Em meados da década de 1950, século XIX, a fotografia já havia se beneficiado dos avanços técnicos, químicos e óticos que lhe permitiram abandonar os estúdios e avançar para a documentação imagética do mundo, com o “realismo” que a pintura não conseguia. A fotografia beneficiava-se também das noções de “prova”, “testemunho” e “verdade”, que à época lhe estavam profundamente associadas e que a credibilizavam como “espelho do real”.
A partir da década de 1920, há uma evolução significativa das câmeras fotográficas e dos métodos de impressão. Em 1936, surge nos Estados Unidos, a revista Life, que seria, durante muitos anos, a grande vitrine do fotojornalismo no mundo. Com a expansão do fotojornalismo, começam a surgir as agências fotográficas. Entre as pioneiras estão as agências UPI, Associated Press, France Presse, Reuters.
A primeira fotografia jornalística impressa numa revista, no Brasil, apareceu no dia 20 de maio de 1900, na “Revista da Semana”. A imagem mostrava um flagrante das comemorações do Quarto Centenário do Descobrimento do Brasil.
Atualmente, o caminho e o futuro da profissão de fotojornalista nos veículos impressos diários sofrem com a concorrência da internet e da tecnologia, que permitem com muito mais facilidade o desempenho de tarefas múltiplas (fotografar, filmar e gravar áudio). Porém, é possível constatar que o espaço para trabalhos autorais, de cunho marcadamente documental e abrangente tem aumentado sobremaneira nos veículos alternativos, nos livros fotojornalísticos e na própria internet.
O realismo e o valor documental da imagem fotográfica são uma discussão acentuada desde sua invenção, em 1839, até nossos dias. Cabe ao fotojornalista estabelecer sua forma de atuação e conduzir seu trabalho com objetividade, respeitando o momento histórico, as pessoas retratadas e, principalmente, os preceitos éticos inerentes, como no caso deste autor, à profissão de jornalista.
Criador de uma segunda realidade, mas nem por isso manipulador dos fatos, o fotojornalista tem a obrigação de registrar os acontecimentos cotidianos, desde os mais corriqueiros, que interessam a uma pequena comunidade, até os mais espetaculares, possibilitando às futuras gerações o conhecimento de um fragmento do passado que ajudou a construir a história do homem e as consequências de sua passagem pela terra naquele determinado momento.
É nesse sentido que o fotojornalista procura estabelecer uma forma de registro que contemple vários momentos presentes nas manifestações populares, na arquitetura dos grandes centros ou pequenas comunidades, nos conflitos mundiais ou mesmo locais, nas tragédias naturais ou provocadas pelo homem, nos estádios, autódromos e centros esportivos, no mar, na terra e no ar.
Nessa percepção de importância da imagem fotográfica atrelada à função documental e informativa, o fotojornalista caminha no decorrer dos tempos perseguindo não só sua capacidade de síntese no registro dos momentos como testemunha ocular, mas também como um fio condutor de informações que podem interferir diretamente na interpretação daquele que vê e reage perante os fragmentos da realidade.
* João Rangel Marcelo é fotojornalista e professor universitário