Os Investidores Brasileiros têm mais uma opção para empregar recursos em empresas listadas pelas bolsas de valores estrangeiras e diversificar aplicações.
A CVM (Comissão de Valores Mobiliários) anunciou mudanças nas regras do investimento em ações de empresas estrangeiras de capital aberto e também para aquelas com sede nacional que operam papeis em bolsas fora do Brasil. Com as mudanças, uma das possibilidades será aplicar em ações da Apple.
Até então, esse tipo de investimento só era possível por meio da aquisição de BDRs (Brazilian Depositary Recieve), uma espécie de fundo de investimentos em que o investidor adquire cotas das ações pertencentes à corretora e recebe os dividendos. A negociação é toda feita em reais, por meio da bolsa de valores brasileira.
Esse tipo de aplicação só era permitido para os investidores qualificados, ou seja, aqueles que possuem pelo menos R$ 1 milhão em patrimônio.
Com a mudança na regra, os investidores não qualificados poderão apostar em papeis das empresas do grupo FAAMG, que reúne as mais importantes do setor tecnológico: Facebook, Apple, Amazon, Microsoft e Google. Embora a medida já esteja em vigor desde o começo de setembro, o mercado financeiro, a própria bolsa de valores e as corretoras precisam de tempo para se adaptar à nova realidade. Sendo assim, provavelmente, as operações só devem ser disponibilizadas no final do ano.
Como era
Até agora os investidores brasileiros só podiam investir no exterior de duas maneiras: abrindo uma conta em algum banco ou corretora no exterior – sendo obrigatória a comprovação de residência lá fora – ou investindo em BDRs – que só era permitido para investidores qualificados, excluindo os de pequeno e médio portes.
Porém, investir em empresas de capital aberto listadas nas bolsas estrangeiras não era uma opção. Por essa razão, a mudança era um apelo antigo do mercado financeiro e da própria bolsa de valores brasileira. O que pesou na decisão da CVM foi o fato de grandes empresas nacionais como a XP Investimentos e PagSeguro terem se listado nas bolsas norte-americanas.
Importante lembrar que só estarão liberados ao investidor brasileiro os BDRs não lastreados, isto é, aqueles cujos valores estão garantidos pelo mercado mobiliário externo.
O que muda
As novas regras divulgadas pela CVM definiram que a partir de agora as BDRs passam também a permitir investimento em títulos de dívida pública emitidos no exterior, em ETFs (Exchange Traded Fund) e em empresas brasileiras com capital no exterior.
De acordo com a CVM, a expectativa é de que pelo menos parte da liquidez das negociações de empresas nacionais listadas no exterior permaneça no Brasil.
Vantagens e desvantagens
As mudanças trouxeram muitas dúvidas para o investidor brasileiro. E a principal delas é se vale a pena investir em empresas brasileiras de capital aberto no exterior. Não há uma resposta definitiva porque há vantagens e desvantagens nesse processo.
Um ponto positivo é que, ao adquirir os papéis no exterior, a tendência é que o valor cobrado seja mais em conta. Isso porque as empresas de tecnologia nacionais não têm muita concorrência, logo, o preço no mercado local aumenta.
No exterior, como há mais empresas do mesmo modelo disputando o mercado, o preço tende a baratear, seguindo a lei da oferta e da procura.
As mudanças também podem atrair mais empresas brasileiras a abrirem seu capital nas bolsas internacionais. O momento é bom para as organizações porque, com a crise provocada pelo novo coronavírus, o preço de parte das ações caiu bastante e atraiu novos investidores.
Por outro lado, se a pessoa deseja diversificar investimentos, expandindo os horizontes geográficos, pode não ser uma boa estratégia aplicar em empresas cuja receita é em real.
Mas tudo depende da estratégia de investimento a ser adotada. O ideal é procurar por ajuda especializada para realizar essa atividade.
Como investir em BDR?
Por serem ativos de renda variável, antes de começar a negociar ações é preciso primeiro fazer uma análise de perfil de investidor.
Caso conclua que o perfil é agressivo, é preciso que a pessoa se atente a alguns pontos antes de fechar negócios, como conhecer os fundamentos da empresa em que se pretende investir, entender os riscos envolvidos na operação, descobrir a liquidez dos papéis e entender os custos do processo.
Com domínio desses detalhes, será preciso abrir uma conta em uma corretora de valores credenciada pela CVM para evitar golpes. Cada corretora cobra taxas diferentes e isso deve ser considerado na hora de escolher.
Acompanhar o mercado financeiro de perto também é fundamental para quem investe em BDRs. A constante volatilidade das ações determina os rumos das negociações.