Além das Asas

A Jornada da Inclusão

Fernanda Vieira – Foto: Acervo Pessoal

Introdução

Vivemos em um mundo cheio de cores, formas, sons e jeitos de ser. Cada pessoa é uma combinação única de sonhos, talentos, medos e desejos. No entanto, em uma sociedade que muitas vezes quer que todos sigam as mesmas regras, tenham os mesmos gostos e pareçam iguais, ser diferente pode ser um desafio.

As diferenças são o que tornam o mundo mais rico e interessante. As próximas linhas são um convite para refletir sobre o valor da inclusão, embarcar em uma jornada de empatia, compreensão e respeito à diversidade. Em breve o leitor vai conhecer personagens que, mesmo enfrentando olhares críticos, palavras duras e momentos difíceis, encontram formas de mostrar ao mundo a beleza de serem quem realmente são, nos mostra o poder da amizade e a beleza das diferenças. Bento e seus amigos nos ensina que, mesmo enfrentando desafios, é possível encontrar nosso lugar no mundo – um lugar onde a diversidade é celebrada e onde cada um pode brilhar com sua luz especial.

Prepare-se para descobrir como a coragem de ser diferente pode mudar o mundo e como, juntos, podemos construir uma sociedade mais acolhedora e justa, onde cada um possa ser respeitado e valorizado por quem é.

Espero que a presente leitura inspire você a olhar para o próximo com mais empatia e a lembrar que juntos somos mais fortes.

Bem-vindo a esta aventura de respeito, inclusão e amor ao próximo!

Prefácio

Querido leitor,

Já se sentiu diferente ou fora de lugar? Já se perguntou se existe um cantinho especial no mundo onde todos podem ser aceitos exatamente como são? Então, Bento, é um besouro que carregava não apenas o peso de suas asas, mas também o de se sentir excluído.

Nesta jornada, Bento encontra outros amigos únicos: Lia, uma joaninha cheia de coragem que luta para ser aceita como ela realmente é; Mel, uma abelhinha talentosa que nunca desistiu de seus sonhos, mesmo enfrentando a desconfiança de sua família; e Guto e Teca, irmãos formigas que desafiaram a injustiça e encontraram força na amizade.

Apresento um convite para refletir sobre o valor da inclusão, o poder da amizade e a beleza das diferenças. Bento e seus amigos nos ensina que, mesmo enfrentando desafios, é possível encontrar nosso lugar no mundo – um lugar onde a diversidade é celebrada e onde cada um pode brilhar com sua luz especial.

Inspire-se a olhar para o próximo com mais empatia e a lembrar que juntos somos mais fortes.

Com carinho,

Fernanda Vieira

Dedicatória

Poeta Teodorico – Foto: Edson Reis

Dedico as próximas linhas a todo ser humano que é diferente, que ousa ser único, e ao meu melhor amigo Teodorico Boa Morte (in memoriam) que mesmo tendo partido, continua me inspirando.

Capítulo 1: Bento, o Besouro Solitário

O Besouro Azul – Foto: Divulgação

Era uma vez um besouro chamado Bento. Ele era grande e forte, com asas brilhantes, mas seu coração estava triste. Bento havia perdido sua família em uma grande tempestade e, desde então, vagava sozinho pelos campos e florestas.

Bento também era de estrutura robusta e não conseguia voar, o que fazia com que ele sofresse entre os outros besouros. Cansado das provocações e da exclusão, ele resolveu deixar o grupo e partir em busca de um lugar onde pudesse ser feliz. De alguma forma feliz.

Capítulo 2: A Joaninha Especial

A Joaninha – Foto: Divulgação

Em uma manhã tranquila, Bento encontrou uma joaninha chamada Lia. Ela tinha lindas pintinhas negras nas asas e um sorriso que iluminava tudo ao redor.

Enquanto conversavam, caminhavam por um campo coberto de margaridas brancas e girassóis altos que balançavam com o vento. Uma brisa suave trazia o perfume das flores, e pequenas borboletas dançavam ao redor.

“Oi, besouro! Meu nome é Lia. Por que está tão triste?”

Bento contou sua história, e Lia, com carinho, disse:

“Eu também passei por muitas dificuldades. Sou uma joaninha que nasceu diferente e não me identifico no que esperam de mim na comunidade, mas lutei para ser quem sou hoje. Infelizmente, não fui bem aceita na sociedade das joaninhas e nunca tive filhos.

Sempre que tentava ser eu mesma, sofria discriminação e menções jocosas.”
Lia também explicou que era pequena demais para ser uma fêmea, já que, normalmente, as joaninhas fêmeas são maiores que os machos. Além disso, ela não podia voar porque uma de suas asas estava quebrada, resultado de uma agressão física que sofreu em seu antigo bando, agressão … apenas pelo seu jeito de ser.

