A imagem mais conhecida de Pedro é aquela em que o Apóstolo está com chaves nas mãos. E diante dessa figura surgiram lendas, crenças populares, e até mesmo, algumas anedotas.
Bem, a verdade é que as chaves apontam justamente o chamado do primeiro dos apóstolos, do pescador de peixes, que se tornou – por graça de Deus – o pescador de homens. (Mt 4,19)
Jesus instituiu a Igreja sobre São Pedro e os Apóstolos: “Tu és Pedro, e sobre esta Pedra edificarei a Minha Igreja; Eu te darei as chaves do Reino dos céus; tudo o que ligares sobre a terra será ligado no céu; e as portas do inferno nunca prevalecerão sobre ela” (Mt 16,16-19). É com base nessa promessa divina que a Igreja sabe que jamais será destruída ou vencida neste mundo. Jesus prometeu estar com ela todos os dias “até o fim do mundo” (Mt 28,20). Pedro, portanto, configura essa certeza.
As chaves simbolizam a autoridade que Pedro recebeu de Jesus Cristo, exercida não pelo poder, mas por meio do serviço, do pastoreio, do ensinamento. Não se trata de deter para si “as chaves”, mas salvaguardar a Igreja de Cristo. O Pontífice é, portanto, a máxima autoridade no pastoreio dos fiéis católicos.
A data em que São Pedro é homenageado – 29 de junho – não tem origem exata, mas alguns autores defendem que o apóstolo foi martirizado em junho de 64, em Roma. A solenidade de São Pedro (e de São Paulo) é uma das mais antigas da Igreja, anterior até mesmo à comemoração do Natal. No século IV havia a tradição de, neste dia, celebrar três missas: a primeira na Basílica de São Pedro, no Vaticano; a segunda na Basílica de São Paulo Fora dos Muros e a terceira nas catacumbas de São Sebastião, onde as relíquias dos apóstolos estavam escondidas para preservação da profanação durante a perseguição aos cristãos.
Celebrar o dia de São Pedro é celebrar a promessa de Cristo à sua Igreja, de que ela permanecerá em pé, mesmo diante das mais fortes contrariedades. Além de homenagear aquele que o próprio Cristo escolheu para confiar e encorajar os seus irmãos. O príncipe dos Apóstolos ensina que, mesmo diante da fraqueza humana, como ele mesmo demonstrou ao negar Jesus por três vezes, o chamado de Deus é irrevogável e a graça inerente a ele é capaz de fazer santos!
A figura do Apóstolo também pode ser reconhecida na própria sucessão Apostólica. O Romano Pontífice, como sucessor de Pedro, é o perpétuo e visível princípio e fundamento da unidade quer dos bispos quer da multidão dos fiéis (Lumen Gentium, 23). Assim, o Papa eleito pelo colégio de Cardeais mostra através dos séculos a continuidade da promessa de Cristo à Igreja.
E nessa linha de sucessão, chegamos ao Papa Francisco, o 266º a continuar a missão de Pedro no governo temporal e espiritual da Igreja. O primeiro papa latino-americano que, desde março de 2013, guia a Igreja. Um fenômeno – como já chegou a afirmar o seu antecessor Bento XVI – de jeito irreverente, alegre, afeiçoado às multidões que, com vigor, faz ver a força do chamado de Cristo.
Na figura de Francisco se constata que para cada época o Espírito Santo suscita o pastoreio necessário diante dos desafios que se impõem. Retomamos então a imagem das chaves de Pedro, aquele que exerce a autoridade dada por Cristo e porque tem as chaves, liga o céu à terra e a terra aos céus.
*Liliane Borges é jornalista e missionária da Comunidade Canção Nova