O segmento de atacado de autosserviço, popularmente conhecido como “atacarejo” sempre foi frequentado majoritariamente por pequenos comerciantes, donos de restaurantes e de lanchonetes. Mas, nos últimos cinco anos, observa-se nessas lojas um crescente movimento também dos consumidores finais, atraídos pelo preço baixo e economia características do setor. E esse comportamento foi confirmado por pesquisa inédita no setor realizada pelo Data Popular em parceria com o Assaí Atacadista, uma das maiores redes de atacado de autosserviço do Brasil, com aproximadamente 10 mil clientes em todas as regiões do País, durante o mês de outubro de 2016.
A principal constatação da pesquisa é a confirmação de um movimento efetivo de consumidores finais para essas lojas, em busca de economia diante de uma situação econômica mais desafiadora. 56% dos entrevistados afirmam ter passado a fazer compras no segmento por conta da crise e, destes, 98% dizem que pretendem continuar comprando quando a situação melhorar. Esse consumidor final que passou a frequentar as lojas é representado por 61% de mulheres, 22% acima dos 56 anos e maioria de classe média. Esses clientes vão às lojas com duas finalidades: compra abastecedora e de reposição. Na primeira, 58% dos clientes dizem ir apenas uma vez por mês às lojas, enquanto 15% vão a cada 15 dias. Para reposição, 39% vão de uma a duas vezes por semana e 28% a cada 15 dias.
“A pesquisa contribuiu para confirmar o que já vinha sendo percebido por aqueles que estão constantemente no chão da loja: o fluxo de pessoas comprando para consumo domiciliar e a contribuição deste público para o negócio vem crescendo em consonância com as tendências internacionais. Hoje, o atacado atrai homens e mulheres, de todas as idades e em diferentes momentos de vida, representando todas as classes sociais”, analisa Dorival Mata-Machado, sócio-diretor do Data Popular. Hoje, 54 % dos clientes do Assaí pertencem à classe média, enquanto 35% são de classe alta.
Na pesquisa, metade dos entrevistados foi levada à primeira compra pelo cenário econômico adverso, ou seja, pela busca de economia no bolso. “Mas esses novos clientes se mostraram absolutamente surpreendidos pela gama e variedade de produtos e marcas oferecidos a preços altamente competitivos. Praticamente 100% dos clientes vão continuar comprando mesmo com a melhora do cenário econômico brasileiro, não somente por causa dos preços, mas também por causa da variedade e qualidade dos produtos, do atendimento nas lojas e da facilidade de pagamento, entre outras características da loja que foram uma grata surpresa para os novos clientes”, diz Mata-Machado.
Especificamente no Assaí, esse movimento tem sido observado nos últimos anos. “A atual situação econômica faz com que as pessoas, independente de classe social, busquem uma maior economia nas suas compras e acabam por optar pelo setor de atacado de autosserviço, que passa a ser uma alternativa importante nesse processo de contenção de gastos. E assim como se viu no momento pós-crise dos EUA, a lógica é que os clientes do modelo de atacado permaneçam, primeiramente pelo foco no atendimento ao público PJ, que deve continuar em pleno aquecimento; e também na aderência dos novos públicos que vieram nos últimos anos e que continuarão enxergando as vantagens das compras em alto volume. Além disso, o food service deve retomar crescimento também no pós-crise, mantendo aquecida a procura pelos atacados para abastecimento de seus estabelecimentos”, explica Belmiro Gomes, Presidente do Assaí Atacadista.
E o executivo da rede de atacado também destaca a expansão do segmento como um dos fatores da popularização dessas lojas – somente o Assaí inaugurou 13 novas unidades em 2016. “Não apenas a situação econômica é responsável pelo crescimento do setor. Hoje, a expansão do segmento, e do Assaí propriamente dito, também é responsável pelo aumento de clientes nas lojas de ‘atacarejo’. Isso porque, com a abertura de novas lojas em regiões que ainda não conheciam o segmento, trazem uma nova alternativa de compra, possibilitando uma maior economia. Portanto, a expansão do segmento também pode ser apontada como uma das responsáveis pela popularização dos ‘atacarejos’”, complementa o executivo.
