Desde janeiro de 2017, a realidade das 90 famílias que vivem no distrito de Jaraguari, Furnas do Dionísio, mudou. A produção de verduras e legumes, que sustenta a economia dos moradores na região, deu um salto com a chegada do trabalho do Departamento de Assistência Técnica e Gerencial do Senar/MS – Serviço Nacional de Aprendizagem Rural.
Com a capacitação, assistência e gestão, atualmente, os produtos das hortas no Dionísio chegam à mesa de muitos consumidores campo-grandenses, que são destinados para a Ceasa – Centrais de Abastecimento de Mato Grosso do Sul.“Mais do que acompanhar e monitorar os dez produtores atendidos pelo ATeG, o Senar/MS preserva a história de vida dessas famílias e suas raízes culturais, tão importantes para Jaraguari, Campo Grande e Mato Grosso do Sul”, destaca a coordenadora da Unidade Técnica do Sistema Famasul – Federação da Agricultura e Pecuária de MS, Mariana Urt.
Nas terras férteis da comunidade que é marcada pela produção de farinha de mandioca, tem berinjela, tomate-cereja, abóbora, jiló, quiabo, e mais folhagens, como alface e rúcula. Além disso, no local, uma área de 3 hectares foi preparada para receber o cultivo de cana-de-açúcar, que também é fonte de renda para os moradores.
A Associação dos Pequenos Produtores Rurais de Furnas do Dionísio recebeu incentivos de instituições públicas e privadas e a sede do grupo possibilitou a instalação de uma agroindústria para a produção de rapadura, melado da cana e açúcar mascavo.
Para esse potencial, foi preciso estudo e planejamento, estabelecidos com o conhecimento dos técnicos de campo do Programa Hortifrúti Legal, do Senar/MS. O foco agora é explorar a comercialização desses produtos, e por meio dos dados e projeções dos técnicos do Senar/MS, foi elaborado um plano de negócio completo para os pequenos empresários do campo, inclusive no processo de adequação de normas e licenças sanitárias que atendem as exigências da vigilância.
“A parceria com o Senar/MS tem sido fundamental, pois com orientações técnicas não faltará matéria-prima para a agroindústria. A expectativa é triplicar a produção e fazer com que esses alimentos possam chegar nos supermercados com qualidade e identidade visual, que garantem a procedência por meio dos rótulos e formalidade dos produtos. Mais do que isso o Senar/MS desperta o espírito de associativismo nesses produtores, que é muito importante para o sucesso dessa atividade”, afirma o técnico responsável pelo projeto, Vinícius Samudio.
Jovercino Ferreira, de 46 anos, reside na comunidade desde que nasceu. É um dos produtores assistidos pelo Programa Hortifrúti Legal. “Mudou a técnica de produzir, e parei de jogar dinheiro fora. Agora tenho conhecimento, faço levantamento das despesas e da receita. Os custos diminuíram porque agora não tem mais desperdício de insumos. Estou bastante animado e agora é só aumentar a clientela. É buscar pra quem vender, pois alimento tem”, explica.
“Eu vivo de farinha até hoje. Antes era feita no ralo. Agora são as máquinas que produzem. Assim como esse engenho novo, meu sonho é uma farinheira moderna para aumentar a escala e enviar a nossa farinha para toda a cidade”, idealiza Lurdete Santos Silva, de 57 anos.
Por meio de um convênio, o Governo do Estado, junto com a prefeitura de Jaraguari, vai construir uma farinheira na comunidade quilombola Furnas do Dionísio. O projeto arquitetônico foi apresentado para a associação de moradores e a estimativa é que o investimento na farinheira chegue a R$ 276 mil.