Unânimes, os deputados estaduais aprovaram hoje (18) projeto de lei de lei do deputado Amarildo Cruz (PT) que cria o “Dia do Orgulho Crespo de Mato Grosso do Sul”, a ser comemorado, anualmente, no dia 07 de novembro. De acordo com o autor da proposta, a data escolhida é uma homenagem à adolescente Karina Saifer de Oliveira, de Nova Andradina, que se suicidou aos 15 anos de idade após sofrer bullying na escola em que estudava, por causa do seu cabelo.
“Não podemos aceitar que no século XXI, pessoas sejam perseguidas, discriminadas ou ridicularizadas por causa da cor da sua pele, pelo tipo do seu cabelo ou pelo seu estereótipo. O objetivo desse projeto de lei é pautar politicamente e sensibilizar a sociedade sobre de que forma a negação do cabelo crespo está associada ao racismo e à discriminação”, falou o parlamentar.
Para o deputado, a valorização da estética negra é um ato de resistência aos padrões eurocêntricos, impostos ao povo negro, amplamente e historicamente difundidos pela mídia e pela publicidade. “É preciso quebrar o tabu de que existe um padrão de beleza. Que os cabelos crespos sejam símbolo de luta e estimulem a articulação de outras pautas que visem corrigir as desigualdades do Brasil, sobretudo, as injustiças cometidas contra as pessoas negras e contra as mulheres”, falou.
Números
Segundo o último Censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), quase metade da população feminina no Brasil é preta ou parda (49,5%) e de acordo com o atlas da violência de 2017, do Instituto de Pesquisa Aplicada (IPEA), o número de mulheres negras vítimas de mortes por agressão passou de 54,8% em 2005 para 65,3%. Ou seja, no último ano 65% das mulheres assassinadas eram negras. Outro dado grave é destacado no Mapa da Violência de 2015, no qual mostra que a quantidade de homicídios em mulheres brancas caiu, já os homicídios de mulheres negras aumentaram em 54,2%, passando de 1.864 em 2003, para 2.875 vítimas em 2013.