A importância da decisão na construção de um futuro desejado

Um aforismo enlaçado na minha distante memória me lembrou que “a vida é feita de escolhas e nós somos a soma de nossas escolhas”. Essa frase, em poucas palavras, especifica o alcance de como o processo decisório é essencial para os êxitos e fracassos no trajeto de nossa breve existência concedida por Deus…

A vida é uma tapeçaria de decisões, entrelaçada com fios de diferentes cores e texturas. Cada escolha, por menor que seja, adiciona um novo ponto à nossa jornada, influenciando o resultado final. Algumas decisões são como nós firmes, que nos dão segurança e direção, enquanto outras são como nós frouxos, que podem nos levar a caminhos inesperados. Mas, em última análise, somos nós quem seguramos a agulha e tecemos o nosso destino.

Gabriel Ferraz – Foto: Acervo Pessoal

As decisões diárias que tomamos muitas vezes incidem com uma penetração profunda no curso de nossas vidas e influenciam o alcance de nossos objetivos. Cada decisão que tomamos pode nos aproximar ou nos afastar daqueles sonhos e metas estabelecidas com muita dedicação. Por isso é enorme a relevância do processo decisório na construção do futuro que se busca. Portanto, as escolhas são um elemento crucial na edificação dos anos por vir. Elas são o motor que impulsiona nossas ações, orienta nossas trajetórias e estabelece quem somos.

Nesse processo de tomada de decisão é fundamental também o autoconhecimento. As decisões serão sempre melhores, quanto mais entendermos nossos valores, capacidades e interesses pessoais. Não é recomendado ouvir apenas o nosso interior, é muito importante também escutar opiniões diferentes, divergentes, às vezes completamente antagônicas, para fazer uma reflexão das possíveis consequências com as escolhas dos caminhos que desejamos seguir.

Decidir é sempre um ato criativo, e é uma ferramenta para dar forma ao futuro, superarmos obstáculos e atingirmos nossas metas. Ao fazermos escolhas conscientes e responsáveis, estamos investindo em nós mesmos e construindo uma vida mais completa e com propósito. Um preceito importante como recomendou Wiz Khalifa é “nunca tomar decisões permanentes baseados em sentimentos temporários”.

O erro faz parte do processo natural de decidir. Nietzsche já filosofava que entre “as condições da vida poderia estar o erro”, mas Henry Ford foi mais assertivo, afirmando que até um erro pode revelar-se um elemento necessário a um feito meritório e complementou: “O insucesso é apenas uma oportunidade para recomeçar com mais inteligência”. E vale lembrar o já foi dito por um anônimo, mas não menos importante: você é mais do que suas falhas. Por fim nesta questão, o filósofo Mario Sergio Cortella sentenciou “O erro não te define, nem o acerto”.

Na reportagem Estudiosos analisam a tomada de decisões publicada na The Harvard Gazette, em 2009, o jornalista Corydon Ireland resumiu bem a questão o momento de decidir:

– Decisões, decisões. Todos nós as tomamos, começando por qual lado da cama acordar de manhã.

Mas, em escala pessoal e pública, muitas decisões têm consequências graves para a saúde, o bem-estar financeiro e — é verdade — o destino do planeta.

Por mais importante que seja, a tomada de decisão tem sido objeto de muito pouca investigação intelectual. Especialistas de muitas disciplinas estão apenas começando a destrinchar os fatores intelectuais, sociais, emocionais e anatômicos que se relacionam à tomada de decisões.

Este autor escreveu na época que a “ciência da decisão” ainda estava em sua infância, mas em seu núcleo acadêmico estavam duas disciplinas mais antigas, a economia e psicologia. O híbrido resultante de “economistas comportamentais” estava começando a fazer suas vozes serem ouvidas, especialmente em políticas públicas.

