Na quinta posição do ranking de produção de soja e 3ª na exportação, Mato Grosso do Sul foi o palco do lançamento nacional da colheita do grão nesta quinta-feira (26). Com a presença do ministro interino da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Eumar Novacki, o evento em Ponta Porã lotou de agricultores de todas regiões brasileiras, que estão otimistas com os números da produção, que devem superar as 103 milhões de toneladas, estimadas pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
O conselheiro da Associação dos Produtores de Soja de MS e produtor rural, Almir Dalpasquale, espera que neste ciclo a safra nacional ultrapasse a produtividade 50 sacas por hectare, podendo algumas regiões atingirem até 60 sacas de média. “Vamos com certeza ultrapassar o volume esperado pela Conab. Parte desses números serão elevados pela região de MATOPIBA, onde são encontradas lavouras de alta qualidade e rendimento”, afirma Dalpasquale.
Para o presidente do Movimento Nacional dos Produtores (MNP), Rafael Nunes Gratão, a vantagem de uma produtividade mais alta será refletida na pecuária. “Estamos entrando no quarto mês seguido de queda na arroba do boi, desenhando um cenário de baixa capitalização do pecuarista devo a baixa no consumo de carnes. O volume de grãos, maior que o esperado, contribui com a queda dos custos no processo de engorda”, defende Gratão, também diretor do Sindicato Rural de Campo Grande.
Segundo o Comitê Estratégico Soja Brasil (CESB) a média brasileira na produtividade da soja, estagnado há mais de 10 anos, na casa das 50 sacas por hectare, precisa ser alterada em nível de urgência. “Entre os inscritos no Desafio de Produtividade do Comitê, com produtividade abaixo de abaixo de 60 sacas, verificamos que a problemática está no solo. Compactação, excesso de alumínio e falta de cálcio são os principais causadores das baixas produtividades”, pontua o diretor do CESB, José Erasmo Soares.
O agrônomo de Ponta Porã, Antônio Cavicchioli, viabilizou na safra passada, na Fazenda Jaguarundy, 127 sacas por hectare, maior registro de produtividade já registrado em MS pelo CESB, média que não deve se repetir no ciclo 2016/17, devido às chuvas espaçadas e desuniforme. “Em novembro enfrentamos 30 dias sem chuvas em Ponta Porã, um veranico que não esperávamos. Esse fenômeno cortou nossa expectativa de produtividade pela metade”, lamenta.
Segundo o diretor do CESB a solução para elevar a produtividade da safra, não está vinculada ao aumento dos custos, mas no melhor filtro de informação. “Uma simples adubação e correções com calcário, já elevariam nossas produtividades em 10 sacas por hectare, pelo menos”, estima o diretor.