“Foi um susto”, diz Iara Lúcia Ferreira, de 31 anos, quando viu o resultado dos índices de gordura corporal. A dona de casa fez o exame durante a visita de quatro farmacêuticas ao Assentamento Conquista, distante 35 km de Campo Grande, neste sábado (29).
A comunidade, onde vivem mais de 70 famílias, estava sem atendimento médico havia 9 meses, segundo os moradores. Com dificuldade de acesso à cidade, muitos deixaram de fazer exames, comprar remédios e buscar orientações de saúde.
Com a ação desenvolvida pela rede de drogarias São Bento, da capital, foram realizados exames de glicemia, pressão e bioimpedância, que permite identificar percentuais de gorduras corporal e visceral, além de peso e IMC – Índice de Massa Corpórea, que indica se a relação entre o peso e a altura está saudável.
De acordo com os dados levantados na ação, foram atendidos 35 produtores familiares, sendo 21 homens e 14 mulheres. Em média, os participantes tinham 56 anos. A maioria dos atendidos eram hipertensos, toma medicação, mas não vai ao médico regularmente.
Iara, que se surpreendeu com o resultado do exame de bioimpedância, estava com a pressão normal e índice aceitável de glicemia. O problema estava no peso e na gordura visceral, que envolve órgãos e pode prejudicar o funcionamento do organismo. Ela foi orientada a procurar um médico e um nutricionista. “A gente vai deixando a saúde de lado, pela dificuldade de encontrar tempo, por achar os exames caros, mas o susto serve para que a gente possa se cuidar mais. Essa ação ajuda muito a gente que não tem condições”, diz a dona de casa.
Os dados mostram que Iara não é uma exceção, infelizmente. O sobrepeso e a obesidade atingem mais de 54% da população brasileira, segundo a ONU – Organização das Nações Unidas. Em Campo Grande este índice é ainda maior: 58%. É a segunda maior média entre as capitais do país, ficando atrás, apenas, de Rio Branco (AC) que registrou 60,6% de obesidade entre os adultos.
Segundo o Ministério da Saúde, cerca de 22,7% da população brasileira tem hipertensão e 5,6% possui diabetes, entre os tipos 1 e 2. Segundo a Farmacêutica responsável pela ação, Adriane Rios da Costa esses exames servem de alerta. Os procedimentos que nós fazemos aqui geram indicativos sobre a saúde de cada morador. “Com esses resultados orientamos sobre a necessidade de procurar um médico ou outros profissionais da saúde, sobre a importância de adotar hábitos saudáveis além de tirar dúvidas sobre medicamentos para quem já faz o uso”, explica a farmacêutica.
Com o posto de saúde mais próximo a 9 km, na USB do “Aguão”, o presidente da Associação dos Agricultores Familiares do Assentamento Conquista, Francisco João Ferreira, diz que é difícil conseguir atendimento de saúde. Segundo ele, “Essa parceria ajuda muito a gente, já que não é toda hora que dá pra ir a cidade”.
Aos 74 anos de idade, seu João Maria deu exemplo de boa saúde. Pressão e glicemia normais, peso ideal para a altura, massa muscular dentro da faixa recomendada e gorduras sob controle. Na avaliação feita pelo aparelho, esbanja a saúde de um homem de 42 anos. “É difícil ir ao posto. É muito longe e o deslocamento fica difícil. Mas agora, estou indo pra casa aliviado, me sentindo um meninão”, completa com bom-humor.