Houve muitos avanços no tocante à mulher, mas ainda muito deve ser feito para que mudanças profundas, significativas e comportamentais se concretizem.
Muito se fala em sororidade entre as mulheres; em “mexeu com uma, mexeu com todas”, mas, na prática, isso não ocorre.
Não há uma atitude uníssona nesse sentido.
Geralmente, as conquistas das mulheres se devem a vários fatores, mas não se atribuem à luta, à coragem, à determinação e à competência.
Ainda se atribui as vitórias das mulheres a outras formas, sendo uma delas, devido a um lado ainda enraizado da sociedade onde impera inoportunamente o machismo estrutural.
Não há mais espaço para o machismo em nossa sociedade.
Tudo mudou e caminhar contra a corrente cansa, esgota e não se chega a lugar algum.
O discurso tornou-se repetitivo, exaustivo e cansativo.
Vamos nos unir e exercitar a cidadania que nos é conferida pela Lei Maior!!! Cada qual com os seus talentos!!!
As mulheres conquistaram muitos espaços e devem lutar para estar em todos os lugares, tanto no âmbito particular, quanto no público e, também, no político.
O número de mulheres em alguns espaços ainda é mínimo.
Todas as mulheres merecem e devem exigir a respeitabilidade de todos.
Não devem aceitar que lhes impeçam a sua fala. Como cidadãs temos os direitos preservados na Constituição Federal em igualdade de condições com os homens.
A figura do “manterrupting” deve ser frontalmente coibida por todas as mulheres e por toda a sociedade, demonstrando que todas nós temos voz e vamos exercitar a plenitude da cidadania. Que os homens e a sociedade como um todo, têm que respeitar a nossa fala, onde estivermos, assim como devemos respeitar a fala e a opinião alheia. Concordar é uma coisa. O respeito deve prevalecer em todas as situações e nas temáticas voltadas para a cidadania.
Todos nós merecemos e exigimos respeito.
Devemos exigir o respeito às mulheres, às etnias, à liberdade religiosa, à diversidade sexual, aos idosos, aos deficientes, aos vulneráveis que tanto necessitam de nós, que têm direito à moradia, ao vestiário, à alimentação, à habitação, ao emprego, à educação e à saude.
O respeito também se estende aos animais, e a todos os seres viventes.
A construção de uma sociedade justa, fraterna e igualitária é feita com a colaboração dos cidadãos em conjunto com os entes públicos.
A cidadania nas escolas é essencial para que todos se conscientizem de seus deveres, de suas obrigações, para que possam exigir os seus direitos e a respeitabilidade tão almejada.
A violência contra a mulher, teve um aumento considerável na pandemia.
É importante ser mencionado que o número de casos de feminicídio no Brasil cresceu 22% durante à pandemia do Coronavírus. Os dados foram feitos pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
De cento e dezessete casos em 2019, passou para cento e quarenta e três casos em 2020.
Nota-se um agravamento do quadro de violência contra mulheres, crianças e adolescentes no Brasil. Durante à quarentena, as vítimas ficam com os agressores, tendo dificuldade para buscar ajuda seja celular ou por outros meios.
Há a impossibilidade de saírem de casa, e, por vezes, sem recursos financeiros, resultando em uma vulnerabilidade.
Segundo uma pesquisa feita em dezenove Estados pelo Instituto AzMina, foram registrados três feminicídios por dia nos primeiros seis meses de pandemia do Coronavírus.
Por dados estatísticos, quase quinhentas mulheres perderam a vida em crimes de motivação de gênero.
Por falta de subnotificação, o número pode ser maior.
Foram registrados no período de março e agosto de 2020, quatrocentos e noventa e sete casos envolvendo mulheres por motivação de gênero. No Distrito Federal teve uma diminuição de mortes, com queda percentual de 56%, sendo que o Estado de Mato Grosso lidera em casos de feminicídio deste o início da quarentena.
O número de casos pode estar reduzido em algumas regiões, devido à falta de subnotificação.
Houve a aprovação pela Câmara, do Projeto de Lei nº 1.444/20, que versa sobre medidas no combate à violência doméstica durante a pandemia, que agora se encontra no Senado.
As denúncias devem ser feitas pelas mulheres vitimizadas ou por qualquer pessoa que saiba de situações de mulheres que se encontram em violência doméstica.
Espero e anseio que em um futuro próximo, todos nós possamos exercitar a plenitude da cidadania, onde mulheres e homens caminharão lado a lado na busca de um mesmo ideal.
*Teresa Kodama é Procuradora do Estado de São Paulo aposentada, Artista Plástica Autodidata. Atuou como Corregedora Auxiliar da
Corregedoria Geral da Procuradoria Geral do Estado. Participou como Membro Efetivo de diversas Comissões da
Ordem dos Advogados do Brasil. Autora de cartilhas e de artigos jurídicos. Palestrante. Atuou como Conselheira do
Conselho Estadual da Condição Feminina. Ex-Coordenadora da Coordenação de Políticas para a Mulher do Estado de
São Paulo da Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania. Colaboradora do IPAM – Instituto Paulista dos
Magistrados no Projeto “Eu Tenho Voz”, ex-Embaixadora Social da Federação Paulista de Basketball, Sócia Fundadora do Rotary – Moema-Índia, colunista do Portal PetNews, na Coluna Direito Animal. Diretora da ABA – Associação Brasileira de Advogados do Jabaquara”.