Poder planejar a lavoura, o manejo da pastagem, ou o plantio da floresta com maior antecedência e mais assertividade é o que propõe a Climatologia Cíclica de Precisão, ou também conhecida como Geoclima. A palestra ministrada pelo doutor em Geografia e pesquisador da Universidade Federal do Oeste da Bahia, Ricardo Reis, apresentou a nova ferramenta para agricultura e pecuária de precisão, nessa segunda-feira (14), na sede do Sindicato Rural de Campo Grande.
“O clima é um grande desafio para o produtor rural que já enfrenta tantos outros. A tecnologia, a pesquisa e a divulgação dessas informações ajudam a diminuir os riscos e ter mais sucesso na gestão. Toda ferramenta que permita que o setor seja mais produtivo, lucrativo e sustentável tem que chegar ao campo”, afirma o presidente do Sindicato Rural de Campo Grande, Ruy Fachini Filho.
O Geoclima consiste em um monitoramento do clima em longos períodos. Utilizar ciclos naturais que possuem tempos de permanência e de retorno em períodos de 11 anos, 1 ano, 30 dias, ou o mais comum, 1 dia. “Olhar para o passado, e quando eu digo passado, me refiro a milhares de anos de registros em função das mudanças do clima da terra. Avaliar os períodos cíclicos de permanência e retorno de chuvas, estiagens, e avaliar de que forma isso vai interferir no agronegócio”, explica Reis.
O projeto piloto, implementado há cerca de 1 ano, na região conhecida como Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) já tem 40 participantes. São produtores que instalaram em suas áreas equipamentos para monitoramento eventos meteorológicos e aderiram ao projeto. Segundo o pesquisador, “Este é um trabalho feito em parceria com o agricultor e com o pecuarista. Toda vez que chove é preciso que o produtor recolha as informações e lance no sistema. Assim que os números vão para a plataforma, eu analiso os dados, contraponho com outras informações e emito um relatório. Os dados servem, tanto para um registro a longo prazo, quanto para que possamos avaliar a instantaneidade do evento”, afirma.
O preço cobrado pelo serviço varia de acordo com o tamanho da área e da adesão ao serviço. Quanto mais produtores de uma mesma região aderem ao serviço, mais baixo fica o custo, e mais eficiente fica a previsão, por conta do maior número de dados a serem analisados. Os preços podem variar entre R$ 0,65 e R$ 1,40 por hectare. Para grandes áreas são estabelecidos limites para cobrança”, explica Ricardo.
Um dos benefícios é poder planejar a melhor data para plantio, início de colheita e utilização de defensivos, em função das janelas que podem ser previstas com antecedência de 1 ano. “Mas nossa experiência vai além do planejamento do plantio e da colheita. É possível melhorar resultados na comercialização. Na safra passada, conseguimos prever uma estiagem que afetaria a produção de soja nos Estados Unidos. Recomendamos que os produtores segurassem a venda por mais algumas semanas. O problema na safra americana fez diminuir a demanda de produto e o preço reagiu. Conseguimos um ganho de 5 reais por saca, em função do nosso planejamento”, comemora Reis.
O engenheiro ambiental, Rafael Dornelas, assistiu à palestra: “É importante saber que o Brasil está despontando em pesquisas e tecnologias que visam não só produtividade e lucratividade, mas também sustentabilidade”.
Fonte: Assessoria de Imprensa do SRCG