A relação entre os humanos e o sexo é um tema que atrai psicanalistas, sexólogos, antropólogos, biólogos e tantos outros especialistas há muito tempo.
O ato sexual é uma experiência que está intimamente ligada com o Homem, não apenas pelo fato de ser o ponto de partida da concepção, mas por tudo o que provoca ao ser humano a nível físico e mental. Atingir o clímax, o orgasmo é uma busca constante desde há milénios.
O filósofo, neuro psicanalista e especialista em estudos da mente humana Fabiano de Abreu acredita que homens e mulheres experienciam reações diferentes ao coito moldadas por um conjunto de variáveis genéticas e evolutivas. Neste caso, segundo o conceito de Abreu, a hereditariedade e a ancestralidade estão na base das diferentes respostas ao ato sexual por parte de homens e mulheres.
Como refere a neuropsicóloga, Roselene Espírito Santo Wagner, ” o homem tem uma preocupação mais “egocêntrica” sendo que, por sua vez, mulher possui uma preocupação mais “altruísta”.
A forma de ansiedade e a potência divergem tendo finalidades opostas.”
Segundo Fabiano de Abreu, estas diferenças comportamentais fazem com que ” a mulher perca o sentido total do ato e o seu tempo para atingir o orgasmo é mais longo. Facilmente explicamos esta reação se compreendermos que ela é genuinamente mais generosa na sua sexualidade. Nessa perspectiva o sexo feminino além de se concentrar no próprio prazer há uma preocupação em dar prazer também, em saber que o parceiro está a ficar plenamente satisfeito.”
Por outro lado, Abreu considera que ” o homem chega ao orgasmo invariavelmente mais rápido por questões orgânicas de manter o foco, de se conseguir centralizar no prazer do momento.”
Seguindo a linha de pensamento, Roselene Espírito Santo Wagner acredita que estes comportamentos são distintos pois “os cérebros foram condicionados de maneira diferente, no que diz respeito às suas percepções de mundo, como bem se analisa dentro da perspectiva da psicologia evolutiva”.
Fabiano de Abreu amplia esta ideia dizendo que ” desde sempre, desde os nossos primórdios, o homem é mais focal, tento aptidões como localização e posicionamento mais desenvolvidas. O homem faz leitura do cenário em forma de mapa. Tudo é condicionado pela orientação. No ato sexual ele é motivado pelo que vê.”.
Por sua vez, o sexo feminino, segundo a neuropsicóloga ” é mais abrangente, mais sensível, extremamente ligado a pormenores e preliminares, possuindo uma visão periférica que não descura nunca os detalhes. No ato sexual tudo influencia desde o cheiro, a energia do olhar, o timbre da voz, à forma do toque.”
Abreu quer afastar a ideia de que foram os papéis desempenhados na pré-história que moldaram a visão do sexo nos homens e nas mulheres. Muitas vezes é referido que nos nossos antepassados mais primitivos o homem desenvolveu o sentido de alerta maior por ser ele o caçador e defensor do grupo. No entanto, há diversas pesquisas que apontam que a mulher desempenhava igualmente essas funções. Dessa forma esta visão não pode ser válida em sua totalidade.
Para Abreu a chave desta diferença está no próprio ego. O egocentrismo masculino durante o ato sexual faz com que não se preocupe tanto com o ” conjunto total da prática” e por sua vez, ” a experiência feminina como é mais abrangente, talvez até mais exigente, necessita de uma carga emocional muito mais elevada para conseguir alcançar a realização.” Ainda segundo o psicanalista, “a mulher cresce dentro da expectativa e o ato sexual possa ser prolongado para além do ato físico em si, há um arrastamento para lá do coito.”
Concluído, mulheres e homens apresentam variações na forma como encaram o ato sexual. Seja por questões genéticas seja por questões evolutivas. Fabiano de Abreu aponta ainda que “não devemos esquecer de considerar que a mulher apresenta um conjunto mais alargado de variações na sua sexualidade. Contrariamente ao que acontece com o homem em que essas variações não são tantas, nem tão evidentes.
As mulheres têm um conjunto comportamental de maior repertório de envolvimento, carinho, cuidados e carícias. Ainda que os fins não sejam o sexo. Mas as conquistas de alianças e mútua ajuda para a vida. Há que se debruçar sobre hábitos de cada cultura e perceber que em todas, as mulheres têm essa natureza cuidadora e de maior facilidade de exteriorizar afetos.
O sexo para elas em quase maioria, é uma manifestação física de algo subjetivo.
Os homens são mais assertivos, práticos e tratam o envolvimento com maior racionalidade.
Para além de estilos e variações sobre o mesmo tema. Encontramos traços e repetições que nos apontam para a fragilidade feminina sendo sempre utilizada como força motriz geradora de vida, isso inclui principalmente o sexo. Onde elas são o veículo utilizado para trazer ao mundo outra vida, da qual novamente se incumbirão do amor de cuidados, para que a sobrevivência desta semente de vida possa vingar e completar o eterno ciclo da vida.
Fonte: MF Press Global