No último sábado (25), 35 alunos do curso Técnico em Agronegócio, do Senar/MS – Serviço Nacional de Aprendizagem Rural, tiveram a oportunidade de participar de uma visita a duas propriedades rurais, no município de Terenos, para entender na prática como funciona a gestão e administração eficientes de atividades rurais distintas: produção de piscicultura e bovinocultura de corte e leite.
Os anfitriões foram os empresários rurais, Simão Brum do Projeto Pacu que é uma propriedade especializada na produção de alevinos e o produtor Joao Perez Soler, da fazenda Duas Gazelas que desenvolve atividade de pecuária de corte e leite focada na alta performance genética. Os empresários foram unânimes em esclarecer aos visitantes que os componentes fundamentais para o sucesso de uma atividade de produção animal são: tecnificação, gestão, nutrição de qualidade e bem estar animal.
O encontro foi promovido pelo sindicato rural de Campo Grande que é um dos cinco polos presenciais existentes em Mato Grosso do Sul, totalizando 120 estudantes matriculados em duas turmas. A qualificação profissional de nível médio implantada em 2014 pelo SENAR Brasil, em parceria com a Rede e-Tec, oferece a possibilidade que os interessados em trabalhar no setor agropecuário se aperfeiçoem na gestão de propriedades rurais, por intermédio de qualificação semipresencial distribuída em 80% de aulas à distância e 20% presenciais.
O produtor rural e diretor do sindicato Wilson Iji, foi um dos responsáveis pela implantação do curso no polo da Capital e lembrou a procura dos interessados em conseguir uma vaga nos dois processos seletivos realizados até o momento. “Quando soube desta capacitação oferecida pelo Senar/MS não tive dúvidas de colocar nosso sindicato à disposição do Sistema Famasul. A primeira turma teve 80 alunos selecionados e a segunda 40, com uma concorrência acirrada, uma das maiores em todos os 64 Estados participantes no país”, revela.
Desenvolvimento contínuo – A empresa rural voltada à piscicultura está em funcionamento há 28 anos e se tornou referência nacional na produção de peixes para engorda que são comercializados no mercado nacional e internacional. O administrador de empresas e sócio proprietário, Simão Brum, explica que para conseguir os resultados apresentados na atualidade precisou buscar conhecimento, tecnologia e mercado externo. “O grande salto da empresa aconteceu quando desenvolvemos uma espécie de peixe da água doce, chamado Pintado Real, que já foi exportada para países como o Japão, Alemanha e Estados Unidos. Nossa produção anual chega a 3,5 milhões de quilos do espécime somada a 500 mil alevinos de Dourado e 30 mil Pirararas”, detalha.
Na avaliação de Brum a atividade é viável, porém em razão dos altos custos produtivos ainda necessita de muito incentivo governamental. “Meu negócio produz basicamente peixes que são vendidos e engordados por piscicultores de várias regiões brasileiras. Mato Grosso do Sul já foi referência na produção de peixes em cativeiro, no entanto, a falta de investimentos em pesquisa, incentivos fiscais e frigoríficos desmotivou muitos produtores a continuar e atualmente nossa colocação na produção nacional ocupa o 16º lugar”, reforça o empresário.
O advogado e produtor rural João Perez Soler é dono da fazenda Duas Gazelas e esclarece que há 25 anos começou a investir na produção de carne e leite priorizando a genética, nutrição e bem estar animal. A dedicação do pecuarista permitiu um modelo de gestão diferenciado e que já foi premiado por importantes entidades do setor pecuário. “Recebemos duas premiações do Show da Carcaça, realizado na associação Novilho Precoce (2014 e 2015), pela qualidade dos animais no abate técnico e temos certificação da associação brasileira de criadores de Girolando pela qualidade genética. Para chegarmos até aqui percorremos um longo caminho e posso afirmar que se o interessado não estiver disposto a mudar, melhor não entrar para o agronegócio, pois as mudanças acontecem numa velocidade incrível”, observa.
Soler acompanhou os estudantes por uma visita na qual explicou todas as fases produtivas da criação dentro da porteira e pontuou a importância de se produzir corte e leite com sustentabilidade. “Nossa propriedade é bastante arborizada, não temos pasto degradado e oferecemos água encanada e limpa em todos os cochos. Tudo isso pensando no conforto térmico que os animais precisam para se desenvolverem bem e visando a preservação do meio ambiente”, frisa o empresário rural que na ocasião acrescentou: “O planejamento estratégico é fundamental para se desenvolver uma atividade rural, pois, se não for bem feito pode comprometer a viabilidade do negócio. Atualmente temos 450 animais voltados a produção de corte e 400 para leite, porém, planejo em três anos aumentar minha produção leiteira de 1.200 litros para 5 mil”, conclui.
Planejamento futuro – O aluno João Carlos Alves da Silva é produtor rural em Terenos e cursa o 2º semestre do curso Técnico em Agronegócio. Ele considerou a visita técnica uma ótima oportunidade para vivenciar na prática o que tem aprendido no material didático do Senar/MS. “O curso mostra seu diferencial por proporcionar situações como esta, na qual conseguimos observar todo o conteúdo que estudamos no ambiente virtual e nas apostilas. Recebemos material de qualidade e orientações dos tutores presenciais que nos demonstram como é necessário ter uma visão global do agronegócio, analisando todos os setores envolvidos”, opina.
De acordo com a administradora rural, Maria Luiza dos Santos, a qualificação tem oferecido informações atualizadas que serão utilizadas no seu planejamento pessoal. “Sou empresária do ramo contábil e visualizei na capacitação do Senar/MS, a oportunidade de me preparar para realizar um desejo pessoal que é produzir ovinos para corte. Tanto que já fiz duas capacitações sobre o assunto e meu objetivo é mudar da cidade para uma propriedade a fim de iniciar este novo desafio”, revela.
O gestor da unidade de Inovação e Conhecimento do Sistema Famasul – Federação da Agricultura e Pecuária de MS e coordenador do curso Técnico em Agronegócio, Roberto Murillo pontua que as aulas práticas funcionam como um diferencial no conteúdo didático. “Procuramos oferecer aos alunos o máximo de vivência prática e este foi o segundo encontro prático, sendo que o primeiro aconteceu em uma escola rural para conhecimentos de técnica em produção vegetal. Acredito que os alunos solidificam seus conhecimentos na disciplina, visto que podem conhecer mais sobre o tema e tirar dúvidas com quem já possui bastante experiência. Só temos que agradecer aos anfitriões por sua boa vontade de compartilhar com o grupo e contribuir para a formação de futuros profissionais do setor agropecuário”, finaliza.