Até quinta-feira, mais de 20 especialistas de órgãos defensores do Meio Ambiente estão reunidos no Instituto Arara Azul, em Campo Grande, para discutir a mortalidade de araras-azuis (Anodorhynchus hyacinthinus) no Pantanal de Mato Grosso do Sul e Mato Grosso. Em 2015, de acordo com a organização não governamental, houve a morte de 18 indivíduos desta espécie em uma propriedade de MS e de 83 em três propriedades de MT. Este ano, há novos relatos de perdas de 30 araras-azuis em uma propriedade do MT, preocupando autoridades, ambientalistas e pesquisadores.
“É algo inédito e impactante para esta espécie, que tem vida longa na natureza e baixa taxa de mortalidade. Isso exige atitudes imediatas e como nos dedicamos ao estudo da arara-azul na natureza há 27 anos, assumimos um papel de coordenação das informações, de comunicação com os órgãos públicos, veterinários, professores, pesquisadores e instituições envolvidas com a pesquisa e conservação, na busca de um diagnóstico o mais rápido possível e na elaboração conjunta de um plano estratégico de emergência para impedir a continuidade destas perdas”, explica a presidente do Instituto Arara Azul, Neiva Guedes.
Há dois anos, a equipe técnica do Instituto Arara Azul foi a campo para diagnóstico e análises de possíveis causas que provocaram a morte desses indivíduos. Com apoio de parceiros foram feitas expedições em MS e MT para que ações sejam pautadas em elementos técnicos e científicos. “Entramos em contato com vários órgãos para auxiliar nessa descoberta. A doutora Eliane Vicente, nossa pesquisadora associada, fez o exame pericial da primeira ave morta e outras sete foram necropsiadas pelo professor doutor Edson Moleta Coledol e sua equipe, da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). As amostras foram encaminhadas para a Universidade de São Paulo (USP), e enviadas para a Fiocruz e outros laboratórios conveniados para realizações de outros testes e exames”, destaca Neiva.
No encontro, estão sendo apresentados levantamentos e diagnósticos realizados por equipe de técnicos e cientistas de várias instituições. Após a análise de resultados, os representantes do Instituto Arara Azul, Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) – que também está representando o Ministério do Meio Ambiente, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) -, Polícia Militar Ambiental (PMA/MS), Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Pantanal), Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul), Universidade Federal do Paraná (UFPR), UFMT, USP, Instituto Neotropical: Pesquisa e Conservação (INPCON), Secretaria de Estado de Meio Ambiente de Mato Grosso (Sema-MT) e Serviço Social do Comércio (Sesc) determinarão um protocolo de ação para as possíveis ocorrências e definirão os próximos passos para a implementação de um Plano de Risco Ambiental, com atuações emergenciais para a prevenção das mortandades e para a proteção a arara-azul grande. O apoio para a realização do evento está sendo feito pelo Instituto Arara Azul, pela Fundação Toyota do Brasil e pelo Ministério do Meio Ambiente.
Sobre o Instituto Arara Azul
Há 27 anos, o Instituto Arara Azul trabalha pela conservação da arara-azul-grande. Liderado pela bióloga e pesquisadora dos programas de Mestrado e Doutorado em Meio Ambiente e Desenvolvimento Regional da Uniderp, Dra. Neiva Guedes, o projeto consolidou-se internacionalmente pela promoção de estudos da biologia e as relações ecológicas da espécie e do manejo e conservação em ambiente natural, tornando-se um dos mais importantes e reconhecidos trabalhos de conservação da biodiversidade do Pantanal sul-mato-grossense no mundo. No último ciclo reprodutivo da espécie em Mato Grosso do Sul, a equipe de profissionais da organização não governamental monitorou mais de 174 ninhos e registrou o nascimento de 75 filhotes de arara-azul.
A intensa dedicação à causa também resultou em uma conquista ambiental importante ao país. Em 2014, a arara-azul mudou de status na lista nacional de animais em extinção, de acordo com documento produzido pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade e apresentado pelo Ministério do Meio Ambiente. Porém, o trabalho precisa continuar, uma vez que a ave é citada como vulnerável na lista vermelha das espécies ameaçadas (Red List of Threatened Species) da União Internacional pela Conservação da Natureza (IUCN – International Union for Conservation of Nature).
Para a diretora executiva do Instituto Arara Azul, Eliza Mense, os avanços na conservação da biodiversidade foram possíveis devido à união de vários parceiros. “Conseguimos viabilizar esse trabalho com o subsídio e apoio da Uniderp, da Fundação Toyota do Brasil, da Toyota, do Refúgio Ecológico Caiman, Bradesco Seguros e outros parceiros, como os padrinhos da Campanha “Adote um Ninho” e demais doadores. É necessário que o auxílio em prol da causa continue, para que o sucesso seja mantido e os trabalhos ampliados”, explica. Para conhecer todas as incitativas da organização em prol da biodiversidade e saber como colaborar com a organização, acesse: www.institutoararaazul.org.br.