Em outubro, a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor de Campo Grande (IPC/CG) fechou em 0,33%, 0,07% superior ao mês de setembro, quando ficou em 0,26%. No comparativo entre a série histórica dos meses de outubro, é a menor taxa desde 2006. O indicador também é 0,64% inferior ao registrado em outubro do ano passado, quando chegou a 0,97%, segundo o Núcleo de Estudos e Pesquisas Econômicas e Sociais (Nepes) da Uniderp, o que favoreceu a queda da inflação acumulada nos 12 meses.
De acordo com o coordenador do Núcleo, Celso Correia de Souza, os principais responsáveis pela inflação do mês passado foram os grupos: Transportes, com índice de 1,60% e contribuição de 0,13%; Vestuário, com alta 1,21% e colaboração de 0,10%; Habitação, com 0,11% e contribuição de 0,04%; e Despesas Pessoais, com 0,39% e participação de 0,04%). Já o grupo Educação contribuiu para segurar a inflação, com índice de -1% e contribuição de -0,01%.
“A alta do combustível etanol pesou no índice de outubro, mas ainda assim as perspectivas da inflação para os próximos meses são boas, pois temos registrado um comportamento de percentuais mais baixos que as variações mensais do ano passado. Com a melhora do clima, que tem favorecido a produção de cereais, hortifrutícolas e leite, baixando seus preços, a tendência é que o grupo Alimentação não aumente em grandes proporções nos próximos meses e ajude a segurar o índice inflacionário até dezembro. Poderá haver alta, porém, não de grande impacto”, analisa Celso.
Acumulado
A inflação acumulada nos últimos doze meses houve redução de 8,99% (setembro) para 8,30%, mas ainda está acima do teto de 6,5% e do centro de 4,5% das metas estabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
O pesquisador da Uniderp também contextualiza que “mesmo com redução, a inflação acumulada de 2016 não deve atingir o teto da meta, como é esperado pelo governo, de 6,5%, pois, a queda está muito lenta”, explica Celso. Nos últimos 12 meses os maiores índices acumulados por grupo foram: Alimentação (13,43%), Educação (10,23%) e Despesas Pessoais (9,19%).
No acumulado de 2016, a inflação já atinge 6,19%, ultrapassando o centro da meta do Conselho Monetário Nacional. Registraram os maiores índices nesse período: Educação (10,02%), Alimentação (7,71%), Despesas Pessoais (7,96%) e Saúde (7,13%). “Percebe-se, que a inflação tem impactado com mais força as classes de menor poder aquisitivo, que priorizam a alimentação nesse período de dificuldade”, complementa o professor.
Maiores e menores contribuições
Os dez “vilões” da inflação, em outubro, foram:
Alcatra, com inflação de 14,60% e contribuição de 0,17%;
Etanol, com inflação de 8,35% e contribuição de 0,15%;
Laranja pera, inflação de 17,02% e participação de 0,03%;
Frango congelado, com variação de 4,32% e colaboração de 0,05%;
Tomate, com acréscimo de 13,62% e contribuição de 0,03%;
Azeitona, com aumento de 14,20% e participação de 0,02%;
Maizena, com variação de 52,90% e colaboração de 0,02%;
Maçã, com acréscimo de 8,84% e contribuição de 0,01%;
Carne seca/charque, com reajuste de 7,65% e participação de 0,01%;
Óleo de soja, com elevação de 2,93% e colaboração de 0,01%.
Já os 10 itens que auxiliaram a reter a inflação no período, com contribuições negativas, foram:
Leite pasteurizado, com deflação de -7,74% e contribuição de -0,09%,
Pescado fresco, com redução de -11,60% e colaboração de -0,08%;
Pneu, com diminuição de -4,21% e participação de -0,05%;
Alface, com decréscimo de -21,47% e contribuição de -0,05%;
Calça comprida masculina, com baixa de -3,01% e colaboração de -0,04%;
Paleta, com diminuição de -9,49% e participação de -0,03%;
Acém, com redução de -3,32% e contribuição de -0,03%;
Sapato feminino, com decréscimo de -4,16% e colaboração de -0,02%;
Feijão, com queda -4,89%% e participação de -0,02%;
Mamão com baixa -22,40% e contribuição de -0,02%.
