Mais de 20 milhões de brasileiros sofrem de arritmia cardíaca e, a cada ano, 320 mil têm morte súbita. Casos recentes de infarto fulminante em praticantes de esportes, como os de Pablo Amaral, 37 anos, cavaquinista do grupo de samba Galocantô, e do jovem Caio Ottoni, de 13 anos, chamam a atenção para um problema que muitas vezes não é diagnosticado devido à inexistência de sintomas.
O cardiologista Marcelo Foradini, coordenador do Serviço de Emergência do Hospital Badim (RJ), alerta para a importância da realização de uma avaliação clínica antes do início da prática de atividades físicas, com intuito de identificar sinais ou sintomas de doenças cardíacas ou sistêmicas que possam colocar a vida em risco. “Diante da suspeita, é possível indicar a avaliação do cardiologista que irá, de acordo com cada caso, estabelecer a linha investigativa visando a identificação precoce das possíveis causas de morte súbita e assim empreender todos os esforços na sua prevenção”, orienta ele.
Foradini, que é professor de Semiologia e Métodos Diagnóstico em Cardiologia da Universidade Iguaçu (RJ), destaca ainda que há várias possíveis causas para as arritmias que envolvem diversos fatores de risco, como predisposição genética, obesidade, hipertensão arterial, sedentarismo, tabagismo e uso de entorpecentes como cocaína, crack, heroína e anfetamina, por exemplo. “Quando controlamos os fatores de risco, pelo menos em tese, diminuímos o risco da doença arterial coronariana e, consequentemente, de infarto”, explica.
Responsável pelo serviço de arritmia cardíaca do Hospital São Francisco na Providência de Deus (HSF), o cardiologista Pablo Reis reforça que as arritmias cardíacas têm causas variadas, mas destaca entre elas o estresse e a má alimentação. “Eu classifico como a pior característica da sociedade atualmente o estresse, que é o fator mais prevalente entre pacientes enfartados. Soma-se a isso, uma piora na qualidade da alimentação. Então, eu diria que na nutrição e no estresse encontramos dois dos principais agregadores de risco para o desenvolvimento de doenças coronarianas na população”, diz.