FCMS realiza nesta segunda cadastro com internas de presídio em Campo Grande (MS)

A Fundação de Cultura realiza nesta segunda-feira cadastro com internas do presídio feminino para carteira nacional do artesão.

Mari Jane Boleti Carrilho, diretora do Estabelecimento Penal Feminino Irmã Irma Zorzi em Campo Grande (MS) - Edemir Rodrigues/FCMS

Mari Jane Boleti Carrilho, diretora do Estabelecimento Penal Feminino Irmã Irma Zorzi em Campo Grande (MS) – Edemir Rodrigues/FCMS

Campo Grande (MS) – Na manhã desta segunda-feira, internas do Estabelecimento Penal Feminino Irmã Irma Zorzi realizam cadastro para receber a carteira nacional do artesão. A gestora da Gerência de Desenvolvimento de Atividades Artesanais da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul, Rejiane Benneti Gomes, está no presídio realizando o cadastro devido à solicitação do Ministério Público, por meio da promotora de Justiça Jiskia Sandri Trentin.

A diretora do presídio, Mari Jane Boleti Carrilho, afirma que a emissão da carteira nacional dos artesãos para as internas significa uma valorização do trabalho que elas realizam e uma ação para a cidadania. “A carteira abre portas para qualquer feira. Aqui nós realizamos a capacitação que gera renda, com perspectiva para que elas enfrentem novamente a vida em sociedade num futuro próximo”.

Mari Jane explica que as aulas são realizadas no Setor de Trabalho de segunda a sexta-feira, das 8 às 16 horas, e as peças confeccionadas são comercializadas entre as próprias internas, com suas famílias e os funcionários do presídio. “As peças são expostas para os visitantes também, e periodicamente fazemos um ‘Ponto Mix’ nos dias de visitas”. Além disso, há duas oportunidades de comercialização ao público externo, na Feira de Natal e de Dia das Mães realizada no Fórum de Campo Grande. Em dezembro, pela primeira vez, os trabalhos serão expostos na Cidade do Natal, devido a convênio firmado com a Prefeitura de Campo Grande.

Cosma Lúcia de Oliveira, uma das internas realizando um trabalho de crochê - Edemir Rodrigues

Cosma Lúcia de Oliveira, uma das internas realizando um trabalho de crochê – Edemir Rodrigues

Cosma Lucia de Oliveira é uma das internas que realizou hoje o cadastro e vai receber a carteira nacional do artesão. Ela está no estabelecimento penal feminino há cinco meses e desde então participa das aulas no Setor de Trabalho. “Eu sou cozinheira, mas pretendo desenvolver o artesanato como atividade secundária. Aqui no presídio decidi fazer a oficina para passar o tempo e tirar a ansiedade. Estava doida por essa carteirinha. Gosto de fazer roupas. Sem a carteira a gente não consegue muita coisa. Ainda mais agora que tem as feiras”. Cosma é casada, em três filhos, e faz em média 30 peças por mês.

Raiany Farias dos Santos está no Irma Zorzi há oito meses, mas aprendeu o crochê no presídio em Jateí, onde esteve há um ano e dois meses. É casada, tem dois filhos e a renda mensal da família é de um salário mínimo. “Com o crochê a renda da minha família vai aumentar. Faço tapetes em barbante, produzo cerca de oito peças por mês. Eu tive vontade de aprender e agora  pretendo trabalhar com crochê. Com a carteirinha a gente tem mais oportunidades de trabalho, de conseguir uma banca na feira, por exemplo.

Foto: Edemir Rodrigues/FCMS

Foto: Edemir Rodrigues/FCMS

A artesã Arlete Delevatti Ferreira ministra cursos há dez anos e desde 8 de junho oferece curso de roupas em crochê, pela Fundação Social do Trabalho de Campo Grande (Funsat), para as internas do presídio. “É a primeira vez que dou curso no presídio. Não achei diferença entre dar aulas para as internas e para o público externo. Elas são atenciosas, dedicadas, aprendem fácil. Acho muito importante a emissão da carteirinha pois quando elas saírem [do presídio] já saem com uma habilidade para trabalhar. Podem fazer e vender as peças, é muito bom. Costumo dizer para elas que o artesanato não dá para comprar uma geladeira, mas dá para colocar muita coisa dentro”, finaliza. O curso da Arlete vai até o dia 3 de julho.

Realizam nesta segunda-feira (29) o cadastro para obter a carteira do artesão as seguintes internas: Ana Maria Coelho de Souza, Andreia dos Santos Perruquino, Cicera Aparecida da Silva Calheiros, Cosma Lucia de Oliveira, Gianne Waldilene Amorim, Raiany Farias dos Santos, Rosemeyre Lopes Ferreira, Rossy Silvana Toledo Miranda, Vivencia Correa, Viviane da Silva Lima e Yara Machado Benitez.

Foto: Edemir Rodrigues/FCMS

Foto: Edemir Rodrigues/FCMS

Após o cadastro, a carteira fica pronta e será entregue no prazo de uma semana. Emitida pela Secretaria da Micro e Pequena Empresa (SMPE), por meio do Programa do Artesanato Brasileiro (PAB), a Carteira Nacional do Artesão é uma identificação nacional para artesãos e trabalhadores manuais de todo o Brasil. O documento tem abrangência nacional e oferece diversos benefícios, como isenção de imposto ao participar de feiras ou vendas para outros Estados, descontos para compras em alguns estabelecimentos comerciais, possibilidade de comercialização em determinados espaços, como a Casa do Artesão, que só aceitam artesãos com a carteira em dia e possibilidade de tirar nota fiscal na Agência Fazendária.

A carteira é gratuita e é emitida após o registro do artesão no Sistema de Informações Cadastrais do Artesanato Brasileiro (Sicab). Para confirmação do registro, o artesão passa por uma prova de habilidades técnicas, cuja aprovação é da Gerência de Desenvolvimento de Atividades Artesanais da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul.

Serviço:

O Estabelecimento Penal Feminino Irmã Irma Zorzi fica na rua Uruguaiana, 563, bairro Coronel Antonino. Telefone: (67) 3901-1308.

Gerência de Desenvolvimento de Atividades Artesanais da FCMS: (67) 3316-9156.

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