Campo Grande (MS) – Foi aberto na noite desta quinta-feira, no auditório da Unigran Capital, o 17º Encontro do Proler. Junto com o Proler acontece o 16º Encontro do Sistema Estadual de Bibliotecas Públicas.
O Proler é um projeto que visa à aproximação da população com a literatura e os espaços de leitura. Em sua 17ª edição, o tema é “Cultura Urbana e Bibliotecas: (pré)ocupações”. O objetivo é dar visibilidade para os poetas, escritores e agentes de rua, pessoas que fazem literatura sobre pessoas e para pessoas.
O Encontro foi aberto com música barroca, uma suíte de Johann Sebastian Bach, interpretada pelo músico Marcelo Fernandes, ao violão, com declamação de poesias de Cecília Meirelles pelo professor e poeta Geraldo Vicente Martins.
Logo após, a coordenadora do Comitê Proler, Melly Fátima Goes Sena, agradeceu aos organizadores e todos os colaboradores do Proler e também à palestrante da noite, Adriana Ferrari. “Espero que aproveitem este momento. Convido para a palestra de amanhã, com Sérgio Vaz. No sábado tem diversas oficinas, contação de histórias no Horto Florestal. Foi elaborado um cardápio de atividades pensado com muito carinho para vocês, espero que possam aproveitar”.
A superintendente de Economia Criativa da Secretaria de Cultura, Turismo, Empreendedorismo e Inovação (Sectei), Cláudia Medeiros, desejou boa noite a todos e dirigiu aos participantes algumas palavras da secretária adjunta de Cultura, Andréa Freire, que se encontra na Bahia para o Encontro de Secretários de Cultura. “Seja bem-vinda, professora Adriana, que está aqui para compartilhar com a gente. O Proler dá condições para a prática da leitura e ocupação dos seus espaços. A meta 26 do Plano Estadual de Cultura é a aproximação entre cultura e educação. Para ter sucesso é preciso ter formação. Parabéns a todos e vamos dar início ao Proler esta noite”.
A palestrante da noite, Adriana Cybele Ferrari, é bibliotecária, com especialização pela PUC-Campinas em Sistemas de Informação, MBA em Gestão da Qualidade pela Escola Politécnica da USP. Atualmente é assessora da reitoria da USP e presidente da Federação Brasileira de Associações de Bibliotecários, Cientistas da Informação e Instituições (Febab). Ela agradeceu o convite, por ter sido lembrada. “Não sou da área acadêmica, sou uma profissional com experiência de campo que tive na Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo”.
Ela iniciou sua palestra falando sobre o Sistema Estadual de Bibliotecas, criado em outubro de 1984 com a ideia de revitalizar as bibliotecas públicas. Segundo Adriana, na época existiam cerca de 420 bibliotecas no Estado de São Paulo. “As bibliotecas eram convidadas a fazer um convênio com a Secretaria de Cultura para contratação de bibliotecários”.
Nos anos 90, o sistema sofreu uma falência, continuando apenas com os convênios já firmados para projetos existentes. Em 2003 foi criado o “Programa São Paulo: um Estado de leitores” visando zerar o número de municípios sem bibliotecas públicas. Oitenta e quatro dos 645 municípios de São Paulo não tinha bibliotecas.
Em 2007 a estrutura do Sistema passou a funcionar no Centro de Bibliotecas ligado à Unidade de Fomento e Difusão da Produção Cultural. Nesta época, Adriana começou a fazer os seguintes questionamentos: Como incentivar a leitura, promover o gosto pela leitura? Como contribuir para a construção de uma sociedade leitora? Como colocar a biblioteca na pauta dos municípios?
Para isto, ela desenvolveu algumas ações, como: realizar diagnóstico e estabelecer metas para que todo município tenha pelo menos uma biblioteca pública; conhecer a realidade local dos municípios; conhecer principalmente as pessoas que estão à frente das bibliotecas; repensar o papel da biblioteca pública em suas comunidades; prestar assistência aos municípios.
Surgiu a ideia de uma Biblioteca Modelo, de incentivo à leitura no Estado, para apresentar aos municípios e buscar “repaginar” as já existentes. Buscou-se exemplos na Colômbia e no Chile.
Para Adriana, o exemplo de uma Biblioteca Viva é uma instituição social formadora, cuja função central é garantir a toda a população o acesso à cultura escrita, acesso entendido como um direito ao cidadão. “Vai além de oferecer possibilidades de leitura e escrita a pessoas que já fazem parte dessa cultura. É uma verdadeira revolução que transforma, de forma definitiva, o antigo espaço destinado a guardar livros. É sinônimo de espaço dinâmico de grande atração para indivíduos de todas as classes sociais. Deve ser um lugar em que as pessoas gostam de estar. Biblioteca é lugar de pessoas, o protagonismo não pode ser das coleções”.
Ela disse que quem deve trabalhar nas bibliotecas vivas deve ter o seguinte perfil: quem gosta de ler; quem sabe elaborar projetos culturais; quem sabe e quer trabalhar transversalmente com outras áreas, como música e teatro; pessoas dinâmicas e positivas; quem gosta de gente e é empreendedor; quem entende que leitura transcende as barreiras arquitetônicas.
Para a construção da Biblioteca Modelo foi buscado um local que pudesse receber o projeto. Foi escolhido o Parque da Juventude, porque reunia as dimensões e características para o projeto, principalmente pela facilidade de acesso. Foi contratado um escritório de arquitetura e o término do projeto data de abril de 2009. No dia 8 de fevereiro de 2010 foi feita a inauguração da Biblioteca de São Paulo e no dia 2 de dezembro de 2014 foi inaugurada a Biblioteca Parque Villa-Lobos com este conceito de espaços de convívio.
Adriana diz que a biblioteca deve ser um ambiente que precisa apoiar sonhos e transformar a vida das pessoas. “É preciso olhar holisticamente para as pessoas. Ser um leitor pleno é um cidadão preparado para a vida. Trazer esse tema para o Proler é importante porque temos que ter um trabalho conjunto. O Proler é um incentivo, mais um braço na biblioteca, proporciona o acesso ao equipamento cultural que é a biblioteca. A biblioteca seria o coração e o Proler, os braços”.
Nesta sexta-feira (18), também às 19 horas, na Plataforma Cultural -Avenida Calógeras, 3015-, será proferida a palestra “Literatura das ruas – Como os Saraus que se proliferam nas periferias tem contribuído na formação de novos leitore(a)s e poetas/escritore(a)s no país”, com Sérgio Vaz. Sérgio é hoje um dos nomes que estão fazendo a periferia paulistana sonhar e ao mesmo tempo realizar.
Para mais informações sobre a programação, visite o site http://prolerms.wixsite.com/prolerms/. Comitê Proler Campo Grande: (67) 3316-9155.