Desde o fim de março o projeto “Campo Grande Na Tela” tem levado curtas-metragens locais para instituições públicas de ensino da Capital, gerando encantamento, alegria e surpresa aos espectadores, em sua maioria crianças e adolescentes. Nos dias 8 deste mês o projeto chegou a sua sexta mostra e já apresentou o cinema campo-grandense a aproximadamente 3 mil estudantes. Ele é idealizado pela Marruá Arte e Cultura e conta com recursos do FMIC (Fundo Municipal de Investimentos Culturais).
A primeira mostra do “Campo Grande Na Tela” aconteceu na Escola Municipal Arlindo Lima, que fica no centro, nos dias 26 e 27 de maio. De lá pra cá o projeto já passou por quatro das sete regiões da Capital, tendo feito exibições na Escola Municipal Hercules Maymone, no Nova Lima, Escola Municipal Nagib Raslan, Petrópolis, UEMS (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul), José Abraão, Escola Municipal Consuleza Maksoud Trad, no Estrela Dalva e Escola Municpal Professor Múcio Teixeira, na vila Carlota.
O projeto visa apresentar Campo Grande, tanto os lugares quanto seus personagens, através do olhar de cineastas locais, além de trazer a memória de nosso cinema. A curadoria dos filmes foi feita pela fotógrafa e videomaker Elis Regina Nogueira, que buscou 20 películas que revelam cenas e histórias que muitas vezes estão distantes da realidade dos alunos.
Isso faz com que as exibições sejam um momento de prazer e aprendizado, mostrando desde povos indígenas e quilombolas que vivem na Capital, história de Campo Grande por meio do olhar peculiar e certeiro do fotógrafo Roberto Higa, personalidades como a atriz Glauce Rocha, à acontecimentos singulares de uma caçada ao tesouro, passando por obras de ficção, animação e documentários.
Os filmes de ficção acabam sendo os preferidos entre os mais jovens, por mostrarem histórias de amor e aventura por meio do drama, comédia e até um pouco de terror. “Gostei muito de ‘Espera’ e ‘Ela Veio Me Ver’. O primeiro achei engraçado e fala de uma situação vivida no meio do mato, algo difícil de acontecer comigo já que moro na cidade. O segundo fala de um personagem que vive uma história que muitos adolescentes da minha idade estão passando, o primeiro encontro, isso é legal, nos vemos ali”, afirma a estudante do Nagib Raslan Evelin Carlos Benites, de 14 anos.
Os documentários também chamam a atenção dos adolescentes. “Gostei mais de Preto e Branco porque eu amo futebol, e esse filme fala de um time daqui”, comentou Keinny Vilhalba, aluno do Arlindo Lima. “Não sabia que existiam tantos índios aqui na cidade. O documentário sobre eles me mostrou isso e que também devemos respeitar nossa história”, disse a estudante Isadora Ferreira, de 13 anos, do 9.º ano, referindo-se à produção de Sidney de Albuquerque “O Olhar Indígena Sobre Campo Grande”.
Após as exibições sempre acontece um bate papo com produtores, atores, diretores, entre outros profissionais comprometidos com o cinema local para que os estudantes tenham uma dimensão de como é fazer cinema por aqui. Já participaram os atores Bruno Moser e Espedito Di Montebranco, os diretores Fábio Flecha e Joel Pizzini, os músicos Rodrigo Camarco e Marina Peralta, entre diversos outros artistas.
“Os debates são muito interessantes porque há troca de experiências, contatos, assim podemos ter um norte de como é trabalhar com cultura em Campo Grande, pensar em fazer algo por aqui”, afirma a estudante de artes cênicas da UEMS Issel Chaia.
O projeto ainda passará por mais três escolas municipais, pelo IFMS e UFMS até o fim deste mês. A Escola Municipal Irene Szukala é a próxima a receber o Campo Grande Na Tela no dia 16 de maio, às 9h e 15h.