Campo Grande (MS) – Para expandir a fruticultura em Mato Grosso do Sul, a Agraer (Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural) vem fomentando ações com agricultores familiares através da transferência de tecnologias que permitam alavancar a produção das mais diversas variedades de alimentos como melancia, goiaba, uva e maracujá, por exemplo.
Atualmente, Mato Grosso do Sul produz menos de 5% do maracujá que a população consome, sendo que os principais produtores estão na região central do Estado – Campo Grande, Bodoquena, Jaraguari, Dois irmãos do Buriti, Sidrolândia e Terenos. Isso sem mencionar outro índice alarmante, os 85% de alimentos que chegam na Ceasa (Central de Abastecimento de Mato Grosso do Sul), em Campo Grande, são oriundos de outros estados como Minas Gerais, Paraná, São Paulo e Santa Catarina.
Atenta a esses dados alarmantes a pesquisadora e engenheira agrônoma Aline Mohamud Cezar, do Cepaer (Centro de Capacitação e Pesquisa) da Agência, vem desenvolvendo estudos com seis cultivares de maracujá azedo, ou amarelo, são elas: BRS Gigante Amarelo, BRS Sol do Cerrado, BRS Rubi do Cerrado, AIC 275, FB 200 e FB 300. As cultivares foram plantadas em unidades experimentais em Três Lagoas (assentamento 20 de Março), e em Campo Grande (nas dependências do próprio Cepaer).
O projeto é financiado pela Fundect (Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso do Sul) e conta ainda com a colaboração das servidoras da Agraer, a pesquisadora Olita Salati e a engenheira agrônoma Sônia Komori.
Pesquisa em campo
Para colocar em prática as suas análises, há um ano a pesquisadora Aline vem realizando um trabalho no Assentamento 20 de Março, em Três Lagoas, na propriedade de Roberto Mazetto da Silva. O experimento vem dando tão certo que um “Dia de Campo” foi realizado, no dia 3 de maio, para que outros agricultores da região pudessem conhecer o cultivo de maracujá como alternativa de diversificação agrícola para pequenos produtores.
De acordo com Roberto, o incentivo da Agraer é de suma importância para os agricultores da região. “O plantio vai se estender até o mês de dezembro, quando será feita a colheita e a coleta de dados para se agregar a pesquisa. O cultivo do Maracujá encontra-se como uma alternativa de renda para os produtores”, afirma o produtor.
Com base em estudos, Aline explica que Mato Grosso do Sul tem condições favoráveis para o desenvolvimento da fruta e que o que dificulta muitas das vezes os agricultores a se enveredarem nessa área é a falta de conhecimento técnico acerca das muitas variedades de maracujá. “Um dos desafios aos produtores que pretendem trabalhar com o maracujá é a escolha de cultivar corretamente. O experimento está sendo desenvolvido, de forma a proporcionar aos produtores de Mato Grosso do Sul informações técnicas consistentes em relação a estas seis cultivares avaliadas. E com os resultados deste trabalho, poderemos indicar a cultivar que melhor se desenvolve ao solo e ao clima sul-mato-grossense”, esclarece Aline.
Durante a visita a propriedade, em Três Lagoas, os agricultores tiveram a oportunidade de visualizar as seis cultivares que estão sendo avaliadas no experimento. “Falamos de forma geral sobre as necessidades da cultura quanto a clima, solo e também sobre o plantio, com espaçamento recomendado, produção de mudas, cultivares existentes, inclusive, sobre as que estamos sendo avaliadas no experimento onde será o dia de campo. Pragas e doenças que afetam a cultura e o custo de produção também foram abordados”, detalha a pesquisadora.