A empresa de capital de risco Benchmark Capital está processando o ex-presidente-executivo da Uber, Travis Kalanick, para forçá-lo a deixar o conselho da empresa e rescindir seu direito de indicar três membros do conselho, de acordo com uma copia do processo.
O processo aberto nesta quinta-feira acusa Kalanick de ocultar do conselho uma série de delitos e trabalhar para manter o poder na empresa, mesmo depois de ser forçado a renunciar da presidência em junho, após uma série de escândalos.
O processo da Benchmark marca um caso raro de um investidor do Vale do Silício processar uma figura central em uma das suas próprias startups. A empresa de capital de risco foi uma das primeiras investidoras da Uber e disse no processo possuir 13% da companhia de transporte compartilhado e controlar 20% do poder de voto.
O litígio no tribunal de Delaware também abre outro capítulo na saga de desgraça na Uber, que lançou dúvidas sobre o futuro da startup mais valorizada do mundo, com valor de US$ 68 bilhões.
Problemas na Uber
Os problemas da Uber incluem um processo de segredo comercial da Waymo, unidade da Alphabet, que causou a demissão de um engenheiro e afetou o programa de carros autônomos da Uber; alegações de assédio sexual que levaram a uma grande investigação interna e à demissão de vários executivos; além da alegada má conduta de Kalanick e outros executivos em lidar com um caso de estupro cometido por um motorista da empresa na Índia.
No processo, a Benchmark argumentou que o ex-presidente estava ciente desses problemas quando o conselho da empresa concordou em 2016 em expandir o número de diretores com poder de voto de oito para onze, com Kalanick sendo o único com direito a nomear os três novos assentos. O ex-executivo se nomeou para uma das cadeiras, depois que foi retirado da presidência. Os dois outros assentos do conselho permanecem vagos.
Kalanick estava tentando “apinhar o conselho da Uber com aliados leais em um esforço para evitar o escrutínio de sua conduta anterior e abrir caminho para seu eventual retorno como presidente-executivo“, segundo o processo.
Um porta-voz de Kalanick emitiu uma declaração chamando o processo “completamente sem mérito e cheio de mentiras e falsas alegações“.
A Uber disse que não iria comentar o assunto, enquanto a Benchmark Capital não respondeu imediatamente ao pedido de comentários.