Na posse de novo imortal, ASL volta a criticar falta de literatura na educação

Escritor Oswaldo Barbosa de Almeida, novo acadêmico da ASL – Foto: ASL/Divulgação

A retirada da cadeira de literatura da grade escolar em Mato Grosso do Sul voltou a ser criticada, ontem, na posse do novo imortal da ASL – Academia Sul-Mato-Grossense de Letras, Oswaldo Barbosa de Almeida, em solenidade realizada na sede da Academia. O novo imortal da ASL, que passa a ocupar a cadeira de número 3, é natural de Coxim, autor de livros de crônicas e contos, e também colaborador do jornal “Correio do Estado”, com artigos de opinião e crônicas ou minicontos totalizando mais de 200 publicações no periódico.

Em seus discursos, o presidente da ASL, Henrique de Medeiros, e o secretário-geral, Rubenio Marcelo – que fez o discurso de saudação ao novo acadêmico – fizeram duras críticas à medida. Rubenio declarou que o Ensino Médio “tem a meta de propiciar a formação integral do estudante, bem como a educação em direitos humanos como princípio nacional norteador. Para ele, a formação integral necessita de aprendizados integrais e consistentes, e no tocante a educação em direitos humanos “sabemos que a literatura, pelo seu aspecto humanizador e formador cultural, constitui-se num dos necessários e mais relevantes direitos de todos.”

Em seu discurso, o presidente da ASL, Henrique de Medeiros, ao também criticar a composição da nova grade escolar, disse que “a palavra na gramática é matemática”, e a “palavra na literatura é pensamento e lições de vida”. Lembrou ainda que a ASL foi uma das primeiras organizações a se posicionar contra a retirada da cadeira exclusiva de Literatura da rede escolar, ao publicar um Suplemento Cultural inteiro comentando e analisando a postura da Educação estadual, e que estará sempre ao lado das entidades organizadas em defesa dessa posição.

A solenidade contou com a presença de inúmeros acadêmicos, diversas autoridades e público com vários educadores que se manifestaram solidários às críticas proferidas, tendo sido a tônica principal da confraternização no foyer da Academia após a solenidade. Em seu discurso, Rubenio disse ainda, ao citar o escritor e ensaista Goethe, que valia ressaltar sua assertiva de que “O declínio da literatura indica o declínio de uma nação”.

Nova sede da Academia Sul-Mato-Grossense de Letras (ASL) em Campo Grande (MS) – Foto: ASL/Divulgação

O novo imortal, Oswaldo Barbosa de Almeida, passa a ocupar a cadeira que tem como patrono Ulysses Serra e que foi preenchida anteriormente por Heliophar de Almeida Serra. Oswaldo tem uma linda história de vida, tendo sido engraxate, vendedor, servente de fábricas de refrigerantes, frentista, entregador de mercadorias, locutor de rádio, além de ter trabalhado na Prefeitura de Campo Grande, no Banagro, no Banespa, na Planoeste, na Cohab e no TRT, além de exercer a advocacia.

Oswaldo foi membro do Tribunal de Ética e Disciplina da OAB, Seccional de MS, por oito anos. Atualmente, é advogado e servidor federal aposentado, residindo em Campo Grande. É autor dos livros Memórias… e outras histórias” e Sobre Corujas e outras espécies”. Possui iniciados dois projetos: um romance e um livro no campo histórico, sobre tema de interesse público. É colaborador do jornal “Correio do Estado”, de Campo Grande, desde o ano de 2006, com mais de 200 textos publicados em crônicas, artigos de opinião, críticas e costumes, política e outros temas.

Fundada, em 30 de outubro de 1971, pelos escritores Ulisses Serra, Germano de Souza e José Couto Pontes, a instituição surgiu com o nome de Academia de Letras e História de Campo Grande. Esta denominação predominou até final de dezembro de 1978, quando, às vésperas da instalação da nova unidade da Federação (MS), que se daria no dia 1º/01/1979, em assembleia geral, a entidade foi transformada em Academia Sul-Mato-Grossense de Letras (ASL).

Com 40 Cadeiras, aos moldes da ABL – Academia Brasileira de Letras, a ASL registra ao longo da sua existência uma história marcante voltada para a defesa da língua portuguesa e o cultivo da arte literária, zelando e incentivando todas as derivações da cultura nacional e estadual. Atualmente está com três cadeiras vagas – a cadeira 1, vaga por Manoel de Barros, a 31, vaga por Hildebrando Campestrini -, e a 38, vaga por Wilson Barbosa Martins.

A Academia Sul-Mato-Grossense de Letras tem entre seus acadêmicos Abílio Leite de Barros; Abrão Razuk; Altevir Soares Alencar; Américo Ferreira Calheiros; Antonio João Hugo Rodrigues; Augusto César Proença; Elizabeth Fonseca; Emmanuel Marinho; Enilda Mougenot Pires; Francisco Albuquerque Palhano; Francisco Leal de Queiroz;  Geraldo Ramon Pereira; Guimarães Rocha; Henrique Alberto de Medeiros Filho; Hermano de Melo; Ileides Muller; José Couto Vieira Pontes; José Pedro Frazão; Lélia Rita de Figueiredo Ribeiro; Lucilene Machado Garcia Arf; Maria Adélia Menegazzo; Marisa Serrano; Orlando Antunes Batista; Oswaldo Barbosa de Almeida; Paulo Corrêa de Oliveira; Paulo Nolasco; Paulo Tadeu Haendchen; Pe. Afonso de Castro; Pedro Chaves dos Santos Filho; Raquel Naveira; Reginaldo Alves de Araújo; Rêmolo Letteriello; Renato Toniasso; Rubenio Marcelo; Samuel Xavier Medeiros; Theresa Hilcar e Valmir Batista Corrêa.

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