Li e reli várias vezes as reportagens, porque fiquei chocada. Não era matéria corriqueira na mídia atual, não se tratava de roubo na Petrobrás e Eletrobrás, mas era algo ainda pior. Era algo sobre o suicídio. O mais surpreendente é que o suicídio é prevenível em 90% dos casos.
O relatório da OMS é um apelo à ação para resolver um grave problema de saúde pública. Possivelmente, as pessoas devem se questionar o motivo da OMS se vincular a um problema dessa altura. A humanidade, infelizmente, ainda fraqueja diante deste problema. Portanto, de antemão, percebendo isto, a OMS lança um relatório sobre a prevenção do suicídio.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) e a International Association for Suicide Prevention (Iaps) instituíram a data “10 de setembro 2014”, como o Dia Mundial para Prevenção do Suicídio. A OMS divulgou dados do primeiro “Relatório Global para Prevenção do Suicídio”. Foi um dia muito importante para a OMS, que vem tentando sensibilizar jornalistas e comunicadores com o tema. No primeiro relatório publicado pela OMS sobre o assunto, os dados são impressionantes e alarmantes.
Por isso, devemos todos nós, com força e garra, aderir a esta campanha. Não basta apenas rotular, como sendo mais um a fazer parte da campanha. Mas procurar informar-se, interessar-se por ter mais conhecimento. É algo às vezes difícil de compreender.
A cada dia se tem mais notícias, de jovens que consciente ou inconscientemente colocam em risco suas próprias vidas. O comportamento suicida indireto implica em atividades perigosas, sem que exista uma intenção consciente de morrer. Os exemplos de suicídio indireto incluem o consumo excessivo de bebidas alcoólicas e o uso de qualquer tipo de droga, como o consumo de cigarros. Infelizmente no relatório da OMS não há nada sobre suicídio indireto dos jovens. É plausível olhar em derredor e ver o que está acontecendo nas grandes metrópoles, como também nas pequenas cidades. A droga faz parte desta luta sim, embora, mostre-se de forma velada.
Ainda no relatório da OMS, revela-se que mais de 800 mil pessoas dão fim à própria vida todos os anos no mundo, tornando o suicídio um grande problema de saúde pública. E de acordo com o Ministério da Saúde, cerca de 75% dos casos ocorrem em países de baixa e média renda.
O relatório aponta que o envenenamento, o enforcamento e o uso de armas de fogo são os métodos mais comuns de suicídio global. Atualmente, apenas 28 países são conhecidos por ter estratégias nacionais de prevenção do suicídio. É muito pouco se tratando com vida. Os países mais desenvolvidos fazem a sua prevenção, embora ainda timidamente; enquanto os menos desenvolvidos, praticamente nada tem feito. O levantamento diz ainda que a cada 40 segundos uma pessoa comete suicídio e o tabu em torno deste tipo de morte impede que famílias e governos abordem a questão abertamente e de forma eficaz. Acredita-se que após o lançamento deste relatório da OMS haja um acompanhamento melhor ao cidadão com tendência ao suicídio.
Os suicídios no Brasil vêm aumentando de forma progressiva. Embora, as taxas de suicídio são consideradas baixas, entre 5.4 e 5.9 a cada 100.000 habitantes. Ocupa o 113º lugar no mundo e oitavo na América Latina em taxas de suicídio. Dentro do país as taxas são distribuídas desigualmente. São mais baixas no Norte e muito mais alta na região Sul, onde em várias cidades elas se assemelham às da Europa Central.
E para finalizar, uma citação de Eça de Queiroz:
“Houve um filósofo que deixou aos infelizes esta máxima: Se a tua dor te aflige, faz dela um poema”.
(*) Cilene Queiroz é escritora, bióloga, MSc em Sistema de Produção em Agronomia