A instabilidade política é uma realidade que deverá manter seus altos e baixos até 2022. Os conflitos e agitos nas redes sociais e nas ruas afetam diretamente a economia. Os especialistas concordam que o crescimento do chamado “risco Brasil”, que decorre da falta de prioridades do executivo e os desentendimentos institucionais, afasta os investidores estrangeiros, gera uma “indigestão” interna que culmina numa inflação descontrolada e resulta na alta do dólar, aumento do desemprego e em outras variáveis que afetam diretamente tanto o mercado financeiro quanto a vida do brasileiro.
A ressaca do 7 de setembro veio com a carta do presidente da república amenizando os conflitos, mas isto não significa uma mudança de atitude ou de rota, foi apenas um “intervalo de superfície” como diriam os mergulhadores. 2022 ainda sinaliza águas agitadas.
Nos perguntamos então: qual foi o aprendizado dos últimos dias? Dificilmente em uma democracia o poder executivo conseguirá governar sem fazer acordos. Em qualquer país democrático existem dois polos, a direita e a esquerda. É fato que os dois lados têm seus interesses, defeitos e virtudes, mas não conseguem governar sozinhos.
Existem diversas estruturas complexas que abarcam os sistemas executivo, legislativo e judiciário que não permitem extremos, e sempre que algo pende a um canto do espectro político, outra força tende a deixar tudo mais proporcional trazendo para o centro, promovendo um equilíbrio entre os satisfeitos e os decepcionados.
Não descartamos que em momentos acalorados os políticos declamem palavras populistas para seus eleitores. Faz parte do jogo. Mas, o tom mais moderado é que deverá ditar o ritmo das campanhas eleitorais para cargos do poder executivo no ano que vem, pois tanto a direita quanto a esquerda, estão sentindo falta dos votos do “centro” e dos indecisos.
Um presidente, um governador ou prefeito, por mais historicamente “extremista” que seja o perfil que carregam, não conseguirão fazer muita coisa sem o aval dos outros poderes. Além disso, a elite política vem apresentando uma certa maturidade com relação aos anos anteriores quando o assunto é responsabilidade fiscal e inflação. Equilíbrio é o sentimento do momento.
*Gustavo Neves, economista e assessor de investimentos da Plátano Investimentos