Além disso, o segmento também vem passando por uma remodelação de suas lojas. Desde 2012 o Assaí vem realizando uma reestruturação cujo foco foi desenvolver um modelo de negócio ainda mais voltado aos seus públicos-alvo. A estratégia tem como principal objetivo oferecer condições de maior rentabilidade, otimização do capital de giro e o melhor mix de produtos de acordo com o perfil dos clientes. Uma das mudanças mais percebidas no novo formato é o aumento da área de estocagem na loja, com a elevação do pé direito e metragem das unidades fazendo com que os produtos possam ser armazenados no ponto de venda ao mesmo tempo em que facilita a operação de reposição e giro dos estoques. A estrutura física das lojas ficou mais clara, com fachadas de vidro que permitem a entrada de luz natural, amplas e confortáveis, com ar-condicionado e estacionamento coberto. “Essas adequações fazem toda a diferença para o cliente, principalmente para esse público que passou a conhecer o ‘atacarejo’ nos últimos dois anos. Além do atrativo de preços mais baixos e economia nas compras, uma loja confortável e de fácil circulação, colabora para tornar o momento da compra mais agradável e fideliza o cliente que está pela primeira vez em uma das nossas lojas”, comenta o presidente do Assaí Atacadista.
Diferenciais e atrativos
A pesquisa do Data Popular confirmou que o preço é o que mais atrai o cliente das lojas de “atacarejo” a continuar comprando no segmento. Quando se pergunta ao cliente o motivo pelo qual ele decidiu realizar suas compras no Assaí, o preço realmente aparece com destaque, com 83% das citações, seguido por variedade de produtos (36%), localização da loja (35%) e promoções (34%).
“Um dos nossos principais diferenciais é a política de dois preços. Isso quer dizer que a partir de uma pequena quantidade de um determinado produto do mesmo sabor, fragrância ou tipo, já é possível pagar o valor de atacado e economizar, o que reflete no valor final da compra. O cliente não precisa comprar uma caixa de um produto para conseguir valores mais competitivos. A partir de pequenas quantidades isso já é possível. Essa dinâmica ajudou os clientes a perceberem as facilidades de se fazer compras em uma loja de atacado de autosserviço, seja para qual finalidade for. Além disso, dados da consultoria Nielsen aponta uma economia entre 15% e 20% no valor final de uma compra realizada no ‘atacarejo’, se comparada com um canal de varejo tradicional”, analisa Belmiro Gomes.
Uma outra constatação da pesquisa se refere ao comportamento de compra dos clientes quando no que tange às marcas dos produtos. A pesquisa mostra que a marca é importante principalmente na compra de básicos (como arroz e feijão) e de higiene pessoal. Nas demais categorias, o cliente de “atacarejo” não considera tanto a marca, mas, sim, o preço. Utilidade doméstica, com 57% do fator determinante preço, perecível/açougue, mercearia/padaria, ambos também com 57%, são os destaques.
Os “atacarejos” representam um grande atrativo para o brasileiro que busca driblar a situação econômica mais desafiadora no dia a dia, procurando as mais diferentes alternativas de consumo. Principalmente por estarem atentos ao fato de que as classes populares funcionam em rede – não só aproveitaram o boom da economia juntos, como também hoje enfrentam a crise juntos. “Os provedores de internet já aprenderam a lidar com os roteadores pendurados na janela das casas, distribuindo Wi-fi para os vizinhos mais próximos. O mesmo modelo foi aprendido pelo Assaí, que possibilita a utilização de diferentes cartões de crédito em uma mesma compra, permitindo que várias famílias aproveitem os descontos da compra em atacado, sem pesar no bolso ou estragar produtos na dispensa”, analisa o executivo do Data Popular.
“Quando perguntados sobre como conheceram a loja, mais da metade citou que ficaram sabendo por meio de amigos, familiares, vizinhos e colegas. Por isso também que o formato veio para ficar, não é só uma solução emergencial para um momento de crise, uma estratégia para lidar com a restrição financeira, mas uma solução pensada e validada entre seus pares”, exemplifica.