso ocorra, segundo ele, o educador precisa analisar os processos com mais profundidade, monitorando as ações em sala de aula e agindo corretivamente. “A intenção de trabalhar em equipes de alto desempenho é pensar: ‘O que estou fazendo? Será que está bom?’”, afirmou Moretto.
A doutora em Educação, mestre em Psicologia, psicopedagoga clínica, neuropsicóloga e pesquisadora de assuntos educacionais, Rosita Edler, em sua palestra discursou sobre o tema “O cérebro vai para a escola e o coração vai junto” e pontuou que a aprendizagem deve ocorrer em um campo lúdico e prazeroso. De acordo com ela: “A afetividade emoldura todas as relações interpessoais. A gente reconhece o outro nas suas potencialidades, limitações e valoriza o outro em uma relação de alteridade, na qual a empatia está na pauta e não propriamente a filantropia”. Ela também ressaltou o papel que cabe ao professor de compreender os aspectos cognitivos do aluno e de “como funciona o órgão do conhecimento, que é cérebro”, para que o estudante acesse tudo que aprendeu em sala de aula e ative a memória de longa duração. Assim, a aprendizagem significativa é garantida.
Todas as palestras foram marcadas pela descontração, mas sempre de forma lúdica. A supervisora da Pedagogia do Afeto e da Pedagogia do Cidadão Ecumênico, da LBV, doutoranda em Educação (PUC-SP), Suelí Periotto, trouxe a temática “Socialização do saber solidário: uma visão além do intelecto”. A pedagoga explicou a proposta educacional da LBV, que é aplicada em todas as unidades de ensino da Instituição, bem como a importância do tema do Congresso, que aborda a terceira etapa do Método de Aprendizagem por Pesquisa Racional, Emocional e Intuitiva (MAPREI), firmado nos conceitos de Paiva Netto: a socialização do conhecimento. Nessa etapa, o aluno verbaliza aquilo que aprendeu, e o professor atua como mediador do conhecimento, trazendo o conteúdo da aula, valorizando e estimulando a participação do discente, pois, assim, ele irá se adaptar a falar e a expor o seu pensamento, compartilhando-o solidariamente com o outro.
A cobertura completa do evento ocorrerá no programa Educação em Debate e ao longo da programação da Boa Vontade TV. Para saber mais, acesse www.boavontade.com/tv ou http://www.lbv.org/congresso-de-educacao.