Um dia a saudade deixa de ser dor e vira história, para contar e guardar pra sempre algumas pessoas são sim eternas dentro da gente Rua América quase esquina da sete de setembro: este é o lugar. Um pequeno altar, singelos, mas certamente emotivas placas e faixas. Também estive por ali, fui assaltada naquele local, mas isto não me incomoda, foi encontrada a pessoa que fez o desfavor e me foi restituído o bem. Mas é só passar um breve tempo que logo chaga companhia. É a fé. E a capela de Virgílio Aleixo, em Corumbá, é pródiga em receber pessoas das mais variadas profissões e situações. A fé é um termo que implica e uma atitude contrária a dúvida e está intimamente ligada a confiança. Em algumas situações como problemas emocionais ou físicos, ter fé tem todo um significado especial que carrega esperança e mudança.
Quem passa por aquele local encontra um pequeno altar, placas, faixas de agradecimento e velas sempre acesas em sinal de uma fé viva e sempre presente. Há várias vertentes para sua real história. Todas elas cheias de tristezas e injustiças. No cemitério santa Cruz existe um túmulo que se atribui a Virgílio Aleixo com inscrição 1890 a 1912. Mas três versões são as mais fortes. A primeira, de que naquele local uma pessoa foi morta por engano e que nos primórdios do século pessoas faziam ali suas orações e eram realmente atendidas espalhando a lenda. Outra diz conta de que ele trabalhava como produtor rural e que vinha fazer comércio de leite, mas era pessoa muito humilde e muito honrada e por uma discussão banal por questões de valores, foi morto sem piedade. E a terceira, muito conhecida é a de que ele era um marujo que morava com a avó e que teve sua vida interrompida violentamente, mas que era capitaneada por um grupo de amigos por não querer participar de ações escusas, o que deixou mais trágica a sua história. Talvez hoje o que motivou a morte na seja tão importante. O que vale é que todos os dias, pessoas pelas mais diversas razões se ajoelham naquele local e tentam alívio aos seus desesperos pessoais.
Ele não foi reconhecido como santo pela Igreja, mas não faltam pessoas que agradecem o emprego, a cura de uma doença ou a uma reconciliação de um amor perdido. A Fé é de cada um e cada um tem no que acreditar, mas certamente que estas histórias cada vez mais precisam e devem ser valorizadas pelas pessoas. E isso, sempre vai ser um desafio para a ciência. A ciência pode prever, pode nos proteger e até certo ponto explicar diversas situações, mas nunca poderá competir com o poder da crença e da imaginação humana, mesmo na mais completa ausência de evidências. E o mistério sempre será testemunho eloquente da fecundidade do encontro entre fé cristã e a essência humana.
* Assessora Executiva