A preparação acadêmica do pediatra do século XXI foi um dos destaques do Congresso Brasileiro de Pediatria, hoje, no Rio de Janeiro

Evento contou com a participação de especialistas de vários pontos do Brasil e convidados estrangeiros e abordou temas como qualidade da formação do profissional, processos de avaliação e certificação, e educação continuada.

O aperfeiçoamento da formação dos pediatras, com a revisão do currículo e a ampliação do Programa de Residência Pediátrica, de dois para três anos, foi o ponto alto das discussões do Fórum Internacional de Educação Pediátrica, nesta quarta-feira durante o 37º Congresso Brasileiro de Pediatria (CBP), evento que se estende até sexta-feira, no Riocentro, na capital fluminense. Milhares de especialistas de todo País estão participando do Congresso, que é o maior evento do calendário da Sociedade Brasileira de Pediatria.

A mesa redonda “Educação Pediátrica no Contexto Global do Século XXI” contou com a participação do secretário do Global Pediatric Education Consortium (GPEC), Dr Hazen Ham. Ele falou sobre o Currículo Pediátrico Global, criado pelo consórcio mundial, com o objetivo de fornecer aos programas de treinamento o acesso a recursos educacionais de qualidade.

O especialista explicou que o modelo de currículo global, que já vem sendo implantado no Brasil, estabelece diretrizes para o treinamento do médico residente, avaliação, certificação, além do desenvolvimento profissional contínuo do especialista. A norma, que conta com sete capítulos, descreve os objetivos para cada ano de residência e as condições necessárias para alcançá-los.

O GPEC é uma organização internacional que reúne instituições de mais de 50 países, como China, Japão, Alemanha, Estados Unidos e países europeus, incluindo a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).

Medicina do Adolescente

Na parte da tarde um dos destaques desta quarta-feira no 37º CBP foi a mesa redonda “Sexualidade e Saúde Reprodutiva na Adolescência”, que fez parte da programação do primeiro dia do Simpósio de Medicina do Adolescente, que se estende até amanhã.

A primeira palestra coube à professora e doutora Maria Ignêz Saito, que falou sobre contracepção de emergência. A especialista, que é professora do Departamento de Pediatria da Universidade de São Paulo (USP), lembrou que a contracepção de emergência cumpre um papel de destaque dentro da proposta de Educação Sexual, pois este tipo de atendimento acaba servindo como ponte para que o pediatra possa orientá-lo sobre a necessidade de sexo seguro, para evitar uma gravidez indesejada.

Já o endocrinologista pediátrico Dr Gil Guerra Júnior falou sobre diagnóstico e tratamento para casos de puberdade tardia em meninos e meninas, e também para casos de ambiguidade genital (quando os órgãos genitais externos não têm a aparência típica de menino ou de menina). Dr Guerra Júnior, que é doutor, professor e pesquisador do Departamento de Pediatria da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), lembrou que a puberdade tardia pode ser consequência de Hipogonadismo – doença em que as gônadas (testículos nos homens e ovários nas mulheres) não produzem quantidades adequadas dos hormônios sexuais como a testosterona (masculino) e o estrogênio (feminino), e crescimento lento na infância, entre outras causas. Por isso, é importante a realização de exames laboratoriais para avaliar a produção hormonal, na hora de investigar as causas.

A sexóloga e professora do Departamento de Medicina da Família e Comunidade da Faculdade de Medicina da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) Regina Moura abordou o tema “Educação Sexual na Escola”. Ela apresentou uma pesquisa realizada entre 2007 e o ano passado, envolvendo alunos e professores do 6º ao 9º ano de escolas da rede municipal de Educação do Rio de Janeiro. A conclusão do estudo sinaliza que é necessário adotar ações que promovam a autoestima e o reconhecimento de cada jovem como um indivíduo único, capaz de fazer suas próprias escolhas.

Tabaco, álcool e maconha são doenças pediátricas

Outro tema debatido hoje (14/10) no 37º CBP foi o consumo de drogas na adolescência. Segundo estudo do pneumologista pediátrico João Paulo Becker Lotufo, que considerou 6.500 alunos dos ensinos Médio e Fundamental, na turma de adolescentes do último ano do Ensino Médio cerca de 25% fuma, 59% inicia a ingestão de álcool, 20% experimenta a maconha e 5% tem contato com o crack. O especialista ressalta ainda que o consumo dessas drogas deve ser considerado doença pediátrica porque quem usa começa antes dos 15 anos. “A ingestão de álcool começa aos 10 anos no Brasil. Num grupo de 10 mil jovens, 25 mil já usou tabaco, 60 mil já experimentou álcool, 20 mil já experimentou maconha e 5 mil crack”, acrescentou ele.

A SBP se preocupa com o problema e apoia ações de prevenção, além de colocar de forma clara para os médicos da área a necessidade de se envolverem nessa luta de combate ao uso dessas drogas.

Desnutrição e suplementação de micronutrientes

A pediatra do departamento de Nutrologia e suporte nutricional da SBP, Christiane Araújo Chaves Leite, trouxe ao 37º CBP a palestra: “Dez passos para o tratamento da criança gravemente desnutrida”. Dentre as sugestões para a terapia, a pediatra destacou que o médico deve corrigir as deficiências de micronutrientes, reiniciar a alimentação cautelosamente, além de assegurar que a criança seja exposta a cuidados e estímulos afetivos. “A alimentação correta da criança com desnutrição grave é tão fundamental quanto qualquer outra medicação que ela receba, e a interação com outras crianças durante a reabilitação é igualmente importante”.

Todas as crianças com desnutrição têm deficiências de vitaminas e sais minerais. A pediatra Maria Aparecida Costa da Silva falou sobre “Suplementação de micronutrientes” e destacou as principais carências e profilaxias para estes casos. “Uma das mais importantes deficiências de vitaminas, e que representa risco de vida e de cegueira para a criança, é a de Vitamina A. A falta de Zinco está associada ao atraso de crescimento e a carência de Ferro à dificuldade do aprendizado. A SBP orienta a profilaxia com ferro elementar até os dois anos e a OMS recomenda a suplementação de zinco em casos de ocorrência de diarreia por mais de 10 dias”, destacou a pediatra e ressaltou, ainda, a importância de uma nutrição equilibrada para um bom desenvolvimento.

Fonte: SB Comunicação

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