Bento ficou impressionado com a coragem de Lia e convidou-a para viajar com ele. Lia aceitou, feliz por ter encontrado um novo amigo.

Capítulo 3: A Abelhinha Aventureira

A Abelhinha – Foto: Divulgação

Os dois amigos estavam caminhando por uma trilha de terra cercada de árvores frutíferas, cujos galhos pendiam com maçãs e peras maduras. O som da água de um riacho próximo misturava-se ao canto de pássaros e ao zumbido de insetos. Foi ali que ouviram um zumbido animado. Era uma abelhinha chamada Mel!

“Oi! Para onde estão indo?” perguntou Mel, curiosa.

 “Estamos procurando um lugar onde possamos ser felizes”, respondeu Bento.

“Posso ir com vocês? Quero explorar o mundo e fugir das regras rígidas da minha colmeia!”

Mel contou que era cantora e adorava se apresentar para outros insetos, mas sua família não apoiava seu sonho. Além disso, ela era uma abelha nativa, e muitos diziam que ela devia se concentrar em preservar tradições, não em seguir sua paixão artística.

Ela também revelou que não conseguia mais voar. Durante uma de suas apresentações, enquanto cantava no galho seco de uma árvore, um jenipapo maduro caiu em cima dela. Além da dor do acidente, Mel teve que lidar com o desprezo de sua colmeia. As outras abelhas riram dela, dizendo que, em vez de trabalhar, ela estava perdendo tempo com cantorias. Esse episódio foi a gota d’água para que Mel decidisse sair do bando.

“Eles diziam que ser cantora não levaria a nada, que eu devia estar na colmeia trabalhando como as outras. Mas cantar é minha paixão, e não vou desistir!”

Bento e Lia deram risada e disseram: “Claro, Mel! Junte-se a nós!” E assim, os três continuaram juntos, agora uma equipe ainda maior.

Capítulo 4: Os Irmãos Formiga

Guto e Teca – Os Irmãos Formiga – Foto: Divulgação

Enquanto caminhavam por um campo florido, onde as flores formavam um verdadeiro tapete colorido, encontraram duas formigas, Guto e Teca, que pareciam cansados e tristes.

“Por que estão sozinhos?” perguntou Lia.

Tito suspirou e começou a contar: “Nós enfrentamos problemas desde que nascemos.

Sempre fomos justos, não aceitamos que ninguém seja tratado com indiferença. Mas isso nos trouxe muitas dificuldades. Já estamos velhos e não conseguimos fazer muita coisa no formigueiro. Por isso, a rainha autorizou nossa expulsão.”

“Por que ela faria isso? Isso é terrível!”, exclamou Mel. “Nós apenas causávamos problemas, segundo eles”, continuou Teca. “Aconteceu depois que defendemos uma formiguinha que era meio lerda. Ela tinha algo chamado TDAH e era frequentemente maltratada pelo chefe.”

“Não era justo o que ele fazia com ela”, acrescentou Guto. “Um dia, ele começou a falar alto e humilhar a pobre formiguinha na frente de todos.”

Teca, com lágrimas nos olhos, relembrou o momento:

“Eu disse: Não. Ela não merece isso!’

Guto completou: “E eu disse: ‘Se não parar, você terá que lidar conosco!’”
“Mas o chefe não gostou nada disso”, continuou Teca. “Ele nos acusou de causar revoltas e disse à rainha que éramos inúteis e velhos demais para trabalhar. Foi assim que fomos expulsos.”

Lia, indignada, respondeu: “Vocês fizeram a coisa certa! Esse chefe era cruel, muito cruel.”

“Exato- também vejo assim”, disse Bento. “Venham conosco! Não precisamos de um formigueiro para sermos fortes. Somos uma família agora.”

Guto e Teca sorriram, emocionados, e subiram nas costas de Bento, sentindo-se finalmente acolhidos.

Capítulo 5: A Aventura na Floresta

Em uma manhã clara, os amigos chegaram a uma floresta densa e sombria. A luz do sol mal atravessava as copas das árvores, criando sombras que dançavam ao redor deles.

Enquanto exploravam, ouviram um barulho estranho. Um grupo de insetos maiores estava bloqueando o caminho.

“O que vocês querem aqui?” perguntou um louva-a-deus com voz ameaçadora.
“Estamos apenas passando”, respondeu Bento educadamente.

“Não queremos gente diferente por aqui. Vão embora!”, disse outro inseto.
Os amigos se entreolharam com medo, mas Lia tomou a frente.

