O Índice de Negativação do Comércio (INC) apurado pela Associação Comercial e Industrial de Campo Grande (ACICG) encerrou o mês de maio em 35 pontos, três acima do indicador de abril, e dois pontos acima do mesmo período em 2016. Já o Índice de Recuperação de Crédito (IRC), atingiu 45 pontos, 10 acima do mês de abril.
O economista-chefe da ACICG, Normann Kallmus alerta que o varejo deve se manter atento e que não se deixe levar pela vontade de faturar mais. “É melhor não vender do que vender e não receber. Embora a situação não seja crítica, quando comparado com o IRC, percebe-se que está esgotada a capacidade de recuperação do crédito. Claro que, se comparado com o indicador de 2015, que era de 173 pontos, podemos afirmar que tendemos a uma situação de estabilização em patamares muito mais baixos, no entanto é necessário considerar que não existem indicações de uma retomada mais efetiva dos níveis de emprego nos próximos meses, o que aumenta o risco de inadimplência”, explica.
Embora o Índice de Recuperação de Crédito tenha aumentado em 10 pontos, o economista diz que isso não foi suficiente para reduzir a massa de inadimplentes. “Registramos em maio um aumento superior a 2.200 títulos no estoque de inadimplidos, enquanto em maio do ano passado houve uma redução de estoque de 4.400 títulos. No ano, já registramos um crescimento no estoque de inadimplidos de 6.700 títulos”, informa Kallmus.
Metodologia – Considerando que a sazonalidade é uma característica da atividade comercial, tanto o INC quanto o IRC foram desenvolvidos com base fixa definida pela média do desempenho do ano de 2014. Portanto, os valores acima de 100 pontos são os que ultrapassam a média obtida no ano de 2014, e os valores abaixo de 100 estão aquém da média.
A retomada do movimento no comércio – Nem os recentes saques das contas inativas do FGTS, nem as datas comemorativas que movimentam o comércio, tem auxiliado na retomada do movimento de forma satisfatória em Campo Grande. As condições para determinar quão sustentável é o desenvolvimento econômico dependem, entre outros fatores, do nível de emprego da economia local. Os dados no gráfico a seguir são do CAGED (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados do MTE), e apesar de recentes, não estão computadas as ocupações informais.
No gráfico, as barras azuis representam as admissões e as barras laranja, as demissões. A linha vermelha representa a diferença entre as duas. No mês de abril foram somente 61 novos postos formais, mas no ano atingimos um crescimento de 459 vagas.
“Nada mal se considerarmos que no mesmo período do ano passado registramos uma redução de 233 vagas. Atingimos a marca de 200.860 postos formais, o que significa que ainda não recuperamos o nível que havíamos atingido em fevereiro deste ano. Em 28 meses, portanto, foram fechadas 16.951 vagas, o que representa 605 vagas por mês, e mais de 30 por dia útil. Em outras palavras, durante mais de dois anos temos perdido uma vaga de trabalho formal por hora. O mercado não se recuperará instantaneamente, nem a curto prazo. Sem investimento, não há novos empregos. Sem segurança jurídica, não há investimento”, avalia Normann Kallmus.
Empresas – Segundo a Junta Comercial (JUCEMS), no mês de maio foi registrado o fechamento de 259 empresas na capital, totalizando 1.191 no ano, contra a abertura de 2.532. Numa média básica, chegamos a mais de 238 fechamentos por mês, o que representa quase 12 por dia. “Mas se você acha que isso incomoda o governo é porque não está percebendo que a receita tributária do estado no período teve um crescimento de 10%, passando de R$4.658.054.687,66 para R$5.122.261.399,44, segundo dados do Portal da Transparência”, finaliza o economista.