Campo Grande (MS) – Muita alegria e descontração na noite de abertura do 1° Festival de Chamamé de Mato Grosso do Sul – Integração Brasil – Argentina – Paraguay. Diversos amantes desse estilo musical estiveram presentes no evento, que foi uma verdadeira integração cultural entre os três países, com música, dança, show de berrante, gastronomia, artesanato e baile de chamamé.
As festividades começaram com uma apresentação do Neguinho Berranteiro (Evaldo Castro Guimarães), de Três Lagoas, que deu uma verdadeira aula de berrante apresentando os toques mais usados nas comitivas. Depois foi a vez de se apresentar o Grupo de Dança da Escola Tic-Tac, com a coreografia “Mistura Pantaneira”.
A cantora Diana Fernandez, da província de Corrientes, na Argentina, veio a Campo Grande especialmente para o Festival. Durante sua apresentação, o público pôde aproveitar as belas canções para se soltar na pista de dança, mostrando a intimidade do sul-mato-grossense com o ritmo do chamamé.
A solenidade de abertura contou com a presença do idealizador do Festival, Orivaldo Mengual, presidente do Instituto Cultural Chamamé MS, que desejou boa noite aos presentes e também aos seus ouvintes do programa “A Hora do Chamamé”, na FM Educativa 104,7. “Há mais de 15 anos estamos lutando para que o festival pudesse acontecer e hoje damos o ponta-pé inicial. Tenho muita alegria e satisfação de chegar aqui hoje e ver cada chamamezeiro e as famílias aqui reunidas, lutando para manter a cultura chamamezeira unida e viva. Hoje é um dia muito importante, pois estamos conseguindo realizar este festival com música, dança artesanato e os músicos que atenderam nosso chamado, da Argentina, Paraguai, além dos grupos de dança”.
Mengual agradeceu ao apoio da Secretaria e Fundação de Cultura, cuja parceria possibilitou a realização do evento. “Agradeço a todos que colaboraram para que este festival se tornasse realidade. Ao secretário de Cultura, Athayde Nery, que com sua colaboração nos ajudou. Que esses três dias fiquem marcados na memória dos sul-mato-grossenses”.
O secretário estadual de Cultura e Cidadania, Athayde Nery, falou sobre o ativismo cultural de Orivaldo Mengual com seu programa “A Hora do Chamamé”. “Boa noite aos músicos, em nome do Pajarito, do Castelo, esse grande artista que sempre nos comove, representante da música fronteiriça, do Orivald mengual, com seu programa ‘A Hora do Chamamé’, a todos os argentinos, paraguaios, que se emocionam com o programa, que já é patrimônio do jornalismo de Mato Grosso do Sul. O jornalista Bosco Martins faz parte dessa construção cidadã. Mengual, trago um abraço do governador Reinaldo Azambuja. Ele está conseguindo, Mato Grosso do Sul está firme, somos o terceiro Estado com maior alternativa econômica deste país, e a cultura é o carro-chefe disso tudo”.
Athayde destacou a importância da realização deste primeiro Festival do Chamamé. “Que este seja o primeiro de uma série, queremos que seja o maior festival de chamamé. Estive lá em Corrientes, participei do Festival de Chamamé na Argentina. Trazendo a guarânia, o chamamé e o rasqueado vamos encontrar a identidade de Mato Grosso do Sul, tudo isso faz parte da nossa cultura. Graças ao Mengual, o chamamé é hoje patrimônio imaterial do Estado. Viva Mato Grosso do Sul, viva o chamamé, viva o Brasil!”.
O jornalista Bosco Martins, diretor-presidente da Fertel – Rádio e TV Educativa de MS, falou sobre a importância de manter o programa “A Hora do Chamamé” no ar, na FM 104,7. “O meu maior orgulho foi recuperar o programa, me emociono em saber da sua história, Mengual, da sua luta, e trazer de volta ‘A Hora do Chamamé’. Parabéns Colônia Paraguaia, aos cinquenta grupos que vão se apresentar aqui, vocês são heróis. Nunca houve um acerto tão grande de trazer de volta a cultura à cultura, com a secretaria [de Cultura] sendo comandada pelo conhecedor de nossa cultura. Orivaldo mengual é um bugre pantaneiro, um paraguaio legítimo, por isso ele resiste e sobrevive. Viva o Paraguai, viva o Brasil! E vamos à festa!”.
Após a solenidade, entrou em cena o Grupo de Dança Reminiscências do Paraguai, de Pedro Juan Caballero, com a participação especial da bailarina Alba Granados, do Balé Folclórico da Prefeitura de Assunção, que dançou equilibrando oito garrafas na cabeça. O músico Maciel Corrêa foi a atração seguinte, trazendo os casais para dançar ao som da boa música regional.
O músico Pajarito Silvestre, de Corrientes, na Argentina, foi escolhido o padrinho deste Primeiro Festival do Chamamé por conta de ter dedicado a Orivaldo mengual a música “Amor a lo chamamé”. Ele fez um CD com músicas correntinhas que leva o nome do programa de Mengual. “Venho sempre a Campo Grande e sinto um carinho muito grande com a gente da cidade. Para mim, o chamamé é todo o momento da pessoa, sua inspiração e trabalho, família, Deus, não é somente uma melodia, uma letra, é tudo o que acontece”.
E no público, a integração entre os três países é evidente. Paraguaios, argentinos e brasileiros se confraternizaram na pista de dança. Os companheiros de baile há 14 anos, Juan Ramon Cristaldo, de 85 anos, e Wilma Cenen Peralta, eram só alegria. Juan é conselheiro vitalício da Colônia Paraguaia e veio para Campo Grande em busca de melhores dias. Wilma é paraguaia, foi casada com um brasileiro no Paraguai e tem três filhos brasileiros, que nasceram em Ponta Porã. “Nós dançamos chamamé, polca, guarânia, tudo”.
Wilma, que durante a festa trajou uma roupa típica com a faixa paraguaia, disse que no Paraguai o chamamé já foi muito cultuado, que hoje entre os jovens a cultura está se perdendo, mas que existe uma outra parte que está resgatando. “Eu fui numa festa lá e estavam tocando”. Juan disse que se sente bem no Brasil. “Eu nunca me senti estrangeiro no Brasil. Tenho quatro filhos formados aqui no Brasil. Esta é a minha recompensa”.
E a festa continua neste sábado e vai até amanhã, domingo (16 e 17 de setembro). Serão mais de 45 artistas dos três países em atividades durantes os três dias. Os convites estão sendo vendidos no local do evento, Ginásio de Esportes da AABB (Associação Atlética Banco do Brasil), por R$ 20,00 (vinte reais). Confira a programação no site da Fundação de Cultura e participe!