Segmentos
Em outubro, o grupo Habitação teve alta de 0,11% em relação ao mês anterior, motivada, principalmente, pelo aumento de produtos de uso doméstico, como álcool para limpeza (5,11%), liquidificador (3,66%), água sanitária (2,66%), entre outros. Quedas de preços ocorreram com detergente (-3,98%), aparelho de som (-3,51%), refrigerador (-3,18%), entre outros.
Diferente do último boletim, o grupo Alimentação fechou em alta de 0,07%. As maiores elevações de preços ocorreram com: salsa (39,17%), cheiro verde (20,12%), laranja pera (17,02%), entre outros. Fortes quedas ocorreram com: chuchu (-29,79%), mamão (-22,40%), alface (-21,47%), entre outros. O leite pasteurizado continuou a baixar de preço, queda de -7,74%, bem como o feijão, que caiu -4,89%.
“Com a melhora do clima, que favorece a produção de cereais, hortifrutícolas e leite, o grupo Alimentação pode contribuir para a queda da inflação em nossa cidade. A carne bovina pode a preocupar neste momento, pois, o fim do ano é a ocasião em que normalmente ela aumenta de preço devido à elevação do consumo”, analisa o Celso.
Dos 15 cortes de carnes bovina pesquisados pelo Nepes da Uniderp, seis deles sofreram aumentos de preços. São eles: alcatra (14,60%), cupim (13,61%), coxão mole (4,37%), lagarto (3,61%), patinho (1,75%) e contrafilé (1,54%). Já os que tiveram redução de valor, são: ponta de peito (-9,57%), paleta (-9,49%), picanha (-5,73%), vísceras de boi (-5,03%), acém (-3,32%), filé mignon (-2,45%), costela (-2,34%), fígado (-2,30%) e músculo (-0,62%). Em relação ao frango, a versão congelada aumentou 4,32% e os miúdos registraram alta de 1,36%. Sobre a carne suína, o pernil subiu 1,79%, já a costeleta e a bisteca caíram -4,85% e -1,79%, respectivamente.
Em outubro, o índice do grupo Transportes fechou em 1,60%, devido a aumentos de preços de etanol (8,35%) e passagem de ônibus interestadual (2,57%). Houve queda no preço da gasolina, de -0,45%. “A expectativa entre consumidores era de que o preço da gasolina começasse a ceder depois que a Petrobras anunciou redução de 3,2% nas refinarias. Para parcela do mercado, porém, a atual manutenção de preços da gasolina ao consumidor — apesar da redução do valor na refinaria — pode estar relacionada ao preço do etanol, o anidro, que é misturado em 27% ao combustível fóssil. De qualquer forma, pode-se comemorar, mesmo que timidamente, pois, era para a gasolina estar subindo proporcionalmente ao etanol, o que não vem acontecendo”, analisa o professor Celso.
O grupo Educação apresentou deflação e fechou com índice de -1%. Já o grupo Despesas Pessoais ficou em 0,39%. Entre os produtos que tiveram elevação de preços estão: cinema (8,10%), absorvente higiênico (5,90%), hidratante (3,39%), entre outros. Quedas de preços ocorreram com sabonete (-0,85%), protetor solar (-0,66%) e produto para limpeza de pele (-0,02%).
O grupo Saúde também apresentou com alta: de 0,17%. Alguns produtos com aumentos de preços foram: anti-infeccioso e antibiótico (1,48%), anticoncepcional e hormônio (0,24%), anti-inflamatório de antirreumático (0,09%), entre outros. Quedas de preços ocorreram com antimicótico e parasiticida (-0,17%) e vitamina e fortificante (-0,02%).
Último grupo pesquisado, Vestuário registrou elevação de 1,21%. Entre os principais aumentos, destaque para short e bermuda masculina (2,64%), camiseta feminina (2.02%) e sapato masculino (1,60%). Quedas de preços ocorreram com calça comprida masculina (-3,01%), camisa masculina (-2,90%) e lingerie (-0,94%).
IPC/CG
O Índice de Preços ao Consumidor de Campo Grande (IPC/CG) é um indicador da evolução do custo de vida das famílias dentro do padrão de vida e do comportamento racional de consumo. O IPC busca medir o nível de variação dos preços mensais do consumo de bens e serviços, a partir da comparação da situação de consumo do mês atual em relação ao mês anterior, de famílias com renda mensal de 1 a 40 salários mínimos. A Uniderp divulga mensalmente o IPC/CG.