A maioria das pessoas ligada ao agronegócio conhece a Cota Hilton, que é o volume de cortes de carnes de alto padrão concedido e determinado pela União Europeia (UE) para os países exportadores deste produto. Já a Cota 481 é um assunto pouco abordado no setor, mas que já vem despertando o interesse de pecuaristas brasileiros, devido à diferença de preço do produto de valor agregado.
O assunto será destaque no Confinar 2017, evento que acontece entre os dias 23 e 24 de maio, no Centro de Convenções Rubens Gil de Camillo. Com o tema: ‘Desafios e adequações nutricionais e de manejo para o acesso à Cota 481: a experiência argentina’, o médico veterinário, Juan José Couderc, dará dicas para quem quer investir neste mercado.
A Cota 481 trabalha especificamente com carne de animais confinados, para a União Europeia (UE). No Brasil, apesar de recente, o mercado começando a operar “de forma fluida”. O obstáculo, na avaliação do especialista argentino, está nas muitas exigências por parte do mercado comprador. “A Cota 481 abrange contingente de carne de alta qualidade produzida em confinamento. As exigências são restritas em relação ao tipo de alimentação (mínimo 100 dias em dietas de muito alta energia), conformação dos cortes de carne, ausência de hematomas, idade do bovino no momento de abate (devem ser menores de 30 meses)”, explica o palestrante.
Para Couderc, a diferença de preço entre o Cota 481 e outros canais de venda pode chegar a 10%. “Quando conseguimos a abertura da Cota na Argentina, o aumento verificado era de 5%, mas este resultado estava associado à nossa taxa de câmbio e ao alto preço interno da carne”, explica o especialista que acrescenta também: “No entanto, as vendas começaram a crescer gradualmente, impulsionadas pela demanda dos compradores. Com isso, a participação da Argentina começou a subir, motivando um preço maior ao produtor”.
A carne produzida na Cota 481 apresenta um bom marmóreo, ou seja, infiltração de gordura intramuscular, com maciez, aroma, etc. O especialista argentino cita que este sistema de negociações abriu portas do mercado europeu para países como Estados Unidos, Austrália, Uruguai, Nova Zelândia, Argentina e Canadá. “Os argentinos começaram a exportar carne dentro desta Cota em 2015. Entretanto, com uma pequena participação, já que o mercado ainda não era muito atrativo”.
Atualmente, a Cota envolve 18 cortes de alto valor, sendo que grande parte tem um preço ainda maior que os registrados na Cota Hilton. “Na Hilton, Argentina vende carne produzida a pasto, com pouca suplementação”.
E no Brasil? O especialista estabelece um parâmetro comparativo entre os dois países na produção pecuária e apresenta otimismo em relação a este seleto mercado. “Brasil e Argentina têm muitas semelhanças em relação à pecuária de corte. Pecuaristas e frigoríficos, com muitos anos de experiência, técnicos altamente capacitados, vocação de produzir cada vez mais e melhor, conseguiram nos últimos anos um rápido desenvolvimento de confinamento profissional, com alta eficiência”.
Sobre o palestrante – Juan José Couderc é médico veterinário, com mestrado em Nutrição Animal. Realizou pesquisas sobre nutrição de vacas leiteiras em pastagem e confinadas, com ênfase em engorda do gado em confinamento e pastagem, suplementação e semi-confinamento. Desde 2011, o palestrante dirige a nutrição do confinamento que forneceu 50% da carne produzida em Argentina para ser exportada na cota 481
Sobre o evento – Confinar está em sua 6ª edição e se consolida como um dos principais do agronegócio brasileiro. Em 2016 registrou cerca de 1,5 mil pessoas, de vários estados e até de outros países. O evento é organizado pela Company Eventos e a empresa responsável pela comunicação do simpósio é Agro Agência Assessoria. Para mais informações, acesse: http://confinar.net/ e faça sua inscrição.