A etapa de Ponta Porã do Circuito Aprosoja 2016 levou mais de 200 pessoas ao Sindicato Rural da cidade na noite desta quinta-feira (15). Pela primeira vez participando do projeto, André Nassar, ex-secretário de políticas agrícolas do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), falou sobre os desafios produtivos do Brasil para os próximos anos.
Em 10 anos o país tem o desafio de aumentar sua produção para atender a crescente demanda por produtos agro no globo. No caso dos grãos soja e milho, Nassar detalhou as estimativas de organizações mundiais que preveem que, de 24% de participação no mercado atualmente, o Brasil crescerá para 27%.
Crescimento em 10 anos
Além disso, do volume total de grãos que o mundo vai importar para consumo – que serão 56,4 milhões de toneladas de grãos a mais do que a quantidade já consumida – o Brasil vai fornecer 41% para atender esse mercado.
No entanto, para o especialista, que é mestre e doutor pela Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (USP), a disponibilidade de crédito rural é um fator determinante no alcance desses números.
Levantamentos elaborados por ele e apresentados na ocasião, indicam que o crescimento da produtividade brasileira é proporcional à disponibilidade de crédito. “Isso acontece por que, quanto mais o produtor tem acesso a crédito, mais cresce a expectativa dele. Ou seja, a disponibilidade de crédito faz o produtor plantar”, explicou.
Entretanto, essa não é uma equação fácil, uma vez que a adesão a empréstimos é fortemente influenciada por fatores como as taxas de juros.
Crédito rural
“Para garantir o crédito rural é preciso diminuir os juros, mas já começa a ser difícil para o governo (federal) manter essas taxas baixas, uma vez que, para isso, a União dedica muitos recursos. Como sabemos, o Brasil está no meio de uma crise fiscal que dificulta a manutenção dessas taxas em níveis mais baixos”, analisou.
Por isso, para ele, o país precisa começar a migrar para uma política de mitigação de riscos. Como parte dessa política, existem medidas a serem tomadas que incluem diferentes tipos de seguro.
“Precisamos criar uma política de gestão de risco, onde temos o seguro de produtividade – que é aquele que protege o produtor contra riscos climáticos – combinado com uma Política de Garantia de Preços Mínimos (PGPM), que protege os preços antes da safra, e/ou um seguro de faturamento, e assim o produtor pode escolher como combinar tudo isso”, detalhou.
Outros especialistas
Participaram ainda do evento o pesquisador Mauro Osaki, mestre em Ciência Econômica Aplicada pela Esalq-USP e doutor em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de São Carlos. Na noite, o especialista falou sobre custos de produção, tema sempre abordado por ele no Circuito Aprosoja. (Para acesso a mais informações sobre as palestras de Osaki sobre custos de produção, acesse: http://goo.gl/UQ14zj.) Por fim, Patrick Marques Dourados, mestre e doutor em Entomologia também pela Esalq-USP, falou sobre regulamentação e manejo da resistência de insetos em culturas Bt e detalhou análises e estudos sobre Biotecnologia na agricultura.
O presidente do Sindicato Rural de Ponta Porã, André Cardinal Quintino, deu as boas-vindas aos participantes enaltecendo a importância do conhecimento e da disseminação de informações especializadas.
Já o presidente da Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso do Sul (Aprosoja/MS), Christiano Bortolotto, elogiou a atuação do sindicato na participação de projetos desenvolvidos pela entidade e pelo Sistema Famasul (Federação de Agricultura e Pecuária de MS), destacando a pujança da região sul do Estado na produção agropecuária.