São Paulo (SP) – Em abril, a Aldeias Infantis SOS superou a marca de quatro mil refugiados acolhidos no Brasil, um trabalho realizado em parceria com o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR). O número representa 1.156 famílias, em sua maioria de venezuelanos, que, desde 2018, cruzaram a fronteira em busca de uma oportunidade melhor de vida, diante da crise humanitária vivenciada na Venezuela. Além dos migrantes da América do Sul, em 2022, a Organização estendeu os atendimentos para beneficiar afegãos, que passaram a chegar no aeroporto de Guarulhos (SP).
Independentemente do país de origem, o acolhimento de todos inclui moradia digna e segura, além de acesso a serviços essenciais como água, luz, alimentação e saneamento básico, além de aulas de português e capacitações profissionais. Ao chegar ao Brasil, as famílias com filhos são cadastradas pelo ACNUR e, posteriormente, encaminhadas para Aldeias Infantis SOS, que apoia o processo de interiorização dos migrantes.
Em média, as famílias ficam três meses sob o cuidado da Organização. Período necessário para a regularização de documentos, identificação de oportunidades de trabalho e definição de um local para morar de forma definitiva. Do total de acolhidos, 297 pessoas — cerca de 65 famílias — ainda estão na Aldeias Infantis SOS. Os venezuelanos ficam nas cidades de Brasília, Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre, enquanto os afegãos estão alojados em Poá (SP).
“Me sinto bem por estar com meus filhos neste lugar maravilhoso, sei também que as coisas são difíceis por ser mãe solteira. Seria impossível chegar aonde estamos sem o trabalho e a ajuda da Aldeias Infantis SOS. Por isso, agradeço a todos pela dedicação. Tenho esperança de que tudo dará certo, meus filhos estão matriculados na creche e eu, na esperança de uma vaga de emprego”, destaca Andris Maria Ramirez, refugiada venezuelana acolhida no Rio de Janeiro.
Entre os que mais sentem o impacto do processo migratório são as crianças que, muitas vezes, não compreendem a mudança drástica de rotina e as dificuldades impostas pela mudança de país. Além disso, ser um jovem e ter que fugir do próprio país pode aumentar os riscos de abusos e exploração e reduzir as chances de acesso à educação. De acordo com dados da ACNUR, atualmente existem quatro milhões de crianças refugiadas fora da escola em todo o mundo.
Das 4.088 pessoas acolhidas desde 2018, mais da metade eram de crianças e jovens com idade entre 0 e 17 anos. A Aldeias Infantis SOS trabalha para que nenhuma delas cresça longe das famílias e obtenham as condições necessárias para se tornarem cidadãos melhores.
Keilys Del Jesus Gonzalez Paisan é mãe de três filhos e foi acolhida pela Organização na unidade do Rio de Janeiro. Para ela, foi muito importante encontrar um lugar para que seus filhos possam estudar. “Estamos muito felizes pelo emprego, por termos uma casa onde dormir, por meu filho estar matriculado na escola, por estarmos com saúde e termos o que comer. Agradeço o apoio dos profissionais da Aldeias, são pessoas muito boas que nos ajudam bastante”, finaliza a venezuelana.
A atuação da Aldeias Infantis SOS é uma importante iniciativa na busca por uma sociedade mais justa e igualitária, que respeite os direitos das pessoas que tiveram que deixar seus países em busca de segurança e dignidade.