A Fundação de Corumbá – 239 Anos de História

Entrada de Corumbá (MS) – Foto: Reprodução Internet/Divulgação

Numa cerimônia simples, à beira do Rio Paraguai, presidida por Marcelino Rodrigues Camponês, então comandante do Forte de Coimbra, lavrou-se a Ata de fundação do povoado de Nossa Senhora da Conceição de Albuquerque, que recebeu esse nome em homenagem ao capitão-general Luís de Albuquerque de Melo Pereira e Cáceres, governador da capitania de Mato Grosso e Cuiabá.

Nascia, assim, Corumbá, como uma necessidade tática de defesa contra os constantes ataques das tribos indígenas guerreiras, Guaicuru e Paiaguá, e, também contra as forças espanholas na fronteira meridional da capitania mato-grossense.

Os primeiros tempos foram difíceis para a povoação de Albuquerque: o isolamento geográfico, a carência de braços para promover o início dos trabalhos de limpeza e arruamento da praça, retardou o processo de desenvolvimento e fez com que Corumbá ficasse durante algum tempo numa situação completa de estagnação econômica.

Porto Geral de Corumbá (MS) – Foto: Reprodução Internet/Divulgação

Há registro que, em 1785, a povoação abrigava apenas 130 habitantes. Por determinação do governador Luís de Albuquerque as casas teriam que ser construídas de madeira e cobertas de palha, facilmente demolidas, caso os espanhóis exigissem o respeito aos termos do Tratado de Santo Ildefonso (1777) que reconheciam a margem direita do rio Paraguai como sendo da Coroa espanhola. Tanto Corumbá quanto o Forte de Coimbra encontravam-se à margem direita do caudaloso rio.

E, como se não bastasse, o diabo atentou: um incêndio, ocorrido em 1800, se alastrou e consumiu todas as casinhas de palha, restando apenas a capela de alvenaria, coberta de telhas.

Em 1803, a povoação continuava num total abandono, com a população de crianças, mulheres, velhos doentes e homens entregues a uma “completa vadiação, vivendo em absoluta miséria” – segundo um relatório feito por um visitante.

Assim, o povoado que era mais um reduto militar e se situava onde hoje é a Praça da República, atravessou o fim da época colonial e rompeu os primeiros anos do Império sem que um alento batesse às suas portas.

Museu da História do Pantanal em Corumbá (MS) – Foto: Reprodução Internet/Divulgação

E a situação mais piorou quando, em 1827, o Comando Geral da Fronteira transferiu-se para a fazenda Albuquerque, onde já existia a Missão de Nossa Senhora da Misericórdia, e, a partir dai, deu-se um verdadeiro êxodo populacional para essa redução de frades capuchinhos (franciscanos), que ficou conhecida como Albuquerque, a Nova.

Porém, um aviso de 16 de junho de 1857, do então Ministro Marquês de Olinda, determinava ao Presidente da Província Raimundo De Lamare que providenciasse a construção de uma Mesa de Rendas, de um Quartel-General, de uma Alfândega e elaborasse um plano urbanístico para que o povoado não crescesse desordenadamente. Foi o alento!

Alguns anos depois, no dia 1º de maio de 1861, instalava-se a Alfândega de Corumbá, e pelo decreto-lei de 10 de junho de 1862, o povoado de Albuquerque era elevado à categoria de vila. Passa a se denominar Vila de Santa Cruz de Corumbá.

A partir de então, aquele amontoado de ranchos mal construídos, tortos, cobertos de palha, que rodeavam a pequena praça (hoje Praça da República), começaram a tomar outra feição e a Vila de Santa Cruz de Corumbá a progredir como um promissor centro comercial, vendo o seu porto desenvolver-se a cada dia com a chegada de vapores de vários países da Europa, trazendo mercadorias e imigrantes, atraídos por melhores condições de vida.

Casario do Porto Geral de Corumbá (MS) – Foto: Reprodução Internet/Divulgação

O primeiro imigrante a chegar de Buenos Aires, então um importante centro comercial da América Latina, foi o Sr. Manoel Cavassa, um português naturalizado italiano, que, com a família, estabeleceu-se em Corumbá e teve inciativa de construir o primeiro prédio de alvenaria no porto da então esperançosa vila.

Porém, a tal esperança duraria pouco. A 3 de janeiro de 1865, a vila foi invadida e ocupada pelas tropas paraguaias comandas pelo tenente-coronel Vicente Barrios.

A Guerra do Paraguai trouxe as piores consequências para a região. A Província de Mato Grosso desorganizou-se política e administrativamente. A navegação fluvial internacional foi interrompida. A Província de Mato Grosso ficou isolada dos países platinos e voltou a se ligar com as outras províncias brasileiras por estrada de terra e a lombo de burro.

Por mais de dois anos a Vila de Santa Cruz de Corumbá permaneceu sob a ocupação paraguaia, até que, no dia 13 de junho de 1867, um contingente militar sob o comando do tenente-coronel Antônio Maria Coelho, tomou de surpresa a vila e a retomou das mãos paraguaias.

Com a Retomada de Corumbá, os militares, os comerciantes estrangeiros, os homens, as mulheres e as crianças que foram presos durante a guerra, retornaram de Assunção e, aos poucos, se recuperou.

Iniciava-se, nesse pós-guerra, um período benéfico para Corumbá e Ladário. O Arsenal de Marinha, as lojas maçônicas, a Igreja Matriz (Igreja da Candelária), e demais estabelecimentos públicos da parte alta da vila são produtos dessa época.

O centro urbano da Vila de Corumbá viu-se dinamizado com a multiplicação das casas comerciais de Rua Delamare, onde havia o chamado comércio de “secos e molhados” ou de “retalhos”, como se dizia, que, cresceu acentuadamente.

Na zona portuária, reduto financeiro e comercial da época, armazéns se ergueram sobre pedras robustas e azuladas.

Ao findar a ano de 1878, para ser mais preciso no dia 15 de novembro, Corumbá foi elevada à categoria de cidade, cumprindo uma longa história de lutas, vitórias e derrotas, para que pudesse comemorar neste ano de 2017 os seus 239 anos existência.

PARABÉNS CORUMBÁ!!!

 

* Augusto César Proença, articulista

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