São Paulo (SP) – Robert Scheidt e Gabriel Borges subiram mais um degrau na escalada de aprendizado na 49er. Em seu primeiro Campeonato Mundial na nova classe, o bicampeão olímpico enfrentou de tudo um pouco. Primeiro vento fraco. Depois fortes rajadas e ondas grandes. E, por fim, dificuldades com equipamento. Nas quatro últimas regatas da competição na cidade do Porto, em Portugal, neste sábado (2), a dupla brasileira sofreu com quebras no barco em duas delas. Como saldo, fica o sentimento de dever cumprido e a motivação para seguir em busca de evolução.
As dificuldades começaram logo na primeira regata. Um problema no leme impediu uma boa largada e, sem chances de recuperação, chegaram em 25º lugar. Na sequência, Scheidt e Borges apresentaram grande performance para cruzar a linha de chegada na 5ª posição. Se mantiveram no top 15 da terceira prova, com um 13º, mas o dia não teria final feliz. “Vínhamos bem na última corrida, entre os 10 primeiros. Estávamos realmente fazendo uma boa regata, mas aí quebrou um cabo que segura a vela balão e fomos obrigados a abandonar”, disse o maior medalhista olímpico do Brasil, com cinco pódios.
Scheidt lamentou a quebra. Se tivesse conseguido terminar a regata, as chances de ter melhorado na classificação final do Mundial eram grandes. Porém, com o abandono, caiu da 36 para a 40 posição, com 102 pontos perdidos. Ao todo, 82 barcos competiram em Portugal. “É um pouco frustrante terminar assim, com uma quebra no barco. Acabamos perdendo muitos pontos, o que foi uma pena, porque dava para ter melhorado bastante e, no fim, caímos quatro posições. Mas, no geral, foi uma boa competição. Tiramos muitas conclusões. Melhoramos alguns aspectos e sabemos o que trabalhar daqui para frente a fim de melhorar nosso nível”, disse o velejador, patrocinado pelo Banco do Brasil e Rolex, com os apoios do COB e CBVela.
A vitória ficou com os britânicos Dylan Fletcher-Scott e Stuart Bithell, com 19 pontos perdidos. Entre os demais brasileiros em Portugal, Carlos Robles/Marco Grael e Dante Bianchi/Thomas Low-Beer aparecem em 20º e 36º lugares, respectivamente. No feminino, Martine Grael com Kahena Kunze, dupla campeã olímpica nos Jogos Rio 2016, terminaram na 2ª colocação.
Tóquio 2020 – Bicampeão, maior medalhista olímpico do Brasil e considerado uma lenda viva nas classes Star e Laser, Robert Scheidt disputa sua primeira temporada na 49er aos 44 anos. Em Portugal, estreia em um Mundial na nova classe. Consciente dos desafios, busca experiência ao velejar em um barco maior, mais veloz e com estratégias diferentes a fim de iniciar um novo ciclo olímpico, visando os Jogos de Tóquio, em 2020.
Recentemente, Scheidt e Borges disputaram o Campeonato Europeu. Em 15 regatas, conquistaram duas vitórias e encerraram a participação em 31º lugar, com 103 pontos perdidos, entre 92 barcos. “Aprendemos muito e deixamos o Europeu um pouco melhor do que chegamos. Estreamos um novo barco e sabemos que tudo faz parte do nosso aprendizado na 49er”, completou o atleta sobre a disputa em Kiel, na Alemanha.
Crescimento – A evolução de Robert na 49er pode ser comprovada pelo seu desempenho. Na Copa Brasil, no início de março, em Porto Alegre, venceu quatro regatas, as primeiras na nova categoria, conquistando a medalha de prata. Antes de competir em águas brasileiras, disputou a etapa de Miami da Copa do Mundo de Vela, em janeiro. E conseguiu o 16º lugar na disputa que reuniu 26 barcos com os melhores iatistas do planeta. Na Miami Mid Winters, também no início de 2017, obteve o 11º lugar no campeonato que envolveu 17 competidores. No final de março, correu o Troféu Princesa Sofia e novamente fez um 11º lugar.
Maior atleta olímpico brasileiro
Cinco medalhas:
Ouro: Atlanta/96 e Atenas/2004 (ambas na classe Laser)
Prata: Sidney/2000 (Laser) e Pequim/2008 (Star)
Bronze: Londres/2012 (Star)
176 títulos – 86 internacionais e 90 nacionais, incluindo a Semana Internacional do Rio, o Campeonato Brasileiro de Laser e a etapa de Miami da Copa do Mundo, todos em 2016
Laser
– Onze títulos mundiais – 1991 (juvenil), 1995, 1996, 1997, 2000, 2001, 2002*, 2004 e 2005 e 2013
*Em 2002, foram realizados, separadamente, o Mundial de Vela da Isaf e o Mundial de Laser, ambos vencidos por Robert Scheidt
– Três medalhas olímpicas – ouro em Atlanta/1996 e Atenas/2004, prata em Sydney/2000
Star
– Três títulos mundiais – 2007, 2011 e 2012*
*Além de Scheidt e Bruno Prada, só os italianos Agostino Straulino e Nicolo Rode venceram três mundiais velejando juntos, na história da classe
– Duas medalhas olímpicas – prata em Pequim/2008 e bronze em Londres/2012
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