O sol batia na janela clareando todo o ambiente. Estava um dia lindo, com o calor que aquecia a todo o canto. Mas Divina, a mãe, não via e não sentia a nada disso. Levantou acabrunhada, preocupada com o marido Josué e com o filho Carlos. Foi para a cozinha fazer um café, e ficou pensando nos dois que, mais uma vez, saíram para beber.
Josué, todos os dias, sem exceção, bebia desenfreadamente. Divina resolveu abrir a porta da cozinha, quando viu Josué caído no chão, desmaiado, de tanto beber. Estava com o corpo todo sujo de vômito, impregnado de restos de bebida alcoólica. O que fazer? Neste mesmo instante, chegou o filho, totalmente embriagado. A mãe não sabia o que fazer. Qual socorrer, o pai ou o filho. Ou os dois?
Falar sobre alcoolismo é algo obrigatório. Alcoolismo NUNCA foi problema exclusivo dos adultos. É o começo ilegal, para os jovens, de drogas legais. Crianças e adolescentes menores de 18 anos estão proibidos, por lei, de consumir, comprar e portar bebidas alcoólicas. Infelizmente, o alcoolismo não é algo que se discute só com “velhos”, mas discute-se, principalmente, com os jovens, porque não sabem que ele faz parte de suas vidas.
Já que experimentam o álcool ainda na adolescência, às vezes sob a supervisão de um adulto que não vê problema nisso. Porém, sabe-se que o álcool traz diversos prejuízos para quem usa, podendo ser, até mesmo, a porta de entrada para outras drogas.
Os pais têm papel muito importante na prevenção do uso do álcool na vida dos seus filhos. É a substância psicoativa mais consumida precocemente pelos adolescentes, e a idade de início do uso tem sido cada vez menor, o que aumenta o risco de dependência. O alcoolismo é considerado uma doença progressiva, incurável, porém, tratável. Prejudica a vida não somente de quem consome, mas também de seus familiares. Buscar informações sobre os efeitos do álcool na adolescência é necessário – e urgente. Um pai informado ganha poder de persuasão no diálogo com os adolescentes.
Esse é um tema bastante controverso, pois a Lei brasileira proíbe a venda de bebida alcoólica para menores de 18 anos, embora muitos façam uso em casa, em festas e às vezes até em ambientes públicos.
O adolescente gosta de desafio e de burlar regras, acredita estar protegido mesmo envolvendo-se em situações de risco que podem ter conseqüências graves. Vários deles costumam associar o lazer ao consumo de álcool, ou só conseguem tomar iniciativas em experiências afetivas e sexuais se beberem. A família é primordial na prevenção do uso nocivo do álcool, como também em casos nos quais o problema já está instalado.
O tratamento da doença, que atinge cerca de 5,8 milhões de pessoas no Brasil, segundo I LENAD, não é fácil. A doença apresenta pelo menos um ano e meio em sua fase mais crítica e tem índice de recaída de cerca de 50% nos primeiros 12 meses. Segundo o II LENAD, O início do consumo do álcool na população jovem foi pouco abaixo dos 15 anos (ou seja, 3 anos antes da idade permitida por lei para o consumo). Não há diferença entre os sexos nesse início do consumo. Praticamente metade dos jovens consomem álcool, e esta taxa é de 26% entre os menores de idade.
Dirigir alcoolizado é um dos comportamentos de risco mais perigosos e frequentes associados ao consumo de álcool. Embora a lei tenha sido endurecida nos últimos anos, e nossos próprios dados tenham mostrado uma diminuição neste comportamentocomo consequência dessas mudanças, a frequência do beber e dirigir no Brasil ainda é bastante alta entre jovens.
Os personagens do quadro inicial são fictícios, mas a realidade existe, é crua e dolorosa. O álcool é a droga mais consumida no mundo, mata sete vezes mais do que o crack, e cada vez mais é impulsionado pelos “vendedores”. O que fazer para diminuir este consumo? Trabalhar com a PREVENÇÃO. É a única solução.
(*) Cilene Queiroz, escritora, bióloga, MSc em Sistemas de Produção em Agronomia