Câmbio CVT – Entenda como funciona, se vale a pena e como é para manter

Câmbio CVT é a única opção de transmissão do Honda WR-V

A segunda matéria do nosso especial de câmbios se dedica aos CVTs, uma transmissão antes limitada a modelos mais caros, mas que já está disponível entre os compactos nacionais. A opção mais barata é o Nissan March SV X-Tronic de R$ 56.990. É um belo aumento em comparação aos automáticos e automatizados mais em conta do mercado, porém, a eficiência em desempenho e economia pode compensar o investimento.

Segundo o especialista em transmissão automática, Maurício Carreiro, instrutor da TTR Treinamentos, de São Bernardo do Campo (SP), o câmbio CVT pode ser considerado o melhor tipo de transmissão automática para automóveis de passeio. O CVT (sigla para transmissão continuamente variável) utiliza duas polias lisas interligadas por uma corrente metálica submersa em fluido de transmissão.

A movimentação das polias que determina o ponto em que estará a corrente de transmissão, algo que muda em instantes. Variáveis entre seus extremos, as relações criam uma “marcha certa” para cada momento. Confira o funcionamento na animação abaixo.

Aquela sensação de motor extremamente acelerado se dá pelo fato do automático deixar a rotação na faixa que você está demandando. Graças à eficiência maior do conjunto, as retomadas serão rápidas e a elevação de giros será rápida como se fosse uma redução de marcha convencional. Não parece mais que você está andando em um scooter – motinhos com transmissão variável, incômodo que tem diminuido a cada geração.

O acoplamento mais rápido da transmissão diminuiu também a sensação de largada meio fraca que acometia os CVT. Para dar um pouco mais de emoção, alguns fabricantes criaram marchas virtuais em seus CVTs. Caso do Toyota Corolla, cuja caixa tem sete relações programadas e pode funcionar no modo sequencial. Até mesmo esportivos como o Subaru WRX se renderam aos câmbios variáveis, tudo para melhorar o consumo.

Alguns fabricantes substituíram o CVT por caixas automáticas de dupla embreagem, como foi o caso da Audi. No Brasil, contudo, algumas marcas fizeram o caminho contrário. A Honda adotou o câmbio variável no Fit e também no novo Civic. A Renault abandonará o automatizado Easy-R a partir da próxima renovação, quando Sandero e Logan 1.6 adotarão uma variante do X-Tronic da Nissan, aplicado primeiramente no Captur.

“É estranho pensar que componentes metálicos polidos podem transmitir potência, e o segredo para esse sistema funcionar é o fluido de transmissão, que sob pressão se solidifica e cria o atrito necessário para que o torque do motor chegue às rodas”, explica Carreiro.

O especialista explica que por proporcionar funcionamento suave do veículo e economia de combustível, o câmbio CVT é o mais aconselhável para modelos híbridos. “Se o futuro dos carros passa pela motorização híbrida, então teremos muitos CVTs nas ruas”, aposta o especialista.

Como é a manutenção e quais são os defeitos comuns

O técnico comenta que, por contar com uma boa quantidade de eletrônica, o nível de dificuldade de manutenção dos CVTs pode ser classificado como nível 4, apesar de apresentar menor complexidade construtiva em relação aos câmbios de dupla embreagem e automáticos convencionais.

Entre os defeitos que o CVT costuma apresentar, Carreiro destaca o excesso de vibração, geralmente causado por patinação da corrente metálica. “Quando isso acontece é sinal de que o fluido da transmissão passou da hora de ser substituído”, afirma. O especialista explica que assim como todo fluido, o da transmissão CVT perde propriedades com o tempo e uso, e por isso é recomendado fazer a troca preventivamente, de acordo com o preconizado no manual do proprietário do veículo.

Modelos como o Sandero vão passar a ser CVT também

Segundo Carreiro, o fluido sofre deterioração com aumento de temperatura, e por isso é importante manter o sistema de arrefecimento do veículo sempre em bom estado de manutenção. “Se esquentar muito, o fluido oxida, deixa de ter ação detergente e começa a mudar de viscosidade, o que pode provocar perda de tração”, explica.

Em casos mais extremos, e com anos de uso, o câmbio CVT precisa passar por uma reforma completa, que segundo Carreiro tem custo aceitável. “Caso não tenha problemas graves nos cones, uma reforma sai em torno de R$ 5.500”, afirma.

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