A lágrima não é coisa rara
A dor de estar presa sem grade
Lembrando sua imagem já não tão clara
Eu sei, o tempo não para…
Mas parei eu no tempo envolto em saudade!
Mano, tá me ouvindo? Se eu falar assim perto de certas pessoas, vão me dizer, – “Ele não vai responder”. Eu não penso assim. Ele sempre me dava atenção. Ele sempre parou tudo que tava fazendo para me escutar.
Como são as coisas. Essa semana em que se comemora dois anos de sua partida é que eu percebo o que eu fazia. Meu namorado disse a mesma coisa, – Cadê os recados? O que está acontecendo?
E então eu pensei. Sim estou errada. Eu prometo valorizar cada ligação, cada recado e dizer amorzinho todos os dias. A sua ausência me fez mudar, mano. E digo mais. Vim aqui para te mostrar esse poema que eu fiz e principalmente dizer que você está fazendo falta e com o coração carregado de saudade! Por aqui eu estou cuidando do pai. Tomei seu lugar. Sei que seu carinho era diferente, mas eu via sua dedicação e então eu tento.
Era carinho de irmão. Era carinho de filho. Tudo junto e misturado.
Queria te perguntar como estão as coisas aí em cima. Usando a mesma voz preocupada que você mandava recado, quando me flagrava tristonha ou feliz demais.
Queria ter tido mais tempo para poder retribuir tudo que fez por mim.
Aceitaria começar te cobrindo quando te flagrasse cochilando no sofá frio;
Ou quem sabe, no seu aniversário, te comprando um presente daqueles que você ia realmente precisar, só pra lembrar sempre de mim. E pensando bem eu acho mesmo que iria te apertar mais forte na sua saída, ia te beijar. Nunca mais iria deixar você sair sem ouvir de minha boca –Eu te amo!
Desculpa. É que pensava que nunca seria o último.
Queria tanta coisa… a começar por ter meu mano de volta, pra me chamar de linda. Nem que fosse emprestado só no dia da minha formatura para eu te mostrar o canudo e dizer que consegui! Que conseguimos! Queria te apresentar o Junior…toda semana uma surpresa. Vocês iam se dar bem, ele sabe um monte de coisas, mas faltou, sua aprovação. Ele fez o cantinho do papai aqui em casa, gostaria que você visse como ficou. Você não conheceu ele. Só ele te viu no último dia. Ai meu Deus, vou chorar! Queria te ver no aniversário da Heleninha. Queria ver seu olhinho fechado, rindo à toa, olhando e falando para os outros que aquele era filha da Jéssica e ela era bonita porque “nasceu assim”, coisa de família.
Também queria dar mais um beijo – daqueles que estralam – na sua bochecha linda, fininha. Queria. Queria tanto…
Mas, não posso. E, confesso que isso dói. Mas, logo lembro de tudo. Fecho os olhos – como estou fazendo agora – sorrio baixinho, coloco no ráadio do carro a música do Castelo Queiroz e Miltinho Viana, com a sanfona do Tostão, três grandes amigos do Junior e que merecem ser lembrados pelo que fizeram na nossa música regional (interessante como Deus organiza tudo né?) – e volto a te perguntar:
“Mano, quer dançar comigo? Então eu sonho, eu amo, eu agradeço a Deus, e viajo nas emoções, me sinto mulher, choro de amor e de saudade. Aí tudo passa. E fico bem. E volto a amar como nunca!