Certamente você já disse ou ouviu dizer que os avós estragam a educação dos netos e tiram a autoridade dos pais.
Esta afirmação é falsa ou verdadeira?
A resposta não é tão simples assim, pois não devemos generalizar comportamentos. Nas relações familiares há quem queira determinar um comportamento padrão e é rigoroso na cobrança dos filhos e netos. Mas, há também quem sabiamente aconselha e passa sua experiência de vida com o devido respeito às individualidades e às diferenças culturais das novas gerações.
Na realidade, esse tema da participação dos avós na educação dos netos ganha ainda mais destaque, especialmente nesse tempo em que a sociedade vive a grave crise do conceito de família. São pais que estudam, trabalham, ficam desempregados ou se separam muito cedo e acabam deixando os filhos mais tempo com os avós. E é feliz quem tem a presença segura do vovô e da vovó, como amigos, conselheiros e companheiros de caminhada, contribuindo assim para o desenvolvimento emocional e espiritual dessas crianças e adolescentes.
Nesse contexto, o Papa Francisco afirma que “os avós na família são os depositários e, muitas vezes, testemunhas dos valores fundamentais da vida. A tarefa educativa dos avós é sempre muito importante e torna-se ainda mais, quando, por várias razões, os pais não são capazes de assegurar uma presença adequada ao lado dos filhos durante a idade do crescimento.”
Portanto, para se evitar a injusta generalização sobre a interferência dos avós na educação dos netos, é recomendável que se observe e considere a sabedoria das pessoas idosas que, por sua experiência de vida, têm mais habilidade no trato com as crianças e adolescentes. Mas, vamos combinar: PAI é pai e AVÔ é avô… E cada um deve agir conforme o combinado, para evitar conflitos.
Com toda essa vivência na educação dos próprios filhos, amadurecida pelo tempo de reflexão sobre seus erros e acertos, os avós têm papel fundamental na cultura do diálogo e da paz na família. Sempre com uma boa história para contar, eles são agentes de conscientização e formação das pessoas para uma relação familiar humanizada e fundada nas virtudes da fé, esperança e amor.
Para saber se estamos sendo bons “avós/pais”, proponho uma releitura do “Hino da Caridade”, escrito por São Paulo à Comunidade de Corinto, colocando SEU NOME no lugar da palavra AMOR ou CARIDADE. Com o devido respeito ao texto original da Palavra de Deus, a versão reflexiva torna-se uma verdadeira “Oração de Amorização”:
“O amor é paciente, é benfazejo; não é invejoso, não é presunçoso nem se incha de orgulho; não faz nada de vergonhoso, não é interesseiro, não se encoleriza, não leva em conta o mal sofrido; não se alegra com a injustiça, mas fica alegre com a verdade. Ele desculpa tudo, crê tudo, espera tudo, suporta tudo” (I Cor 13,4-7).
Este exercício espiritual pode ser repetido todos os dias, quantas vezes for necessário, pois é um santo remédio para uma vida familiar saudável.
“Bença vô! Bença vó!”
* José Expedito da Silva é avô, jornalista e apresenta o Jornal Café da Manhã na Rádio Canção Nova.