Num outro estudo sobre decisões automáticas, pesquisadores de Harvard revelaram que, das 35 mil decisões que tomamos diariamente, cerca de 95% são automáticas, baseadas em hábitos ou rotinas mentais. Isso significa que a maior parte de nossas escolhas segue padrões inconscientes. Para alcançar mudanças reais, é essencial cultivar a consciência do momento presente e desafiar esse ‘piloto automático’. Precisamos sempre estar conscientes de que ao escolher alternativas importantes precisamos ter decisões mais firmes quanto sejam possíveis, sem esmorecer, titubear ou fraquejar.

Em crescimento constante, as pesquisas estão buscando novas respostas para várias perspectivas no universo decisório. No trabalho A Biologia da Gentileza: Seis Escolhas Diárias para Saúde, Bem-Estar e Longevidade, os autores Immaculata De Vivo e Daniel Lumera exploraram as evidências científicas de que o comportamento pró-social pode desbloquear vidas mais longas, saudáveis e felizes.

Na terceira idade, a maioria das pessoas, por exemplo, se preocupa mais em manter a saúde, seguida por possuir dinheiro suficiente e desfrutar a vida. Essas aspirações foram exatamente o que comprovou cientificamente o relatório Viver Mais, Melhor: Compreendendo a Literacia em Longevidade, conduzido pelo Fórum Econômico Mundial e pela consultoria Mercer.

Com mais de 30 anos de experiência em gestão de riscos, de equipes e desenvolvimento de modelos de eficiência para práticas organizacionais, o consultor, palestrante, treinador de líderes, e ‘decidologista’, Fernando Manfio, tem combinado expertises em temas como Antroposofia, Psicologia positiva e técnicas de mindfulness, entre outros recursos, para ajudar pessoas e organizações a tomarem decisões conscientes, criativas e sustentáveis. Ele acredita que o propósito humano é construir prosperidade a partir da abundância individual, vivendo sem medo e com ousadia.

O especialista define as decisões como ponto de partida para criar o futuro desejável. Manfio defende que cada escolha contém um ‘sim’ e um ‘não’, que, quando feitos de forma consciente e alinhados à intuição, pavimentam o caminho para o crescimento pessoal e organizacional. Sua abordagem, pautada na prática e no impacto, mostra que a transformação começa ao ressignificar crenças e usar a inteligência intuitiva como guia. Tivemos o privilégio de ter recebido este grande estudioso das decisões em nosso podcast Papo de Progresso: no qual o convidado pôde falar desse tema e especialmente do seu trabalho com startups e empresas no segmento de crédito.

Nos procedimentos de escolha para uma vida melhor há muitos caminhos como já relatamos. Há também uma infinidade de dilemas, surpresas, imprevistos e alternativas inquietantes. Por isso, os processos deliberativos são tão desafiadores, misteriosos e estimulantes.

Desde 1938, pesquisadores da Universidade de Harvard estão em busca do segredo para uma vida feliz, tendo sido o trabalho mais extenso já realizado sobre o tema. Depois de 85 anos de estudos, eles chegaram à conclusão de que são nossos vínculos com os outros que nos proporcionam a maior felicidade.

*Gabriel Ferraz é consultor e sua missão é ajudar pessoas e empresas a ter maiores e melhores perspectivas por meio da ciência do caráter comportamental e da Psicologia Positiva. Atua também como podcaster, palestrante, escritor, especialista em desenvolvimento humano e já impactou mais de 3 mil carreiras profissionais nos últimos vinte anos, além de conduzir e facilitar grupos e trilhas de liderança.

É graduado em Administração, com MBA em Desenvolvimento Humano para Gestores (FGV), pós-graduado em Neurociências e Comportamentos (PUC – RS) e hoje é estudante de Teologia Bíblica do Trabalho pelo instituto ITEPA BIBLE COLLEGE-SP (2025) e mestrando pela FGV no programa de Mestrado Profissional em Gestão para Competitividade, linha gestão de pessoas.

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