Quedas frequentes de energia elétrica causam perdas de produtos perecíveis, queima de eletrodomésticos, impossibilitam acesso à água para consumo e para o gado, e acentuam os prejuízos dos produtores rurais e empreendedores do município de Rochedo. Os relatos vieram à tona neste sábado (4), em reunião entre representantes do Sindicato Rural de Campo Grande, com cerca de 10 produtores da zona rural de Rochedo. Em uma das propriedades, a falta de assistência pela concessionária, fez com o produtor investisse cerca de R$ 30 mil. Em outras a alternativa foi apelar para placas solares.
Peixes, produção leiteira, carnes, vacinas e outros produtos estão na lista de perdas dos produtores.
Entre os prejudicados está o pecuarista Gerardo Eriberto de Morais, da Estância Morais, que convidou os criadores da região para se reunirem ao jurídico e presidência do Sindicato Rural de Campo Grande, Lucas Abes Xavier e Ruy Fachini Filho, respectivamente, para expor a problemática. Morais se sentiu na obrigação de adquirir painéis de energia solar para diminuir o impacto. “Na atual condição não dá para depender da Energisa. As quedas frequentes queimaram um freezer, duas geladeiras, perdemos comida, vacinas para gado e outros medicamentos”, pontua o produtor.
Para driblar a situação foram necessários em torno de R$ 5 mil de investimento em kits de painéis solares. São duas placas solares, controlador e baterias, que hoje mantêm parte da energia da sede, a cerca elétrica da propriedade, o repetidor do sinal de celular, duas lâmpadas, além de um sistema de segurança que está em instalação.
“A queda de energia pode até ser inevitável, o que não dá para se admitir é a demora para restabelecer”, pontua o advogado do Sindicato, Lucas Abes Xavier, que acompanhará os processos e orientações aos produtores junto à Superintendência para Orientação e Defesa do Consumidor (Procon), com a finalidade de ressarcir as perdas dos eletrodomésticos.
O presidente do Sindicato, Ruy Fachini Filho, confirma que evita a judicialização da causa. “Não queremos chegar a este nível de processo. Nos comprometemos com os produtores da região de Rochedo a agendar uma reunião com a Energisa e buscar soluções imediatas para o problema”. Ainda, segundo o presidente, as queixas não estão só em Rochedo. “É um problema alastrado pelas propriedades rurais de Mato Grosso do Sul”.
Mauricio Pereira de Jesus, da Fazenda Califórnia, teve a necessidade de contratar serviços particulares para revisar os equipamentos que viabilizam a energia elétrica na sua propriedade. Ele verificou a necessidade de adquirir transformador, chave banana, entre outros materiais, incluindo postes, gastando assim cerca de R$ 30 mil. “Sei que não é uma obrigação minha, mas, ou fazia isso, ou ficava sem água do poço e energia elétrica no dia-a-dia”, relata o produtor.
Em uma toada semelhante, com quedas de energia frequentes, sendo que cada uma dura cerca de 3 dias, Sebastião Pani Vilela, do Sítio JV, também chegou a ficar sem água para consumo por não ter energia para retirá-la do poço. “Sem a bomba elétrica funcionar, também ficamos sem transferir água para os animais, tendo de buscar alternativas. Fizemos contato com a Energisa, mas os retornos são demorados e muitas vezes não solucionam”, detalha o produtor que retira leite do resfriador e o transforma em leite para não perder o produto.
O Sindicato Rural de Campo Grande orienta todos produtores com problemas semelhantes a buscar a entidade com relato por escrito, que serão protocolados e encaminhados à concessionária. Sobre as perdas de eletrodomésticos, o jurídico indica a necessidade de um laudo técnico que comprove o motivo da queima, para tornar viável a ação junto ao Procon.