“Nós não queremos problemas. Não pretendemos atrapalhar ou incomodar. Só estamos buscando nosso lugar no mundo! Que mal há nisso?”

Os insetos começaram a zombar deles, mas Mel, com sua voz firme, começou a cantar. Sua música era tão bela que até os insetos mais hostis, pararam para ouvir. A melodia transmitia força e união, e isso fez com que o grupo recuasse. Um deles até estava batendo a patinha no chão seguindo o ritmo. A música encantou e aos poucos foi permitido que os amigos seguissem seu caminho.

Capítulo 6: Enfrentando o Preconceito

Durante a jornada, o grupo passou por momentos difíceis. À medida que atravessavam bosques densos, onde os raios de sol, mal conseguiam atravessar as folhas, e campos abertos com grama alta, que balançava ao vento, encontraram insetos que não aceitavam a diversidade do grupo. Comentários daqui e dali, eram ouvidos ao longo do caminho.
“Olhem só esse besouro pesadão! Nem consegue voar, mas carrega um monte de gente nas costas!”, zombou um gafanhoto.

“E aquela joaninha? Que tipo de joaninha é essa, que não tem filhos e não se comporta como as outras?”, disse uma borboleta, rindo.

Mel também ouviu críticas: “Uma abelha cantora? Isso é ridículo! Você devia estar na colmeia trabalhando como as outras!”

Apesar disso, o grupo se apoiava mutuamente. Mel enfrentava as críticas cantando com mais força e alegria, e Lia, mais comedida, sempre lembrava a todos da importância de serem fiéis a si mesmos. Bento, com sua força e bondade, inspirava o grupo a seguir em frente.

Capítulo 7: O Canto de Mel

Enfim em uma tarde destas cheias de sol, Mel decidiu visitar sua antiga colmeia. Ao chegar lá, encontrou um cenário preocupante. Um gás tóxico, vindo de uma máquina deixada por humanos, havia se espalhado pelo local. Muitas abelhas estavam fracas e desorientadas.
“Minha família!” exclamou Mel, correndo até elas.

Sem saber o que fazer, Mel começou a cantar suavemente. Sua melodia era cheia de esperança e amor. Algo mágico aconteceu: o som de sua voz parecia limpar o ar, dissipando o gás e trazendo alívio às abelhas. Uma a uma, elas começaram a se recuperar.

“Mel, você nos salvou!” disse uma abelha mais velha, emocionada, ainda se levantando.

Foi naquele momento que a família de Mel percebeu o quanto sua filha era especial.    “Nunca devíamos ter duvidado de você, Mel. Sua voz é um presente divino e salva vidas.”

“Obrigada, mãe”, respondeu Mel com lágrimas nos olhos. “E agora, eu quero apresentar meus amigos. Eles me ensinaram que ser diferente é incrível e que juntos podemos superar qualquer coisa!”

Mel, no entanto, decidiu continuar sua jornada com Bento, Lia, Guto e Teca. Ela explicou à sua família: “Eu amo vocês, mas preciso seguir com meus amigos para inspirar outros lugares. O mundo precisa saber que ser diferente é uma força, não uma fraqueza.” Sua família, agora orgulhosa, e emocionada, abençoou sua partida, pedindo que voltasse assim que pudesse. E assim continuaram até Mel se apresentar em um programa de rádio, finalmente sendo reconhecida seu valor. Isso era um lindo dia de 13 de fevereiro. E em todas as rádios de formigas do mundo Mel era ouvida.

Assim, Bento e seus amigos seguiram sua jornada através da música, provando que a união, a coragem e o respeito pelas diferenças podiam e podem; superar os grandes desafios da vida e que cada um de nós, pode voar…além das asas!

THE END

*Nota da autora: O dia 13 de fevereiro é o dia mundial do Rádio, uma data para celebrar uma diversidade de vozes sendo propagada e ouvida em todos os recantos do mundo. O rádio é o meio de comunicação em massa, que alcança amplos públicos, é crucial em situações de emergência, desastres e pandemias, como foi a do Covid-19. Sempre foi e continuará sendo um tradicional meio de informar, divulgar e levar alegria aos ouvintes.

Além de se adaptar às mudanças, o rádio promove interações significativas, promovendo debates, provocando e estimulando a população, empresas e o poder público para crescer e buscar o desenvolvimento. Difere, na maioria dos aspectos de redes sociais, pois busca unir e não segmentar a sociedade em torno de um bem comum. As rádios comunitárias ainda tem o diferencial de proporcionar a liberdade de gênero e expressão e ampliar o debate sobre todos os assuntos.

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