De acordo com estimativa da Associação Brasileira da Indústria do Café (ABIC), o País enfrenta o pior nível de infestação por broca-do-café registrada nos últimos anos. Segundo o levantamento da ABIC, a incidência da praga em diversas plantações brasileiras já chega a 20% da safra, acionando um sinal de alerta para toda a indústria local e produtores. A elevação da ocorrência do inseto nas plantações tem se intensificado desde a suspensão da utilização do Endosulfan (inseticida utilizado para combater o Hypothenemus hampei, nome científico da broca), em 2013.
Em entrevista a Web Rádio Agromundi, o pesquisador da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), Júlio César de Souza, explicou que, por muito tempo, o Endosulfan foi o único defensivo agrícola realmente eficiente contra a broca e, após sua proibição, os produtores tem apresentado dificuldades para enfrentar o problema, utilizando outros meios além do convencional. “Os cafeicultores se acostumaram com o uso de inseticidas e não estão habituados a realizar outras práticas para minimizar os impactos causados pelos insetos, fazendo com que a praga se espalhe ainda mais rápido”, declarou o pesquisador.
Para frear o avanço da broca, a Epamig tem realizado diversos estudos utilizando o defensivo Ethiprole, que deve ser utilizado durante o trânsito da broca-do-café. “Atualmente não existe mais nenhum outro inseticida sendo desenvolvido para o mercado que apresente a eficiência que as lavouras de café necessitam. E, apesar dos resultados positivos registrados nos testes, o Ethiprole ainda não foi aplicado no campo para confirmar sua eficácia, a previsão é de que ele possa ser utilizado a partir da próxima safra”, afirmou Júlio.
Sem um defensivo como solução, os produtores precisam praticar medidas alternativas para tentar minimizar ao máximo as perdas causadas pela broca. De acordo com Júlio César, existem algumas medidas bastante simples que devem ser adotadas, como a realização do repasse na colheita, eliminando todo o café que resta no chão e nas árvores, evitando a multiplicação do inseto nesses frutos. “Outra medida importante é criar um monitoramento das fases de desenvolvimento da broca, para que seja possível identificar exatamente a época em que a fêmea do animal está mais vulnerável, facilitando sua eliminação. A própria Epamig dispõe de uma planilha específica para essa finalidade, para ter acesso a ela o produtor precisa apenas acessar nosso site e realizar a consulta online”, indica Júlio.
Para mais informações sobre como minimizar os impactos da broca-do-café e ouvir a entrevista completa com o pesquisador Júlio César de Souza, basta acessar o portal Agromundi (http://www.agromundi.com.br/), e clicar na aba “Podcast”.