A Associação Comercial e Industrial de Campo Grande (ACICG) apurou por meio de seu Boletim Econômico que, no mês junho, o índice do Movimento do Comércio Varejista (MCV) foi de 91 pontos, apenas 1 abaixo do resultado verificado no mês de maio, e quatro pontos acima dos 87 registrados no mês de abril. “Tradicionalmente junho apresenta uma queda em relação a maio, quando é comemorado um dos períodos de maior movimento no comércio com o Dia das Mães. Este indicador reforça a tendência de melhora, apresentando dois meses consecutivos de perspectiva de crescimento”, expõe o economista da ACICG, Normann Kallmus.
O MCV/ACICG é um índice apurado a partir da evolução dos dados do setor, englobando as transações realizadas entre empresas e também entre consumidores e o comércio. Considerando a sazonalidade característica da atividade comercial, o MCV foi desenvolvido com base fixa definida pela média do desempenho do ano de 2014. O Índice é composto de dois outros sub índices que ajudam a avaliar sua evolução: o MCV-PF, que analisa as transações entre Pessoas Físicas e as empresas do setor terciário, e o MCV-PJ, que avalia as transações entre as empresas.
Conforme o levantamento, o MCV-PF de junho foi de 92 pontos, também ficando apenas 1 ponto abaixo do índice apresentado no mês anterior, mas acima dos 89 pontos registrados em abril. Já o MCV-PJ foi de 86 pontos, demonstrando uma contração de 5 pontos em relação ao mês de maio (91).
Kallmus diz que por esse demonstrativo, percebe-se claramente que o comportamento do MCV-PJ ainda persiste em níveis mais baixos e não responde de forma similar ao MCV-PF. “As razões para tal comportamento parecem ser: a inflação de custos, que restringe a demanda, a redução do número de estabelecimentos comerciais na base territorial, e a alteração da carga tributária estadual, que continua freando a reposição de estoques para nova composição de preços”, avalia.
Uma análise da série histórica demonstra que os resultados do mês de junho sempre foram mais baixos do que os de maio, sem, no entanto, comprometer a expectativa de continuidade da melhora leve dos indicadores a partir do segundo semestre. “A persistência dos índices de inflação, no entanto, exigiu a manutenção da taxa de juros básicos, o que necessariamente impacta negativamente na velocidade da retomada do crescimento da economia”, afirma o economista.
Ele ressalta que a confirmação da saída do Reino Unido da União Europeia (BREXIT) trouxe um reflexo enorme nas forças de mercado, atingindo não só as economias da Comunidade Europeia, mas também a América Latina. “A manutenção da taxa de juros básicos, aliada ao rearranjo da economia, com a retomada de uma postura claramente ortodoxa acarretam o aumento da atração de capital de risco internacional, aumentando a oferta de moeda internacional e gerando uma expectativa de redução da taxa de câmbio. Esta, por sua vez, reduz a expectativa de inflação”, finaliza o economista da ACICG, Normann Kallmus.